Uma das coisas que fazia por aqui era falar de música. E hoje o DJ acordou animado e separou 5 discos de soul-funk-r&b que vocês deviam ouvir. Pra sorrir, pra dançar, pra fazer o que der na telha.
E se eu posso dar um conselho não solicitado é o seguinte: ouçam os discos de ponta a ponta e na ordem em que foram feitos. Porque é assim, sem ficar pulando faixas de forma apressada, que entendemos os conceitos, as intenções. Divirtam-se
Shake it, The New Mastersounds (2019)
A banda de Leeds, Inglaterra, nasceu meio que por acaso no fim dos anos 90, quando o produtor e guitarrista Eddie Roberts organizava as noites em pubs locais. Hoje, o quarteto – Simon Allen, Pete Shand e Bob Birch, além de Roberts – já tem quase duas dezenas de discos lançados, entre discos de estúdio e ao vivo, coleções de remix e uma coletânea.
Nas 11 faixas de Shake it, além de arranjos ricos em progressões incríveis, também há as participações do vocalista Lamar Williams Jr. (filho do baixista do ‘Allman Brothers), do saxofonista Jason Mingledorff e do trompetista Mike Olmos, entre outros.
Back in Time, Judith Hill (2015)
Que voz!!! É isso o que há de mais importante a dizer sobre Judith Hill. Além disso, é filha da pianista japonesa Michiko Hill e do baixista Pee Wee Hill. Tem berço ou não tem? Com a voz e a formação que tem, não foi por acaso que antes de começar a lançar seus próprios discos, ela foi backing vocal de Michael Jackson e Prince. Só.
Seu primeiro álbum solo traz as canções da trilha sonora de Verão em Red Hook (filme de Spike Lee que recomendo fortemente). E Back In Time é o primeiro de canções originais. Produzido por Prince (de novo, só!). Com uma voz capaz de unir a ternura e a potência tradicionais das grandes cantoras negras norte-americanas, ela desfila (não é exagero, juro) pelas 11 faixas cantando tudo: soul, R&B, funk, hip-hop, jazz e gospel.
What We Got Together, Brother Strut (2016)
Imaginem que dois caboclos do Jamiroquai se juntam com uma pá de gente que já tocou com figuras como Van Morrison, Stevie Wonder, Sting e até Amy Winehouse. É fraco o elenco de referências? Pois essa é a história da Brother Strut (mais uma banda inglesa de funk e soul). Paul Turner (baixo), Frankie Tontoh (bateria), Rob Harris (guitarra), Sam Tanner (teclados e vocais), Karl Vanden Bossche (percussão) e Stevie Jones (saxofone/teclados) são os elementos que em 2023 completaram dez anos juntos com uma turnê que teve participações de Cory Wong (guitarra), John Thirkell (trompete) e a doce voz de Elkie Brooks. Um show que promete virar disco.
Por enquanto, falamos de What We Got Together, o título que provocava e entregava as (boas) intenções da turma. Afinal, o que esses caras seriam capazes de fazer juntos? Música muito boa, ora bolas. O disco já começa acelerado com Funk That Junk, passa pelo clima de reunião de amigos da faixa título e vai passeando por temas muito diferentes entre si, incluindo uma salsa digna das melhores gravações de Santana.
Hard Up, The Bamboos (2021)
Os caras começaram em 2000 com a formação padrão de soul e R&B: guitarra, baixo, bateria e Hammond. Hoje, é um mundaréu de gente, onze músicos e cantores que fazem um som sensacional.
Hard Up foi totalmente gravado em uma casa, em que a banda, produtores e técnicos ficaram internados até que o disco de comemoração dos 20 anos de carreira estivesse pronto. E no melhor clima de jam, os caras retomaram as bases do início, funk e soul raiz. Tudo pronto, turnê festiva agendada por toda a Austrália e a Nova Zelândia quando veio a pandemia.
Com tudo parado, os caras começaram a fazer gravações extras e novas canções foram sendo incluídas. E o resultado foi uma edição “De Luxe” com dois discos: um com as onze faixas originais e o segundo com seis extras, um EP. Por fim, a banda de Melbourne lançou Hard Up em maio de 2021 no Pacific Theatre. Além da voz rara de Kylie Auldist, Durand Jones , Joey Dosik e Ev Jones são os vocalistas convidados de outras três faixas.
Arcadia, The Buttshakers (2021)
O que canta a tal da Ciara Thompson é um desbunde. E a banda, compacta se comparada a outras do mesmo estilo (guitarra-bateria-baixo-trombone-saxofone barítono), é pra lá de excelente.
A moça que saiu do Missouri em 2008 pra se instalar em Lyon lidera o grupo que toca um soul e um funk mais cru, talvez até pela voz rasgada de Ciara. Resumindo, é música boa pra fazer o corpo mexer. E ele são muito bem conhecidos pelos shows que fazem tremer teatros, ginásios e festivais por toda a Europa.
Arcadia é o terceiro e último disco lançado por eles. E em dez faixas, é possível ouvir a fusão entre guitarras secas e riffs marcantes do rock de garagem com o groove e os metais do soul pré-Motown. Além disso, a produção do disco contou com uma seção de trompas, um toque de slide guitar e um órgão que oscila entre cortinas psicodélicas e tons gospel. De quebra, é a primeira vez que Ciara é acompanhada por backing vocals que emolduram um disco imperdível.
Depois vocês me contam se ouviram e gostaram. Eu já tenho mais alguns discos separados aqui pra novas edições. E se quiserem sugerir, agradeço penhorado. Adoro conhecer música.