Não digam que não avisei

Mineirão / Foto: Alex Grimm - FIFA/FIFA via Getty ImagesÉ, estou ansioso. O que explica, pelo menos em parte, estar acordado e escrevendo às duas e meia da madruga.

Estou acordado porque estamos aqui arrumando a casa, preparando as coisas. Isabel completa dois anos hoje e a família vem pra cá. Jogo, almoço e velinhas. Tudo ao mesmo tempo.

A ansiedade é por conta do jogo.

Tirando Itália e Alemanha, que me desculpem os céticos, hipócritas , politicamente corretos e/ou cautelosos. O Brasil é favorito contra qualquer outra seleção do mundo. E isso inclui o Uruguai (que depois de 50 só ganhou o mundialito de 81 e mais nada) e a Argentina com sua copa roubada em 78 e Maradona e a mano de Dios.

Por incrível que pareça esse é o problema. E há um certo clima de vitória certa sobre o Chile, afinal sempre que nos encontramos passamos por eles. E desde quando história ganha jogo? Aí fica o seu Galvão Bueno, o maior secador do esporte mundial, gritando que “se tem crise, chama o Chile”. Como assim?

Mas não é só ele. Em trocentas mesas redondas de todos os canais de esporte tupiniquins, neguinho, branquinho e azulzinho continuam comparando e analisando Brasil e Argentina como se os dois já estivessem na Final.

Podem elogiar à vontade, até eu já fiz isso. Mas o time do Chile é um timinho comum, com alguma correria e meia dúzia de dois ou três jogadores pouco mais que medianos. E não me venham com a história que não tem mais bobo no futebol, porque estamos todos aqui.

Sim, quem me conhece, ao vivo ou só por aqui, sabe que tenho um quê de profeta do apocalipse, mas a verdade é que estou com um medo danado desse jogo. Se em 2006 e 2010 foi um vexame cair nas quartas e terminar em quinto lugar, imagine se – jogando em casa – sairmos nas oitavas.

E mesmo que tudo dê certo hoje no Mineirão, esse medo que me pelo continuará ali, pronto pra dizer “eu não falei?”, até que encontremos um time grande de verdade pela frente. E isso só é possível na semifinal e só contra a Alemanha, pois a Itália já está em Roma, Milão, Turim e por aí vai.

Não, não tenho medo do Chile. Tenho medo desse jogo de amanhã, especificamente. Como terei – imaginem – se chegarmos na final para encarar a Holanda que jogou três finais e perdeu todas. O mesmo com o time de Messi, freguês de carteirinha. Numa copa em que a Costa Rica despachou dois campeões mundiais, a Argélia se classificou e a Suíça goleou, dá pra negar que os deuses da bola resolveram fazer graça? E esses possíveis cenários não são ideais pra eles aprontarem?

É, só resta torcer pra que tudo dê certo. Se não, depois, não digam que não avisei…

#VaiTerCopa

Reprodução: PaniniA piada do título é das mais óbvias e infames. Mas dei-me o desfrute de não escapar dela. Vai ter copa!

Já faz dias que estou no clima, sou desses que espera ansiosamente a passagem dos quatro anos entre uma e outra, que para em frente à televisão para assistir todos os jogos ao vivo ou VT. E ainda falta um mês. Um mês!!!

Não, não sou um alienado doidivanas. Mas tento separar o coração do cérebro de vez em quando. Sim, os problemas são muitos, enormes. Mas eles estavam aí antes, continuarão aqui depois.

Não acho que a copa impediu o investimento em educação, saúde ou qualquer outra coisa muito mais importante que futebol. Simplesmente porque o dinheiro usado para fazer a Copa não seria mesmo usado para o que importa. E isso não quer dizer que não devamos reclamar, que não devamos todos sair de casa e ocupar todas as ruas de todas as cidades desse país tropical para reclamar e brigar pelo que é certo. Que seja durante a copa e depois da copa. E todos os dias, se necessário e possível for. Afinal, é inegável que a copa foi um belo de um pretexto para se roubar mais um bom bocado.

Mas vai ter copa.

