Sou morador da Tijuca. Especificamente, da Usina. Pra quem não conhece, um sub-bairro que o Alto da Boa Vista e a Muda (outro sub-bairro). Um pedaço de terra que virou sinônimo de horror por conta das favelas nos morros do Borel, Formiga e Casa Branca.
Farra do boi
As favelas estão pacificadas (Deus sabe até quando) e o bairro é bem aprazível, com temperatura amena (para os padrões cariocas, claro). Aos pouquinhos, vai voltando a ter vida, comércio reabrindo etc. Mas ainda é uma espécie de farra do boi.
O povo é mal educado e não é raro termos problemas com barulho de festas, muitos edifícios estão mal tratados por puro desleixo, há casas antigas abandonadas e andar nas calçadas é como uma espécie de gincana fugindo de cocos de cachorro que muitas vezes parecem bombas (até hoje não entendo qual a dificuldade das pessoas em levar um saco plástico para recolher sua sujeira e jogar no lixo).
O trânsito não é diferente e os sinais, na maior parte do tempo, são meros ornamentos. Quase tratados como luzes de Natal que piscam o ano inteiro. E como na maior parte da cidade, motoristas de carros fazem cagada. Mas vans e ônibus capricham, se superam dia a dia.
Os sinais
Na imagem acima, há três sinais marcados. O número 1 fica na esquina de Conde de Bonfim e Santa Carolina. Durante o dia, ainda há algum (pouco) respeito, mas à noite é o caos. Quem circula pela via principal, só para se for obrigado. Com sorte, diminuem a marcha. Pela transversal, os carros ainda param. Mas os ônibus avançam insistentemente. E ainda ficam ofendidos quando um pedestre atravessa à sua frente.
O número 2 é um sinal de pedestres que fica em frente a uma escola. Se não há alguém na beirada da rua pra atravessar, ninguém (ninguém mesmo!) para. De dia e de noite.
O número 3, esquina de São Miguel com São Rafael, também fica em frente a uma escola e a 40 metros de uma creche. E sofre do mesmo problema do segundo. Não há diferença entre carros, vans e ônibus.
Quase atropelamento
Tive um probleminha no número 2, na segunda-feira à noite. Depois do trabalho, saí a passear com Adriça e Joana. Como faço diariamente, parei na beirada da rua (se parar na calçada, ninguém te vê) e fiquei esperando o sinal fechar. E na hora certa, comecei a atravessar. E quando estava no meio da rua, lá veio o ônibus. Nem aí. Se eu estivesse distraído, teríamos ido os três pro beleléu.
Só pra constar, já vi a cena acontecer outras vezes, inclusive com crianças, e a única solução real é instalar radares em cada um dos sinais.
Resposta vazia
Como o ponto final era perto, fui até lá e reclamei com o fiscal que prometeu tomar alguma providência. Não sei se algo aconteceu. Também tratei de ligar para o 1746 (Central de Atendimento ao Cidadão) e fiz o registro. Ônibus da linha 604 (integração Usina – Metrô Saes Pena), numeral A50131, Auto Viação Tijuca, às 19h11 do dia 1º de abril de 2013, na rua Conde de Bonfim, em frente ao Colégio Regina Coeli.
Cinco dias esperando a resposta que chegou hoje. Resposta vazia como vocês podem ver abaixo, sem qualquer tipo de definição sobre o assunto, nenhuma providência específica.
Como vivo em uma área da cidade que não será afetada diretamente por nada relativo à Copa ou Olimpíada, nada vai acontecer. Como não morri atropelado, como a história não foi noticiada em grandes sites, jornais ou TVs, nada vai acontecer. Como a agência reguladora não faz seu trabalho (tai o metrô e as barcas que não me deixam mentir), nada vai acontecer. Como a CET-Rio é ineficiente, como vemos diariamente nos engarrafamentos da cidade, Porque o Rio – fora dos canteiros de obras para os grandes eventos – está abandonado. E continuará assim.