Quando discordo de alguém, a última coisa que faço é tentar desqualificar esse alguém. Tento entender seus argumentos e, então, rebatê-los. Seja com opiniões ou informações. É que fui educado para respeitar as pessoas e o direito de cada um à sua própria opinião. Mesmo que eu ache ridículo ou daí pra pior.
Agora, vejam o que estão fazendo com Rachel Sheherazade, a comentarista do SBT. Até a demissão dela e processo por apologia ao crime estão sendo “exigidos” por aí. Por quê, ora bolas? Porque ela tem uma opinião diferente do que é bonitinho?
Leiam o que ela disse sobre o caso do moleque que foi preso nu a um poste no Rio, depois de levar uma baita surra e até perder um pedaço da orelha.
O marginalzinho amarrado ao poste era tão inocente que, ao invés de prestar queixa contra seus agressores, preferiu fugir antes que ele mesmo acabasse preso. É que a ficha do sujeito está mais suja do que pau de galinheiro.
No país que ostenta incríveis 26 assassinatos a cada 100 mil habitantes, que arquiva mais de 80% de inquéritos de homicídio e sofre de violência endêmica, a atitude dos vingadores é até compreensível. O Estado é omisso, a polícia é desmoralizada, a Justiça é falha. O que resta ao cidadão de bem que, ainda por cima, foi desarmado? Se defender, é claro.
O contra-ataque aos bandidos é o que chamo de legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite. E, aos defensores dos Direitos Humanos, que se apiedaram do marginalzinho preso ao poste, eu lanço uma campanha: faça um favor ao Brasil, adote um bandido.
Nos dois primeiros parágrafos, o que foi que ela disse diferente de mim, que sou um completo desconhecido? Que é fácil entender o que houve e por que houve? Ora, é claro que é. Eu, por exemplo, sou completamente contra a justiça pelas próprias mãos. E ela? Nem isso fica claro no texto. E mesmo que fosse (ou seja) a favor, ter opinião é crime? Façam-me o favor.
E o seu último parágrafo, será que eu concordo? Não. Essa história de legítima defesa devolvendo a violência, eu chamo de barbárie. Mas ela tem o direito de pensar assim e dizer. E isso não dá a ninguém de fazer campanha contra a moça, pretendendo calá-la e acabar com a carreira e até com a vida da moça. Srs, todo mundo tem o direito de pensar diferente de nós e todo mundo tem o direito de dizer o que pensa. E, simplesmente, dizer o que pensa, não é nem nunca foi apologia a crime nenhum.
E enquanto está todo mundo gritando contra uma jornalista que disse o que pensa, perde-se tempo em cuidar do que se deve. Porque só vai piorar. E muito. Porque eu não tenho dúvidas de que a esquerda-caviar-politicamente-correta, que adora fazer discurso pelos direitos humanos, vai continuar gritando a favor do lado errado.