E não estou nem um tantinho preocupado com o Flamengo também. Ganhou do Palmeiras, perdeu do Fluminense e a cotação do dólar nem aí. Só achei sacanagem (muita mesmo) o que fizeram com o Jaime. Mas o que importa agora é outra coisa.

Vai ter copa!

E não vai ser nada fácil, muito pelo contrário. Esse clima de que ganhar a Copa em casa é obrigação é ridículo. Pelos exemplos recentes, basta ver que Itália em 90 e Alemanha em 2006 não chegaram à final. Curiosa e coincidentemente, uma ganhou a copa na casa da outra.

Acho que Fred e Neymar têm boas chances de serem artilheiros. Mas tenho medo de que quebrem o garoto pelo caminho. No nosso time, não confio no Hulk, no Jô, no Henrique e no Júlio César. Dois titulares, o que é um problema, e dois reservas, que podem vir a ser problemas.

Se mantida a tradição, ainda teremos alguém machucado durante a preparação. Se for um só, torço pelo Júlio César. Até porque, não poderia haver maneira mais bonita de exorcizar o fantasma de 50 e todos os resquícios de preconceito contra Barbosa do que ver um outro goleiro negro, Jefferson, como titular campeão do mundo.

Se der a lógica, Brasil pega a Alemanha nas semifinais. Aliás, há uma enorme probabilidade de que o Brasil, a partir da segunda fase, só enfrente campeões mundiais. Tenho certeza que o Brasil chega entre as quatro, mas não acho que ganhe a Copa. Desconfio que os bávaros serão os campeões, apesar da maratona de viagens, calor e umidade que enfrentarão no inverno do nosso querido patropi.

Lógica por lógica, há grande chance de Argentina e Uruguai se enfrentarem na outra semi. E a possibilidade de um outro ‘maracanazo’ é imensa. Então, é bom preparar o coração.

Suiça X Honduras, Irã X Bósnia e Coréia X Argélia devem disputar o ‘troféu’ de pior jogo do torneio. E calculo que uma vitória dos iranianos contra a Argentina seria uma zebra tão grande quanto a não classificação da Espanha para a segunda fase. Se bem que, hummm…, essa é até uma hipótese bem plausível. O Chile tem tudo para ser a grande surpresa.

Vou passar longe do Alzirão, mais longe ainda das festas oficiais. Botecos nem pensar. Sou ranzinza demais pra aturar os comentários dos outros durante as partidas e provavelmente verei os jogos sozinho no meu sofá.

Mas vou torcer como um louco. E com a certeza de que não passo nem mesmo perto de uma mãe Dinah, rezar para queimar a língua.

Vai ter copa! Só não sei por quê não começa logo…

Clube dos 8

Benzema comemora seu gol (em impedimento) contra a Ucrânia / Foto: ReutersEu realmente entendo e até concordo que o tal ranking da Fifa tem que existir para algo prático. Mas há coisas e há coisas, será que me entendem?

Vejamos: existem oito seleções campeãs do mundo e a copa é dividida em oito grupos. As oito estão classificadas para o torneio. Então, como é que pode alguém levemente lúcido não colocar as oito campeãs como as oito cabeças de chave?

Pois é, teremos Suiça, Colômbia e Bélgica. Com todo o respeito que todos e qualquer um merecem, como disse lá em cima, há coisas e há coisas.

O tal ranking poderia ser usado da seguinte maneira: todos os campeões classificados serão cabeças de chave. Se um ou mais não estiver, a indicação das vagas restantes se dará pelo ranking. Simples assim.

E quando o país sede não for um dos campeões? Simples: o ranking indicará os cabeças de chave, primeiro entre os campeões; depois entre os demais classificados.

E pronto.

Desta forma seriam respeitados o ranking e a História, ora bolas.

Mas se é possível complicar, pra quê simplificar? Se respeitar a história não tem graça, por quê não inventar? Uma salva de palmas para Fifa.

P.S.: E não é que a França se classificou, de novo, com um gol roubado?

