Duas perguntinhas

Constituição Cidadã. A nossa constituição de 1988 é cidadã porque apresenta pontos essenciais à manutenção e ao fortalecimento da democracia, protegendo os interesses do povo brasileiro contra o arbítrio, o casuísmo e o autoritarismo. Não é por acaso que a igualdade, a liberdade, a justiça e a alternância de poder são cláusulas pétreas.

E, então, chegamos a Elon Musk e seu chilique, siricotico, ataque de pelancas, chamem como quiserem.

A gente realmente sabe o que é liberdade de expressão?

É um princípio essencial que sustenta a democracia e promove o progresso social. Ok, definição básica e objetiva. Mas… Sim, há muitos “mas”. Porque, como diria o filósofo Mussum, “noé baguncis não!!!”.

Nesse contexto, ela é entendida como o direito de expressar opiniões, ideias e pensamentos sem censura ou interferência governamental ou privada. (…) No entanto, a liberdade de expressão não é um direito absoluto e enfrenta desafios e limites em diferentes contextos, como questões de incitamento ao ódio, discurso de ódio e desinformação.
(Brasil Escola – brasilescola.uol.com.br)

Sim, há formas diferentes de entender e lidar com o tema pelo mundo, especialmente nos EUA. Mas também é necessário entender que o moço mimado não está preocupado de verdade com o assunto. A questão é (sempre é) econômica. Ou, se preferir, como posso levar vantagem?

Por que é fácil dizer isso sobre rapaz? Porque, só um exemplo, uma das gigafábricas da Tesla fica na China, onde a internet sofre controle ferrenho do estado. Sites como Google, Facebook e – é verdade esse bilhete – X (Twitter, vocês sabem) são integralmente censurados. Este último, desde 2009, 15 anos.

Mas a China é um ponto central pra Tesla, pela proximidade da rede de fornecedores e a mão de obra barata. Então, o Twitter (X, vocês sabem) e a liberdade de expressão não são preocupações dele na terra da muralha. Hummmm…

Minha sugestão: de modo estrutural e institucional, deixem a justiça resolver o problema. De modo pessoal, façam o simples. Quem bate palmas pro sujeito e pra turma que ele apoia, continua usando sua plataforma. Quem discorda dele, passa a usar Threads. Ou fica menos tempo usando essas redes, mal não vai fazer.

Então, ao invés de respostas, vou deixar aqui duas perguntinhas:

  1. Por que será que pessoas como Elon Musk (ele é o mais barulhento, mas não é o único) apoia gente como Trump e Bolsonaro – que democratas já está mais do que provado que não são?
  2. Por que será que pessoas que acreditam em mamadeira de piroca e pisca-pisca de celular pra falar com E.T., e batem continência pra pneu apoiam gente como Elon Musk?

Grana, bufunfa, patacos, mangos, bolada, dindim

Sim, ando pensando muito em dinheiro. Não, não o tanto que preciso pra colocar a vida em dia. Não me sai da cabeça a quantidade de grana que é necessária pra ter salvo-conduto na vida.

Não faz muito tempo, semanas, que ficamos muito putos com o fato de Daniel Alves ter pago, primeiro, uma multa pra diminuir sua sentença e, depois, uma fiança milionária pra ficar em liberdade. Gritamos e esperneamos, eu inclusive, que a Espanha botou preço no estupro…

Vamos combinar né gente, nada de novo nissaí, talquêi. E a Espanha nem é exceção.

Outra caso, agora de dias: Fernando Sastre Filho. O sujeito que matou um motorista de aplicativo com seu carro milionário, a cerca de 130 km/h, fugiu do local sem prestar socorro, se apresentou na polícia no dia seguinte, foi liberado de boa. Sim, é bom lembrar que,  independente do resultado de um eventual julgamento sobre culpa ou dolo, ele é um homicida. Mas demoramos um tantinho pra ligar nome à pessoa né. Porque as manchetes falam em empresário, nos contam que “o Porsche que bateu…” (como se andasse sozinho), já sabemos até quanto custa seu IPVA e que ele não tem seguro.

Só fiquei imaginando se, ao invés de um empresário branco em um carrão, tivesse sido motorista negro em uma van que tivesse provocado o acidente. Como teria sido o tratamento dispensado nessa hipótese? Basta olhar com calma para o massacre dos últimos meses na baixada santista que a resposta aparece.

Mas esse caso também não tem nada de novidade né. Vocês lembram do Thor Batista e do ajudante de caminhão que ele atropelou (e matou) na Rio-Petrópolis, Wanderson?  Pois é, houve alguns acordos, mas que sempre se resumiram a dinheiro, cascalho.

