Lá vem textão. Porque vou contar pra vocês a história da minha vasectomia.
Todo o processo começou no meio do ano. Marquei uma consulta com um urologista conveniado no plano da firma pra saber e tentar realizar o procedimento que ficou conhecido entre os mais chegados como “cortar as bolinhas”.
O médico explicou tudo direitinho, como funcionava etc., mas disse que eu teria que entrar em contato com o plano porque eles tinham o programa de planejamento familiar e que tudo era feito por eles. E lá fui eu.
NotreDame Intermédica. Guardem bem.
Liguei pro plano e descobri que tinha que assistir duas palestras, uma em cada mês, e depois cumprir as formalidades que a tutela burocrática do estado impõe. Até testemunha tive de apresentar. E mesmo depois de assinar os papeis, descobri que só poderia realizar o procedimento pelo menos 60 dias depois. Vai que eu mudo de ideia, né não…?
Quem me contou essa novidade foi o doutor Bernardo Geoffroy em nossa primeira consulta. Nesta primeira, na rotina de consultas a jato dos dias de hoje, apenas fez o pedido de exames. Na segunda, do mesmo jeito, apenas olhou os exames, preencheu meia dúzia de papéis e me avisou que mandaria todo aquele material para que tudo fosse aprovado pelo plano (apesar de estar realizando todos os procedimentos, desde as malditas palestras, pelo plano) e que, então, eles me ligariam em até 10 dias para fazer o agendamento.
Duas semanas depois e sem nenhum contato do plano, resolvi ligar para saber como andava e descobri que não havia nada registrado no sistema, que a única forma de resolver seria agendar uma nova consulta.
Só pra registar: assinei os papeis em 15 de agosto, ou seja, estava liberado a partir de 15 de outubro. Mas com essa primeira confusão (isso, a primeira), já estávamos em novembro quando houve a terceira consulta. Nela, me disse que eu não era o primeiro paciente que aparecia com o mesmo problema.
E foi nessa consulta que, finalmente, soube que estava agendado para o dia 13 de dezembro, no Samci da Tijuca. Deveria me apresentar às 8h e o médico que me operaria seria o doutor Leandro Vale. Isso mesmo, seria operado por alguém que não conhecia, nunca tinha visto. Nem ele a mim. Ó que maravilha.
A partir daí, organiza-se a vida no trabalho, na família etc. A Flávia, mais que doce companheira, também organizou sua vida para me acompanhar.
Aí, no dia 11 de dezembro, às 8h, recebo um SMS da Intermédica mandando entrar em contato. Achei que fosse alguma confirmação de praxe sobre o procedimento, orientações gerais e tals. E descubro que, de véspera, a cirurgia foi antecipada para o dia 12 por conta da agenda do médico. Esse foi só o primeiro foda-se.
Quando perguntei sobre as alternativas, a resposta foi a seguinte: aceitar ou não se apresentar e reagendar. Taí o segundo foda-se. Para os dois primeiros, a certeza de que só a agenda do médico é importante e que nós, reles mortais, e nossas vidas que nos adequemos.
No dia 12, lá fui eu para o Samci às 8h da manhã e, quando cheguei, soube que eu não estava no mapa de cirurgias do dia:
– sinto muito, isso é comum com os pacientes do doutor Leandro.
Apenas depois de quase arrumar um rebu é que a mocinha da recepção resolveu se mexer e me encaminhar para a mocinha que cuida das cirurgias. Ela, então, descobriu que eu deveria estar no Quali Ipanema. Não é ótimo? Por que o corno que me atendeu quando liguei, não avisou que tinha mudado a data e o hospital? Taí o terceiro foda-se.
Com todo o trânsito do horário, e depois de uma pequena fortuna de táxi, chegamos lá às 9h. Me apresentei, entreguei documentos, respondi algumas perguntas e ganhei uma pulseirinha. E como cheguei “atrasado”, sabia que estava no fim da fila. Sim, porque não tinha hora marcada pra cirurgia não, era por ordem de chegada. E o tempo passa…
Lá pelas tantas, fui perguntar se havia alguma previsão pra ser chamado e a mocinha me disse o seguinte:
– O médico nem chegou ainda. Eles mandam todo mundo chegar às 8 pra cadastrar. Quando o médico chega, é só chamar e pronto. Aí é rapidinho… Taí o quarto foda-se. Continuem contando.
O médico, aquele que ia cortar minhas bolinhas mesmo sem me conhecer, chegou às 11h, quando já estava há 12 horas em jejum. E sim, essa foi uma orientação. Chegar às 8 em jejum de ao menos oito horas. Jantamos às 23.
Fui chamado, finalmente, às 14h47. Fui levado para o centro cirúrgico em algum momento entre 15h30 e 15h40. Às 16h45 avisei à minha moça que já estava acordado e de volta no quarto.
Pouco tempo depois, recebi uma enfermeira com uns papeis na mão. Entre eles, uma receita com algumas recomendações.
– Legal. E quando o médico passa pra falar com ele?
– Ele não passa não, tá tudo aí.
– Não tá não, tenho um monte de perguntas pra fazer.
– Mas ele não passa não…
Taí o quinto foda-se. E continuo sem olhar na cara do sujeito que cortou minhas bolinhas.
Entre as recomendações, está “agendar revisão”. Assim mesmo, sem prazos ou nada mais. Liguei agora há pouco para a Intermédica.
– O doutor Bernardo só tem agenda para 14 de janeiro
– E eu vou ficar um mês sem a revisão da cirurgia? Tem algum outro médico que possa me atender.
– Revisão cirúrgica é só com ele mesmo.
– Então como é que eu faço? Um mês pra fazer revisão?
– O último dia que ele atende é segunda-feira, 17 de dezembro. Mas a agenda está muito cheia. Posso tentar um encaixe e se conseguir, nossa central avisa.
– E eu vou ficar um mês com os pontos? Esperando infeccionar etc?
– Não, pra tirar os pontos o senhor pode ir até nosso centro de saúde e procurar a equipe de enfermaria. Se algo estiver errado, se for necessário, as enfermeiras chamam o médico de plantão para atende-lo.
– É sério isso?
– O senhor pode ir entre 8 e 10h35, que é o horário em que o Dr. Bernardo estará atendendo. Aí, se for necessário, as enfermeiras o chamam para vê-lo.
Entenderam? A agenda do cara está lotada porque ele só atende por duas horas e trinta e cinco minutos (por extenso mesmo, pra ninguém esquecer).
Sinceramente, perdi a conta dos foda-ses. A Intermédica está de parabéns por todo esse atendimento exemplar de sua equipe, né não?