A verdade que emana da cerveja

David Luiz / Foto: Jasper Juinen/Getty ImagesNoite de sábado, véspera da final da Copa das Confederações entre Brasil e Espanha. Estávamos lá. Eu, Marcos, Alexandre e outro Gustavo. Muitas latas depois, discutindo sobre o tudo e sobre o nada. Cerca de mais ou menos 6min38seg depois de resolver todos os problemas do Brasil, o país, surge a grave questão: “e aí, como vai ser amanhã?”

Dadas as condições gerais das últimas semanas, com discussões políticas intermináveis pelos motivos que todos conhecemos, andava até evitando falar de futebol. Principalmente sobre a possível “final que todos queriam ver”. O único sujeito que li e ouvi falando que o Brasil colocaria a Espanha no bolso foi o Rica Perrone. De resto, “a Espanha é (inclua aqui qualquer adjetivo igual ou superior a fodástico)”

Tenho um amigo querido, Rogério (sem sobrenomes, por favor) que desde as vésperas da última Copa chegava a orgasmos múltiplos a cada jogo da Roja. Imagina, então, se eu – logo eu! – ia ser do contra.

Mas a verdade que emana da cerveja…

Entre as observações e interjeições que ouvi (algumas nada decorosas), estavam:

– Você é louco

– Bebeu?!

– Tá de onda…

– Interna!

Basicamente, o que eu disse, é que ganharíamos da Espanha sem maiores sustos. E que se déssemos a sorte de um gol logo no início, enfiaríamos um saco de gols nos caras (foi por pouco). E que se jogássemos 18 vezes contra a Espanha, ganharíamos 17 (e só aqui eu admito um tantinho de exagero, mas era pra defender posição em meio à discussão encharcada).

Não, eu não sou louco. Pelo menos oficialmente. Mas há coisas sobre a Espanha que nem são tão difíceis de observar. A primeira, por óbvio, é que é um timaço sim. Com grandes e inteligentíssimos jogadores. Agora, o resto.

O toque de bola absurdo do time é baseado no Barcelona, algo que todo mundo sabe. Mas há uma diferença crucial entre o clube e a seleção. O Barça tem a possibilidade de contratar qualquer grande atacante do mundo, e faz isso há já há décadas. E só formou, craque mesmo, o Messi. A seleção não tem essa possibilidade e os artilheiros espanhóis não seriam titulares em metade dos 20 clubes do nosso Brasileirão. Não por acaso, ganharam a Copa de um a zero do início ao fim (fora a derrota pra Suiça). E é tão bonito de ver jogar que pouca gente se deu conta do quão fora da curva foi a goleada sobre a Itália na final da Euro.

O toque de bola, então, que é maravilhoso sim, na esquadra nacional, assume o papel de melhor sistema defensivo do futebol mundial. Afinal, sem a bola, ninguém faz gol. Pela qualidade e inteligência acima da média do time, os caras botam os outros na roda, extenuam os adversários com seus 65, 70% de posse de bola, e matam as partidas com um, dois gols no máximo. Quase sempre no segundo tempo. Peguem as estatísticas. De outras vezes, poucas, acham um ou dois gols no primeiro tempo e os adversários, com metro de língua pra fora, não conseguem reagir.

E por que eu tinha certeza que venceríamos o jogo? Pela intensidade com que o time veio jogando e crescendo, porque o time não é ruim (apesar de saber que não é a escalação ideal), porque a Espanha tem pontos fracos óbvios (como as laterais), porque eles não são tão velozes sem a bola (especialmente os zagueiros). Ah, e um detalhezinho, besteira, bobagem: camisa.

E sim, acredito que se jogarmos 10 vezes com eles, ganhamos 7, empatamos 2 e perdemos 1.

Os caras, donos do mundo que a geração Playstation acredita ser a melhor de todos os tempo (ah, os jovens), estavam há 29 jogos oficiais invictos. Mas alguém já se deu conta de quem foram os adversários? Vejam (e analisem) a lista, com resultados, de trás pra frente. São jogos de Copa, Eliminatórias, Euro e Confederações. Os negritos para os times de (alguma) camisa, os vermelhos para os resultados ridículos (pro bem e pro mal).