E como não se trata só de morte e violência, há muitos outros casos famosos pelo mundo, como o casal de irmãos Shinawatra, da Tailândia, numa boa em Dubai; Josph Lau, de Macau, numa ótima em Hong Kong; o chinês Guo Wengui, tranquilo nos EUA; o brasileiro-libanês Carlos Ghosn que vive em paz em Beirute. Sem falar na turma da CBF que não pode nem pensar em cruzar qualquer fronteira, mas vive nababescamente no Brasil. E o pessoal do Flamengo, dirigentes que deveriam ser responsabilizados pela tragédia do Ninho…

A lista, como sabemos, é infinita. E a prática não começou ontem. Todo mundo sabe que o dinheiro, o quanto você tem, sempre livrou todo mundo. Ou quase, pelo menos. Tipo o recheio da sua carteira dizendo se você tem ou não direito a habeas corpus preventivo.

Não sei vocês, mas em mim essas coisas doem muito. Ah, como dói…

Porque sujeito comum que sou, fico sonhando em ter metade, um terço, um décimo do cacau, dos caraminguás que essa turma esconde no cofre, só pra resolver dívidas, ajustar a saúde, cuidar das minhas filhas como elas merecem e ajudar mais uma pá de gente.

Mas aí, daqui uma semana, tem uma confusão nova, algum escândalo inédito, a bagunça mais barulhenta dos últimos dias, e já não lembramos de mais nada. E o baile segue…

O que não pode ser, mas é

Hoje passei pra contar a história de uma multa que não deveria nem existir. Mas, como diria o filósofo Capitão Nascimento, “o sistema é foda!” E, de acordo com dois guardas municipais com quem conversei, não é confiável.

Daqui, resta a torcida (ingênua e tênue) de que a Ilustríssima Sra. Dra. Maína Celidonio, secretária de transportes da cidade do Rio de Janeiro, e o prefeito Eduardo Paes tomem conhecimento do ocorrido. Duvidodó, mas vai que… Ao início, pois.

No dia 9 de janeiro de 2024, minha cônje, namorida, companheira etc. recebeu a notificação de uma infração de trânsito cometida por mim, no dia 25 de dezembro de 2023, enquanto transitava pela nada bucólica Rua São Francisco Xavier, com minha irmã e minhas filhas, para o almoço de Natal. No mesmo dia, por meio de aplicativo, ela me nomeou como o real infrator e eu aceitei. Mas qual não foi minha surpresa ao identificar a infração cometida? Vejam as imagens.

Fui multado por transitar em uma faixa exclusiva para transportes públicos (ônibus etc.) em um dia em que a referida faixa não é exclusiva. Ou Natal não é feriado?

Aí você pensa: “Ah, moleza, erro técnico, fácil de resolver”. E foi nesse momento que o sistema, aquele é que é foda, sambou na cara da sociedade. Na minha cara.

Por vários dias, pelo passo a passo do portal Carioca Digital, eu era enviado para o Radar. Primeiro, a multa não aparecia. Depois, o condutor (apesar de eu ser indicado como real infrator) não era identificado. E por fim, o sistema estava fora do ar e não respondia mais nada. Até que chegou o prazo (deadline para os mais novos) para realizar a defesa prévia. Me dirigi à ao posto do Detran e à Região Administrativa de Vila Isabel, para buscar orientações. E fui encaminhado para a RA do Méier (que fica no Engenho Novo), onde poderia realizar os procedimentos presencialmente.

Ao chegar lá, qual não foi minha surpresa. Ao ser atendido por um rapaz até solícito, fui informado que era ali mesmo, mas que ele não conseguia fazer nada porque estava sem impressora e o sistema estava fora do ar. “Talvez você consiga em Irajá…” Pelo horário e circunstâncias do dia, nem tentei ir até lá, não havia tempo suficiente.

Tentei, de novo, pelo Carioca Digital, encontrar um caminho. Mas não encontrei orientações sobre como proceder, quais são os passos a partir de agora. O que se ouve por aí é terrível. “Agora só com despachante”, “Tem que arrumar advogado”, “Vai custar uma fortuna”.

Tudo isso por uma multa que não deveria nem existir. E agora voltamos aos GM com quem conversei. Um deles me disse claramente: “Não ande nessas faixas nem acredite nessas placas de sinal de trânsito que não funcionam de madrugada. Já tenho quase dois mil de multas pra pagar.” O outro, ao lado, completou: “Não mesmo, o sistema não é confiável. Fui multado no dia 3 de janeiro às duas e pouco da manhã. Tava lá a placa de que não tem multa das 22 às 6h. Agora tenho que pagar essa bomba”.

Claro que não vou citar seus nomes né… Então, além do desabafo, a história serve como aviso para os amigos. E se alguém tiver alguma dica ou forma de me ajudar, agradeço penhorado.

O começo da história

A depressão é uma doença (acho que hoje todo mundo já entende isso né) crônica, provocada por uma disfunção bioquímica do cérebro. (Muito) Grosso modo, me disse um psiquiatra, é como uma inflamação do cérebro. E quando o sujeito está em crise, ou seja, com a caixola muito inflamada, ela simplesmente não funciona. E se ela não funciona…

Fui diagnosticado em 2014, depois de resistir muito à ideia de que era esse o meu problema, de que deveria procurar um médico. Quando finalmente cheguei ao consultório, eu já estava em crise – acreditem – há cerca de dois anos. Com o devido acompanhamento, você aprende a viver e identificar o que pode disparar suas crises, e como lidar com todos esses cenários.