Itália, 0-0 (7-6 nos pênaltis)
Nigéria 3-0
Taiti 10-0
Uruguai 2-1
França1-0
Finlândia 1-1
França 1-1
Bielorrúsia 4-0
Geórgia 1-0
Italia 4-0
Portugal 0-0 (4-2 nos pênaltis)
França 2-0
Irlanda 4-0
Itália 1-1
Escócia 3-1
República Tcheca2-0
Liechtenstein 6-0
Lituânia 3-1
República Tcheca 2-1
Escócia 3-2
Lituânia 3-1
Liechtenstein 4-0
Holanda 1-0
Alemanha 1-0
Paraguai 1-0
Portugal 1-0
Chile 2-1
Honduras 2-0

O Brasil será campeão do mundo ano que vem? Não sei. A própria Espanha pode repetir a dose. E até pode nos vencer na final, por que não? E ainda há Alemanha (minha favorita hoje) e Itália. Por fora, correm como sempre a Holanda e a Argentina. E sempre há a questão dos cruzamentos, uma surpresa africana, uma zebra norte-americana, uma Bélgica que vem jogando muito bem e pode atrapalhar.

Basicamente, o que estou tentando dizer é que o bicho nunca teve sete cabeças. E lazaronis a parte, Brasil é Brasil. Ou vocês acham que eles queriam se bater com a gente por acaso?

P.S. 1: “E se o David Luiz não tivesse salvado o empate, se a bola entrasse?” O ‘se’ não joga, se sapo tivesse embreagem não pulava tanto. Pois digo que mesmo se fosse gol, venceríamos o jogo.

P.S. 2: Dilma, Cabral e Paes encastelados, ausentes no Maracanã? Não tem preço

Habemus Chico!

Papa Francisco / Foto: Gregorio Borgia/APO que mais me impressionou nesse conclave foi o climão de copa do mundo que a cobertura da imprensa brasileira deu à coisa. Depois da fumaça branca, cheguei a imaginar que no momento em que Dom Odílio aparecesse na sacada, ouviríamos a vinheta: Brasil-il-il!!! Logo depois, a nova versão para marcha famosa: “o Trono de Pedro é nosso, com o brasileiro não há quem possa”… Gostaria muito de saber se no resto do mundo também foi assim.

Ficou um certo ar de surpresa com a rapidez da eleição, apenas um dia e meio, uma das mais rápidas da história. Mas pensando bem, como lembrou a dona da minha vida, faz um mês que o Bento anunciou a renúncia e aconteceram trocentas reuniões antes do conclave começar. Então não tinha muito porque demorar mesmo. Mesmo assim, reza a lenda que o novo papa só não foi anunciado logo na primeira votação por culpa do próprio Odílio.

Informações fidedignas contam que o cardeal gaúcho recebeu os votos necessários logo de primeira. Aí, veio o ritual. Aceita? Aceito. Qual será seu nome? Lula II. Por motivos óbvios, fumaça preta…

Piadas quase ruins a parte, a escolha do argentino tem muito mais a ver com o desejo de renovação expressado por Bento do que com origem geográfica do novo ungido. A chave da questão, me parece, é que ele é um jesuíta.

A Companhia de Jesus (e seus membros) é missionária, catequista, educadora, adepta da simplicidade e absolutamente ciosa da doutrina. Tudo ao contrário do que, nos últimos anos, se tornou a cúpula da igreja, envolvida em escândalos sexuais, financeiros e políticos. Mais mundano, pois, impossível.

Se serve de consolo para a turma da rivalidade, o certo é Bergoglio – doravante, Chico –, com o trabalho que terá que fazer, entrou pelo cano. Pensando no que aconteceu com João Paulo I (e até hoje não foi explicado), chego a ter dúvidas se vai conseguir dormir tranquilo daqui pra frente. Que Deus o abençoe.

Elementos

Está acontecendo em Buenos Aires, desde julho e até o final deste mês, a Tecnópolis, uma espécie de feira em comemoração ao bicentenário da independência argentina.

Para sua divulgação, o Instituto de Cine y Artes Audiovisuales (INCAA) patrocinou a produção a produção de cinco filmetes: Terra, Fogo, Ar, Água e Criação, que está abaixo.

O Senegal é aqui ao lado (2)

Ainda sobre o Dakar, já está terminando o segundo estágio do rali e o dia não foi ruim para os brasileiros. Ainda faltam chegar os caminhões, mas já dá pra mostrar os resultados de motos e carros.

Jean Azevedo e Zé Hélio terminaram o dia em 11º e 12º respectivamente. No geral, Zé perdeu uma posição e agora é o nono. Jean continua em 15º. Vicente de Benedictis foi o 84º e é o 76º no acumulado.

Entre os carros, notícias melhores. Spinelli terminou o dia em 10º mas ganhou uma posição na geral e agora é o oitavo. Sobre ele, vale dizer que é o melhor piloto da Mitsubishi, atrás apenas de três Volkswagen e quatro BMW de fábrica e logo à frente de três Nissan.

Marlon Koerich levou sua Pajero da Equipe Petrobras à 16ª posição, subindo para 17º. À sua frente, agora, estão apenas as equipes de fábrica e outros times que não são oficiais mas contam com o mesmo equipamento, além do Buggy BMW de Matthias Kahle. Ou seja, a partir de agora será muito difícil que ele conquiste novos postos se tudo seguir dentro da normalidade. Mas como não é à toa que o Dakar (mesmo fora da África) é conhecido como o mais difícil rali do mundo, dá pra torcer por uma boa surpresa.

E a partir de agora, só volto a falar do Dakar em casos especiais, porque para acompanhar resultados é melhor visitar o site oficial.

O Senegal é aqui ao lado

E pra quem gosta do barulho de motor, o ano já começou. O Rally Dakar (que mais uma vez está na América do Sul) já está no segundo dia de competição real. No dia primeiro, como hábito, aconteceu a largada promocional em Buenos Aires e ontem foi realizada a primeira etapa, entre Victoria e Córdoba, com 192km cronometrados para motos e quadriciclos e 222km para carros e caminhões.

Apesar de disputado do lado de casa, entre Argentina e Chile, o número de brasileiros neste ano é bem reduzido, muito por causa dos altos custos de uma participação, por mais despretensiosa que seja.

E no primeiro dia, bons resultados dos brazucas. Entre as 167 motos que largaram, Zé Hélio Rodrigues Filho (BMW) foi o oitavo, Jean Azevedo (KTM) terminou na 15ª posição e o estreante Vicente de Benedictis (Honda) foi o 71º.

Entre os 137 carros, Guilherme Spinelli (Mitsubishi Lancer) terminou o primeiro estágio em nono*, excelente posição pois se manteve próximo dos favoritos Volkswagen e BMW. Pela equipe Petrobras, o estreante Marlon Koerich (Mitsubishi Pajero) foi o 20º mais rápido do dia.

Não há brasileiros competindo com quadriciclos e entre os pesos-pesados, apenas o caminhão Tatra nº 508 de André de Azevedo, também da equipe Petrobras. Acompanhado pelo tcheco Jaromir Martinec e o brasileiro Maykel Justo, o time conseguiu o melhor resultado tupiniquim do dia, com a quinta posição. Ao todo, são 63 caminhões na disputa.

Hoje, os pilotos ainda estão na estrada, disputando o segundo estágio entre Córdoba e San Miguel de Tucumán. Os trechos cronometrados são de 300km para motos e quadriciclos e 324km para carros e caminhões.

Não sei vocês, mas gosto muito desse negócio de rally e todos os anos acompanho o Dakar e os Sertões com boa dose de atenção, especialmente o primeiro. E pra quem não está muito acostumado e acha que bom resultado é só a vitória, aviso que a prova é muito muito dura e não é fácil terminá-la. O caminhão brasileiro já há alguns anos briga pelos primeiros lugares e as chances de pódio são muito boas. Entre as motos, acredito que Zé Hélio e Jean terminarão entre os dez primeiros.

Entre os carros é mais difícil e o quadro não deve mudar muito até o final. Tanto Spinelli quanto Marlon são excelentes e podem crescer na classificação, mas não dá pra garantir isso.