Mas, mesmo o devido acompanhamento, não o livra de fazer cagadas. E vou lhes contar algo: eu capricho.

No texto anterior, disse que o processo que explodiu em 2021 foi iniciado em 2019 (tinha escrito 2018, mas já consertei). Na verdade, foi mais ou menos assim: 2017 chegando ao fim com mais um período de desemprego e eu aos 44 anos. Eis que surge a oportunidade de criar algo, abrir minha própria empresa. Comigo, dois sócios: um amigo de mais de 30 anos – daqueles que, apesar dos hiatos da vida, se frequentam as casas, famílias, filhas – e um seu amigo, também, de mais de década.

Erro 1: Não seja uma criança de 5 aos 45

“Amigos, amigos. Negócios à parte.” Sabedoria popular não seria sabedoria se não fosse, óbvio, sábio. A questão sempre será a interpretação e, apesar de tudo, eu jamais teria outra empresa com um sócio que não fosse amigo. A firma andava devagar, mas andava. E estava sob controle, contas em dia etc. Ou deveria.

É claro que nem eu nem ninguém tem culpa se um outro sujeito é desonesto e mentiroso compulsivo. Mas se você tem uma empresa, lida com clientes e quer “brincar” de ser adulto, não pode confiar em ninguém de olhos fechados, sem controlar tudo de perto. Mesmo que você conheça o tal sujeito há mais de 30 anos e tudo o mais que já contei lá em cima.

E ao misturar a pancada prática com a destruição dos afetos envolvidos, é claro que deu merda.

Erro 2: A vida não é um filme no velho oeste

Ao abrir uma empresa, é necessário se preparar para a possibilidade do fracasso, claro. Tinha me programado para um prazo de definição de dois a dois anos e meio, ou engrena ou encerra, essas coisas. Racionalmente (e teoricamente), tudo lindo.  Mas era eu.

Idiota e emocionalmente, não fui capaz de administrar nada. Dadas as minhas circunstâncias e os meus medos, além do cenário ao redor, o Brasil apontando cada vez mais para o sucesso (precisa explicar que contém ironia?), encarei tudo aquilo como a bala de prata da minha carreira. Aí, quando deu errado, eu desmoronei.

Erro 3: O Exército de Um Homem Só é apenas um livro muito bom

Toda essa merda explodiu entre março e abril de 2019. E a verdade é que nem posso reclamar da sorte, pois pouco tempo antes eu havia sido convidado para um projeto que duraria até o fim do ano. Ao menos tinha um trabalho que, além de salvar alguma grana, ainda ajudava a mascarar o problema. Só pra mim, claro.

Porque quem me conhece de verdade e estava ao meu redor (inclusive no trabalho) sabia que havia algo errado e tentava acessar o problema, mas eu dava um jeito de escorregar das conversas. Masculina e estupidamente, acreditei que seria capaz de lidar com e resolver tudo sozinho. Mas qual a chance disso dar certo? O Exército de Um Homem Só é apenas um livro muito bom (e uma música ruim dos Engenheiros), mas nem Scliar arriscou fazer essa maluquice funcionar.

Toda essa história, e todos esses erros, foram os pontos de partida da crise que ainda vivo. De quebra, fez surgir uma espécie de nuvem negra que pairou sobre mim durante todo esse período. E quanto mais o tempo passava, mais fechado ia vivendo, e quando a merda toda veio à tona, trouxe uma quebra de confiança que quase pôs fim ao meu casamento. E a tal nuvem só foi dissipada em novembro do ano passado, com a ajuda (ora, vejam só!!!!) do meu pai.

No dia seguinte a assinar os documentos que me livraram definitivamente da empresa, tive um piripaque no coração. Coincidência, claro. Mas isso é outra história que já já eu volto pra contar.

Continuem se cuidando. Por favor.

17 de março de 2021

Ontem, quando eu e Flávia, minha conge (taí uma palavrinha ótima que foi agregada ao léxico nacional, né não?), assistíamos a uma aula de escrita criativa, o professor falou de “Torto Arado”, só o livro mais vendido de 2021. Confessei, então, que até ela falar comigo sobre o livro (nem lembro quando, mas não fazia muito tempo não), eu jamais tinha ouvido a respeito. Tampouco sabia quem era Itamar Vieira Junior.

Depois dos olhos esbugalhados, a boca aberta, outras caretas e muitas interjeições de espanto, ela disse a frase que – aleluia!!! – me deu o clique para vir escrever este texto (provavelmente o primeiro de alguns) que ameaço começar a tanto tempo, mas sigo procrastinando como todo o resto em minha vida.