Apesar de termos ótimos pilotos por aqui, não há cultura de rally muito difundida e sem patrocínios para disputar o calendário mundial e ser reconhecido pelas grandes equipes de fábrica, não dá pra esperar milagres no Dakar. Então, o negócio é acompanhar a prova pelo prazer e torcer para que a turma cruze a linha de chegada. Vivos e nas melhores posições possíveis.

*revisado graças ao comentário do Armando.

É mentira, Terta?

Ainda bem que nem só das bandalheiras agora oficializadas vive o automobilismo, especialmente a Formula 1. Afinal, a confusão da equipe de Maranello não foi o único tema da pauta do Conselho Mundial da Fia. Mas antes de tratar do que foi dito e decidido na Praça da Concórdia, falemos da nossa querida terra brasilis.

O site Grande Prêmio publicou hoje uma matéria com o croqui do que seria o novo autódromo do Rio de Janeiro. Na verdade, imagem de um estudo conceitual do complexo que substituirá o destruído Jacarepaguá.

O desenho mostra um circuito misto de 4.715 metros, com 19 curvas, e um circuito oval (sem indicação de comprimento da pista, uma área onde haveria um complexo poliesportivo e um kartódromo de 1.344 metros. Sua localização: Deodoro.

Como disse um amigo, infelizmente pelas experiências anteriores, só vou acreditar que é real quando eu estiver sentado na arquibancada para assistir à primeira corrida, não importa de que categoria.

Levando-se em conta que é apenas uma apresentação conceitual de todo o projeto, não vou – agora – analisar o circuito ridículo que foi apresentado. Mas quero falar de Deodoro.

De acordo com o desenho, o complexo ficaria – na verdade – no bairro de Ricardo de Albuquerque, cerca de 40km do centro, com acesso apenas pela terrível Av. Brasil (que separa os dois bairros) ou por trem. Não há metrô, não há aeroportos nas proximidades (o Campo dos Afonsos é de uso militar), não há estrutura para hospedagem para as centenas (ou até milhares) de pessoas que formam os circos de qualquer grande categoria, rodeado por favelas perigosas dominadas pelo tráfico de drogas ou milícias, sem qualquer atrativo turístico. Ou seja, a pergunta que não quer calar é: alguém acredita na viabilidade desse projeto?

Pois é, eu insisto: só acredito vendo da arquibancada e vestindo meu colete à prova de balas.

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Voltando aos anúncios de ontem em Paris, a Fia publicou o calendário da próxima temporada, com as 20 provas sonhadas por Bernie Ecclestone.

Como vocês viram aí em cima, a novidade da hora é que a Índia (mais um cantão desse mundo de meu Deus que não tem qualquer história ou tradição automobilística) receberá uma etapa do mundial e o Brasil volta a receber a última corrida. Mas, sobre o calendário, é preciso lembrar que em 2012 voltaremos a ter o GP dos EUA. Qual circuito será abandonado? A ver.

Outra decisão apresentada ontem foi a não inscrição de uma nova equipe para ocupar a 13ª vaga disponível no grid da F1. Segundo a Fia, nenhuma das postulantes atingiu os requisitos necessários. O que, depois dos casos de Hispania e Virgin, soa ridículo que a espanhola Epsilon Euskadi não possa entrar. De qualquer maneira, ainda há rumores de ela possa fazer um acordo ou até comprar a Hispania. Outro postulante, a parceria Jacques Villeneuve e Durango também já dizem estar pensando em um plano B, como a compra de alguma outra equipe. Como há várias escuderias com problemas financeiros, não estranhem se tivermos novas equipes ocupando os boxes no ano que vem.

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Mas a Fia não cuida apenas da F1 e ontem também divulgou o calendário do WTCC, o campeonato mundial de turismo. Curitiba voltará a sediar uma prova, abertura do campeonato. E há rumores de que Cacá Bueno (que já correu uma etapa como convidado neste ano) faça parte de um projeto da Honda, em parceria com um piloto argentino. Por enquanto, tudo é boato. Mas será que é por acaso que a segunda prova do ano será, justamente, na Argentina? Outra coincidência: quando correu no TC2000, principal certame de nossos hermanos, Cacá foi piloto da equipe Honda-Petrobras, uma patrocinadora brasileira. Como a falta de grana também atingiu o campeonato, inclusive com a retirada de algumas equipes, como a oficial da Seat, será que os organizadores estariam tentando agradar alguém que quer investir? Hummm… Tudo isso é elocubração sobre alguns boatos. Mas com muitas coincidências envolvidas.