“Mas também, você passou boa parte do ano fora do ar. Nem sei se já aterrissou de verdade…”

17 de março de 2021. Não acredito ser data que esqueça tão rápido não. Saí de casa logo pela manhã, fui buscar meus óculos. Na volta, o caldo entornou. Com o coração disparado e a sensação de que o ar não entrava, parei algumas vezes pelo caminho, em cantos afastados das calçadas, para baixar máscara e “tentar” respirar. Quando cheguei em casa, não lembro como contei o que houve, mas me escorava tonto nas paredes e me enfiei sob o chuveiro frio, onde fiquei por quase meia hora, a tentativa de reequilibrar tudo.

Consegui um atendimento de emergência, o que naquele momento em que a pandemia apertava o cerco mais uma vez, foi uma teleconsulta com um psiquiatra paulista. Dos bons, por sinal.

Mesmo com o devido acompanhamento, com toda a estrutura em casa, com todo o apoio da moça e mais uma ou duas pessoas que sabiam o que acontecia, eu praticamente vegetava. E foram pelo menos quatro, cinco meses assim.

Pelo menos quatro, cinco meses em que eu – literalmente – fugi de tudo e todos. Não respondia mensagens, não atendia o telefone. Não fazia nada além do mínimo mínimo mínimo burocrático obrigatório.

O maior problema, no entanto, é que você não vive assim, não age assim porque quer, porque decidiu. Você, simplesmente, não consegue estar de outra forma. Qualquer ideia, qualquer desejo, qualquer vontade, qualquer movimento, qualquer… tudo faz sua cabeça ou seu corpo ou os dois doerem, seu peito apertar, seu coração disparar, sua respiração parecer não ventilar. A vista nubla, você paralisa.

É físico! E sim, isso mesmo, foram quatro, cinco meses assim. E ela tem razão, até hoje ainda não pousei mesmo. Ainda não fiz um terço do que devo: ligar para pessoas, recuperar ideias e projetos, fazer germinar e deixar crescer os novos, me ver capaz de viver-reviver relações e ações de forma plena.

Dois dias antes da implosão que vivi, no dia 15, fui demitido. Ainda que as circunstâncias tenham sido (muito) recheadas de incoerência e hipocrisia – tanto que as pessoas que faziam os discursos lindos jamais tentaram contato –, a demissão não foi a causa, apenas o disparador. Porque passei esses tais dois dias acelerado, cabeça a mil por hora, fazendo coisas como atualizar currículo e enviar mensagens, juntando documentos e avisando pessoas importantes, e pensando – claro – em como arrumar trabalho novo em plena pandemia, pensão, filhas, contas… Como disse, o disparador.

O processo, como um todo, já tinha começado em 2019, mas isso aqui já está imenso. Então, já já eu volto pra contar outra parte da história.

Cuidem-se.

Espelhos e superficialidades

Como é bom falar sobre espelhos. E podemos começar com Rubens Ricupero. Lembram dele, ministro da Fazenda ali por 1994 e que foi pego por um sincericídio nos bastidores de uma entrevista que daria a Carlos Monforte e que, por azar (dele, claro) foi captado por parabólicas pouco antes de entrar ao vivo, não lembro se no Jornal Nacional ou da Globo.

Eu não tenho escrúpulos. O que é bom a gente fatura; o que é ruim, esconde.

Pois bem, vivemos no país do “agora vai”, de ruptura em ruptura, de salvador da pátria em salvador da pátria, de mito em mito. Até que chegamos ao atual. Até um pombo seria melhor que ele, sabemos disso. E também sabemos as razões disso.

Mas lembrem-se que o objetivo é falar dos espelhos e da frase brilhante do ex-ministro.

O amigo Mario Leme, há alguns dias, disse aquele bom e velho óbvio ululante que, de tão óbvio, teimamos em não ver. Mesmo quando vemos.

Lula Livre não quer ser Lula Livre porque com Lula Livre não há Lula Livre.

Voltemos aos espelhos, pois.

Eliane Brum tem um texto brilhante. E escreveu trocentos artigos sobre o mito, todos desmontando o mito, todos (os que eu li) com muita razão. E todos compartilhados feericamente por muitos dos amigos que compõem minha bolha. Menos o último. Será por quê?

É da essência do maniqueísmo apagar as complexidades. Num país polarizado, o maniqueísmo serve aos dois polos. Ou é todo o mal, ou é todo o bem. (…) Nas entrevistas que Lula tem dado para preparar sua possível saída da prisão, ele deixa claro que seguirá apostando no fortalecimento do próprio mito.

Cliquem aqui e leiam o artigo. Inteiro. Até é sobre Belo Monte. Mas é sobre algo muito mais profundo que a maldita usina. E vamos enfiar nas nossas digníssimas cabeças, esses belos enfeites que balançamos sobre o pescoço: enquanto seguirmos na superficialidade, não chegaremos a qualquer lugar, seguiremos estacionados – como numa espécie de dimensão paralela – numa eterna Sucupira.

Até um pombo…

Em tempos onde tudo se filma, se grava, se fotografa e se transmite, é muito raro conseguir desdizer algo flagrado. Especialmente quando é uma posição oficial e assumida.

O vespeiro que o ministro da (des)educação se enfiou – e com ele, o (des)governo – é, no mínimo, curioso. E o presidente, útil e idiotamente, colabora para piorar, como sabemos.

Sim, o ministro disse que cortaria das universidades que fazem balbúrdia. Sim, o ministro (e o presidente) dizem e insistem que as carreiras de humanas não servem pra nada (ou quase nada). Sim, o ministro e o presidente insistem que a universidade pública não entrega nada, apesar de ser responsável por mais de 95% da ciência produzida no país. E apesar de tentar, o presidente não nos deixa esquecer das ligações da família Guedes com os maiores grupos privados de educação do Brasil.

Tentar nos convencer que corte não é, chamando-o de contingenciamento, soa – no mínimo – infantil. Justamente por já termos visto isso em governos passados. E ao contrário dos que ainda tentam defender isso tudo que está aí, houve grita e não foi pouca. Só no governo petista (que eles adoram citar, quase como tara) foram quatro grandes greves: 2003 (59 dias), 2004 (25 dias), 2005 (112 dias) e 2012 (125 dias). Se falarmos dos anteriores então…

É gente, não esqueçam que a educação nunca fez parte dos projetos de poder deste nosso Brasil varonil. Um ou outro arremedo de ação, para inglês ver, no máximo. Vocês sabem né, gente que pensa, gente que tem conteúdo, dá um trabalho danado… Voltemos ao que importa agora.

Os mais de 30% cortados, que – depois da balbúrdia – foi estendido a todas as universidades e outras instituições desde a base (Pedro II é um exemplo, apenas), são do custeio. Não tem nada a ver com salários, por exemplo, rubricas completamente diferentes. Esse é um dinheiro que paralisa as instituições, pois impedidas de resolver seu dia a dia com fornecedores, reparos etc.

De quebra, nessa conta, não entram Fundeb, Fies, Capes, CnPQ etc. É isso mesmo, só pra deixar claro que o facão passou em várias esferas, da base à pesquisa. Mas vamos falar agora só das universidades públicas que hoje têm cerca de quatro milhões de alunos.

Diz o censo escolar de 2018 que as escolas públicas têm cerca de 39,5 milhões de estudantes matriculados, enquanto as privadas contam com cerca de nove, pouco mais. Desses quase 50 milhões de estudantes, quantos você conhece que sonham em entrar na Estácio, Veiga e congêneres espalhadas pelo país?

Os pais e responsáveis que escreveram cartas e criaram abaixo-assinados contra as escolas particulares que aderiram ao movimento de ontem querem suas “crianças”, olhando para o Rio, na UFRJ ou na Estácio? Na UFF ou na Veiga? Na Unirio ou na Santa Úrsula?

Sim, todo mundo sabe que o país está quebrado. E sim, sabemos como chegamos a isso. Mas o que o desgoverno fez nesses quatro meses e meio pra melhorar isso? Nada. Pelo contrário, fatos e factoides só colaboram para piorar o quadro, deixando todo mundo inseguro internamente e fechando portas externas que levaram décadas para se consolidarem.

Sim, sabemos que não há dinheiro suficiente pra tudo. Nunca vai haver. Mas, além de manter os pintos limpos e caçar fantasmas, quais são as prioridades? Qual é o plano – além de ridicularizar nossa política externa, liberar venenos para a agricultura, armar a população, destruir o meio ambiente e proteger milicianos – para mudar “tudo isso que tá aí, talquêi?”

Visões de mundo e ideologias diferentes constroem coisas. Delas, podemos e devemos discordar, discutir, tentar melhorar. Mas o que fazer com um governo que só quer saber de destruir e matar, nunca criar, consertar e evoluir? Até um pombo seria melhor. E esse é o busílis.

A vasectomia e uma coleção de foda-ses

Lá vem textão. Porque vou contar pra vocês a história da minha vasectomia.

Todo o processo começou no meio do ano. Marquei uma consulta com um urologista conveniado no plano da firma pra saber e tentar realizar o procedimento que ficou conhecido entre os mais chegados como “cortar as bolinhas”.

O médico explicou tudo direitinho, como funcionava etc., mas disse que eu teria que entrar em contato com o plano porque eles tinham o programa de planejamento familiar e que tudo era feito por eles. E lá fui eu.

NotreDame Intermédica. Guardem bem.

Liguei pro plano e descobri que tinha que assistir duas palestras, uma em cada mês, e depois cumprir as formalidades que a tutela burocrática do estado impõe. Até testemunha tive de apresentar. E mesmo depois de assinar os papeis, descobri que só poderia realizar o procedimento pelo menos 60 dias depois. Vai que eu mudo de ideia, né não…?