O meu calendário

Virou notícia entre hoje e ontem a apresentação do traçado do novo autódromo de Austin, que receberá a F1 a partir de 2012. Mais uma obra de Herman Tilke, o sujeito que desenhou todos os últimos circuitos homologados pela FIA para as principais categorias do mundo nos últimos anos. E como quem acompanha sabe, um monte de pistas sem personalidade, sem gosto.

Dessa vez, no entanto, ele saiu do padrão reta-cotovelo-retinha-muitas curvas de baixa-reta. Pelo contrário, ao invés de tentar desenhar algo novo, fez bom uso do relevo do terreno e ainda usou referências de outras pistas que deram certo, como Silverstone, Hockenheim e Istambul. De quebra, uma reta de 1,2km. Resumindo, cheiro bom. Tomara que se confirme.

Inspirado pelo novo desenho e pela passagem da F1 por Spa, resolvi olhar os autódromos que estão por aí, levando em conta a máxima de que “pista boa, corrida boa”.

Ao longo dos anos, especialmente nos últimos 20 anos, algumas circunstâncias provocaram mudanças significativas no calendário, excluindo corridas clássicas e incluindo novos circuitos em locais nada afeitos ao automobilismo. Entre eles, a segurança, especialmente após a morte de Senna. Mas o dado mais importante, a grana.

Graças a isso e mais alguma coisa, um campeonato que era praticamente todo disputado na Europa, com viagens a América do Norte (Canadá, EUA e México), América do Sul (Brasil e Argentina), Japão, Austrália e África do Sul (apesar do apartheid), hoje passa pelo Oriente Médio (Bahrain e Abu Dhabi) e passeia pela Ásia (China, Malásia, Cingapura e Coréia do Sul, além do Japão), em locais em que é comum ver arquibancadas vazias. Afinal, países que não tem qualquer tradição automobilística. E a Índia ainda vem aí.

Enquanto isso, pistas como Hockenheim foram mutiladas e países tradicionais como França e Portugal não recebem mais a Fórmula 1.

Tentei, então, separar que pistas ainda valem realmente a pena, no calendário deste ano, e cheguei a cinco circuitos que, quase sempre, nos dão boas corridas de presente: Interlagos (Brasil), Montreal (Canadá), Spa (Bélgica) e Suzuka (Japão). Mas aí, como um campeonato não seria bom se disputado em looping em apenas quatro lugares, separei mais cinco que – pela tradição, por boas provas mesmo num circuito bobo ou por uma boa idéia, como sua famosa curva 8 – poderiam fazer parte do calendário: Istambul (Turquia), Melbourne (Austrália), Mônaco (Monte Carlo), Monza (Itália) e Silverstone (Inglaterra).

Como em 2011 o campeonato promete ter 20 provas (a Índia vem aí…), fui procurar mais 11 circuitos que, ao meu gosto, poderiam nos divertir ao longo do ano. Sem saudosismos inúteis, tentei separar entre os autódromos que poderiam ser usados imediatamente, com poucas adaptações, afinal a ordem é gastar pouco.

Meu campeonato, então, ficaria assim: Kyalami (África do Sul), Buenos Aires (Argentina), Interlagos (Brasil), Hermanos Rodrigues (México), Watkins Glen (EUA), Montreal (Canadá), Silverstone (Inglaterra), Estoril (Portugal), Jerez (Espanha), Mônaco (Monte Carlo), Ímola (San Marino), Nurburgring (Europa), Melbourne (Austrália), Suzuka (Japão), Paul Ricard (França), Zandvoort (Holanda), Istambul (Turquia), Spa (Bélgica), Hockenheim, o antigo (Alemanha) e Monza (Itália).

E aí, alguém tem alguma outra idéia?