Quem me contou essa novidade foi o doutor Bernardo Geoffroy em nossa primeira consulta. Nesta primeira, na rotina de consultas a jato dos dias de hoje, apenas fez o pedido de exames. Na segunda, do mesmo jeito, apenas olhou os exames, preencheu meia dúzia de papéis e me avisou que mandaria todo aquele material para que tudo fosse aprovado pelo plano (apesar de estar realizando todos os procedimentos, desde as malditas palestras, pelo plano) e que, então, eles me ligariam em até 10 dias para fazer o agendamento.

Duas semanas depois e sem nenhum contato do plano, resolvi ligar para saber como andava e descobri que não havia nada registrado no sistema, que a única forma de resolver seria agendar uma nova consulta.

Só pra registar: assinei os papeis em 15 de agosto, ou seja, estava liberado a partir de 15 de outubro. Mas com essa primeira confusão (isso, a primeira), já estávamos em novembro quando houve a terceira consulta. Nela, me disse que eu não era o primeiro paciente que aparecia com o mesmo problema.

E foi nessa consulta que, finalmente, soube que estava agendado para o dia 13 de dezembro, no Samci da Tijuca. Deveria me apresentar às 8h e o médico que me operaria seria o doutor Leandro Vale. Isso mesmo, seria operado por alguém que não conhecia, nunca tinha visto. Nem ele a mim. Ó que maravilha.

A partir daí, organiza-se a vida no trabalho, na família etc. A Flávia, mais que doce companheira, também organizou sua vida para me acompanhar.

Aí, no dia 11 de dezembro, às 8h, recebo um SMS da Intermédica mandando entrar em contato. Achei que fosse alguma confirmação de praxe sobre o procedimento, orientações gerais e tals. E descubro que, de véspera, a cirurgia foi antecipada para o dia 12 por conta da agenda do médico. Esse foi só o primeiro foda-se.

Quando perguntei sobre as alternativas, a resposta foi a seguinte: aceitar ou não se apresentar e reagendar. Taí o segundo foda-se. Para os dois primeiros, a certeza de que só a agenda do médico é importante e que nós, reles mortais, e nossas vidas que nos adequemos.

No dia 12, lá fui eu para o Samci às 8h da manhã e, quando cheguei, soube que eu não estava no mapa de cirurgias do dia:

– sinto muito, isso é comum com os pacientes do doutor Leandro.

Apenas depois de quase arrumar um rebu é que a mocinha da recepção resolveu se mexer e me encaminhar para a mocinha que cuida das cirurgias. Ela, então, descobriu que eu deveria estar no Quali Ipanema. Não é ótimo? Por que o corno que me atendeu quando liguei, não avisou que tinha mudado a data e o hospital? Taí o terceiro foda-se.

Com todo o trânsito do horário, e depois de uma pequena fortuna de táxi, chegamos lá às 9h. Me apresentei, entreguei documentos, respondi algumas perguntas e ganhei uma pulseirinha. E como cheguei “atrasado”, sabia que estava no fim da fila. Sim, porque não tinha hora marcada pra cirurgia não, era por ordem de chegada. E o tempo passa…

Lá pelas tantas, fui perguntar se havia alguma previsão pra ser chamado e a mocinha me disse o seguinte:

– O médico nem chegou ainda. Eles mandam todo mundo chegar às 8 pra cadastrar. Quando o médico chega, é só chamar e pronto. Aí é rapidinho… Taí o quarto foda-se. Continuem contando.

O médico, aquele que ia cortar minhas bolinhas mesmo sem me conhecer, chegou às 11h, quando já estava há 12 horas em jejum. E sim, essa foi uma orientação. Chegar às 8 em jejum de ao menos oito horas. Jantamos às 23.

Fui chamado, finalmente, às 14h47. Fui levado para o centro cirúrgico em algum momento entre 15h30 e 15h40. Às 16h45 avisei à minha moça que já estava acordado e de volta no quarto.

Pouco tempo depois, recebi uma enfermeira com uns papeis na mão. Entre eles, uma receita com algumas recomendações.

– Legal. E quando o médico passa pra falar com ele?

– Ele não passa não, tá tudo aí.

– Não tá não, tenho um monte de perguntas pra fazer.

– Mas ele não passa não…

Taí o quinto foda-se. E continuo sem olhar na cara do sujeito que cortou minhas bolinhas.

Entre as recomendações, está “agendar revisão”. Assim mesmo, sem prazos ou nada mais. Liguei agora há pouco para a Intermédica.

– O doutor Bernardo só tem agenda para 14 de janeiro

– E eu vou ficar um mês sem a revisão da cirurgia? Tem algum outro médico que possa me atender.

– Revisão cirúrgica é só com ele mesmo.

– Então como é que eu faço? Um mês pra fazer revisão?

– O último dia que ele atende é segunda-feira, 17 de dezembro. Mas a agenda está muito cheia. Posso tentar um encaixe e se conseguir, nossa central avisa.

– E eu vou ficar um mês com os pontos? Esperando infeccionar etc?

– Não, pra tirar os pontos o senhor pode ir até nosso centro de saúde e procurar a equipe de enfermaria. Se algo estiver errado, se for necessário, as enfermeiras chamam o médico de plantão para atende-lo.

– É sério isso?

– O senhor pode ir entre 8 e 10h35, que é o horário em que o Dr. Bernardo estará atendendo. Aí, se for necessário, as enfermeiras o chamam para vê-lo.

Entenderam? A agenda do cara está lotada porque ele só atende por duas horas e trinta e cinco minutos (por extenso mesmo, pra ninguém esquecer). 

Sinceramente, perdi a conta dos foda-ses. A Intermédica está de parabéns por todo esse atendimento exemplar de sua equipe, né não?

Por que #agoraéHaddad

Sobre o texto anterior, recebi (de forma privada) duas respostas – como posso dizer…? – interessantes.

“Pronto Sirelli, já pode votar no PT. Foi de Ciro só pra disfarçar”.

“Mas os erros do PT só começaram a aparecer depois de 2004”.

Desde a minha primeira eleição, votei no PT. Especialmente, claro, no Lula. Até 2002. Mais que isso, era militante mesmo, de andar com estrela no peito, de vender materiais pra ajudar a arrecadar etc. Até 2002. Por quê?

Porque depois de dois anos de governo, já havia o cadáver de Celso Daniel, já conhecíamos Waldomiro Diniz e, na preparação para as eleições de 2004, abriu o leque de alianças que deu no que deu. O cheiro do ralo já estava instalado.

Sim, os “erros” do PT só apareceram depois de 2004 se falarmos do mensalão e tudo o que soubemos depois. O que, convenhamos, não foram “erros”. Foi uma cagalhopança do tamanho do Brasil, pra dizer o mínimo. E sim, meteram a mão. Como “nunca antes na história destepaiz”. Depois de passarem décadas dizendo que tudo estava errado e fariam exatamente o contrário.

E, por enquanto, nem vou entrar no mérito do perfil hegemônico que assumiu, da busca incessante pelo poder a qualquer custo, das sabotagens a qualquer um que não se aliasse, entre muitas outras coisas.

Então, como já disse um dia, é bem fácil explicar o ódio ao PT: nós fomos muito enganados.

E como podem ver, sei muito bem do que se trata o PT. “Ah, mas eles fizeram isso e aquilo…”. Pois é, todo governo faz alguma coisa boa. Eles fizeram algumas mesmo. Mas não compensa, não justifica, aquele chavão de fins e meios…

E não, não disfarcei nada. Das opções dadas, acredito que a melhor era o Ciro, apesar da Kátia Abreu. Mas gostaria mesmo é de ter votado no Eduardo Jorge.

Mas, então, por que cargas d’água vou votar em Haddad? Porque a alternativa a ele é inimaginável na minha consciência. Por tudo o que escrevi no texto anterior e muito mais.

Porque, se necessário, contra o PT, o país consegue lidar por meio de suas instituições e leis. Mesmo que aos trancos.

E, basicamente, porque tendo estudado um bom bocado de história, tenho a percepção de que nossa frágil democracia está em risco com o outro candidato. E não pelo que vai acontecer, mas pelo que já está acontecendo. E não dá pra achar normal.

“Se acha que os dois são ruins, anula o voto!”
Não! Porque lavar as mãos não resolve nada. Lavar as mãos não absolve minha consciência. Porque entendo que anular o voto é dizer “fodam-se vocês aí” enquanto eu faço parte, para o bem e para o mal, de tudo o que venha a acontecer a partir de 29 de outubro.

Porque se eu anular o voto com o espírito “vocês que arrumaram essa confusão que a resolvam”, um dos dois será eleito da mesma forma e eu vou sofrer as consequências do mesmo jeito.

Não é só porque eu e você votamos no Ciro, Amoedo, Marina, Alkmin, Boulos, Daciolo ou Eymael que não fazemos parte do problema em que estamos.

E se eu ligar o foda-se, não vou poder olhar para minha amiga gay e tentar consolá-la depois de sofrer uma violência. Se eu ligar o foda-se, não poder olhar para minha colega de trabalho negra e tentar consolá-la depois de sofrer uma violência. Se eu ligar o foda-se, não vou poder tentar ajudar a vizinha que deixou de ser contratada ou foi demitida por ser mulher e poder engravidar. Porque se eu ligar o foda-se, não vou poder olhar nos olhos da professora das minhas filhas que perdeu o seu filho (negro) quando o policial “confundir” um guarda-chuva com um fuzil.

Porque se eu ligar o foda-se, não vou poder viver com vocês. Nem vou poder reclamar quando vocês ligarem o mesmo foda-se para mim.

Porque #elenunca

Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.

Eu não gostaria de votar no PT. Não votei no PT no primeiro turno. Não voto no PT desde 2004. Por tudo o que sabemos. Mas essa eleição não é mais sobre o PT. Nem sobre o PSDB, PDT, PSOL, MDB, DEM, PROS, REDE, PV ou qualquer um dos mais de 30 partidos (mais de 30 partidos!!!). Essa eleição não é mais sobre ideologias. Essa eleição se transformou num plebiscito sobre em que ambiente se quer viver. Sobre se vamos viver em um ambiente de diálogos ou de força. Sobre se vamos viver em um ambiente democrático (com todos os benefícios e malefícios possíveis) ou não. Se vamos viver em um ambiente humanista e diverso ou não.

Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.

Não vou listar aqui todas as suas declarações, desde sempre, em vídeos, áudios ou textos. Todo mundo já conhece.

Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.

Porque acredito no direito de todos, cada um, dizer o que pensa e viver da forma como desejar. E arcar com as consequências de suas decisões, estejam elas – as consequências – nas leis ou nas regras construídas em cada grupo social onde se integra.

Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.

Porque, apesar de ter no meu pai o melhor companheiro que poderia imaginar, cresci rodeado de mulheres e me tornei o homem que sou hoje graças a elas. E é nelas que confio para melhorar tudo o que ainda falta em mim.

Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.

Porque tenho filhas e enteada. E o futuro que eu desejo para elas – e para todas, por óbvio – é um futuro seguro, livre e igualitário. Um futuro em que elas tenham sobre si o poder real de decidirem o que querem fazer da vida, nos seus relacionamentos pessoais e profissionais. Em que elas possam dizer sim ou não, sem sofrer nenhum tipo de ameaça. Em que elas sejam reconhecidas por suas competências e pelo amor que têm a distribuir. Em que elas não sejam julgadas e subjugadas por serem mulheres.

Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.

Porque sou bisneto da Vovó Mulatinha, neto da D. Helósia, filho do Paulo e pai da Isabel. Todos nós, negros. Mesmo que um ou outro tenhamos a pele clara. Porque Helena, minha mais velha, é amiga da Julia que é negra. Porque minha enteada loura dos olhos claros é aluna da Carol, que é negra. Porque o vovô Pedro das minhas filhas é negro e nordestino. Porque um dos melhores amigos do meu pai é o Carlos Alberto, o Negão, que desde quando eu era criança no seu colo me fazia gargalhar só por abrir seu lindo sorriso. E porque todas essas misturas não deveriam ter peso em qualquer julgamento ou classificação. Porque, simples assim, somos todos gente.

Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.

Porque não sou gay. Mas tenho um primo gay, tenho amigos e amigas gays, tenho colegas de trabalho gays. Também tenho amigos e amigas bi. E provavelmente alguns pansexuais. E tenho amigos que têm filhos e filhas gay. E já tenho amigos que têm netos gays. E sabem o que isso importa na minha ou na sua vida? Nada. Mas todos eles, amigos, amigas, colegas, pais e avôs, sofrem muito. Não pela sua orientação, mas pelo medo que sentem diuturnamente da violência e do preconceito que pairam sobre eles.

Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.

Porque vivi mais de 20 anos na igreja católica, em movimentos da pastoral da juventude. E nesses anos todos, conheci um sujeito chamado Jesus, que morreu por um julgamento preconceituoso. Que morreu depois de ser torturado. Que defendeu e valorizou as mulheres sempre. Que passou a vida falando de amor e lutando contra qualquer tipo de preconceito e injustiça. Porque nesses anos todos, houve momentos duros como quando virei as costas a uma paróquia depois de uma discussão com um padre sobre liberdade. Porque nesses anos todos, em outra paróquia, com um padre (que por acaso era negro), tive as melhores e mais profundas conversas sobre a mensagem de amor daquele tal Jesus.

Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.

Porque, já há quase 20 anos, sou da Umbanda. E isso, tudo o que isso significa, já é autoexplicativo.

Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.

Porque o estado deve ser laico. Porque aborto, laqueaduras, vasectomias e consumo de drogas são temas de saúde pública e de direitos individuais, nunca de polícia, violência, bala ou tutela do estado.

Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.

Porque me formei jornalista, já fui ator (muito) amador, porque faço e amo música, porque escrevo. Porque gosto de arte e a arte precisa ser livre. E porque sem a liberdade para se expressar e criar e romper padrões e quebrar paradigmas e expor tabus, não se pode dizer que se leva uma vida livre e em paz.

Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.

Porque ele está cagando para o meio ambiente e isso é um problema do tamanho do nosso futuro. Porque sustentabilidade não é uma palavrinha descolada em um power point bem construído. É algo muito sério e sobre o quê ele fala com escárnio e desprezo.

Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.

Porque eu estudei Moral e Cívica na escola, mas aprendi o que é moral, civismo e civilidade dentro da minha casa. Porque meu avô foi da Marinha e meu pai foi do Exército. E nenhum dos dois jamais compactuará ou compactuaria com o que esse sujeito prega e representa.

Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.

Porque é uma questão de princípios e valores.