João

Era molequinho, não tinha oito anos. E João do Pulo era recordista mundial e uma espécie de herói nacional, meio que uma febre. Aquela velha história da falta de política de esportes do Brasil. Não importa o desenvolvimento das modalidades, mas vamos explorar o ídolo, vender jornal e fingir que está tudo bem. No próprio atletismo, foi assim com Joaquim Cruz. No tênis, Guga. Exemplos não faltam…

Mas estava falando do João Carlos de Oliveira, o do Pulo. Era o cara. Bicampeão panamericano no salto em distância e triplo; duas medalhas de bronze olímpicas (a de Moscou, em 1980, discutida até hoje) no salto triplo; tricampeão mundial no salto triplo. Seu recorde mundial conquistado no Pan do México (17,89m, em 1975) demorou 10 anos para ser batido; na América do Sul, a marca só foi superada por Jadel Gregório em 2007.

Hoje faz trinta anos que uma Variant amarela entrou na contramão da Via Anhangüera e bateu de frente no Passat de João. Parte de sua perna foi amputada. É a minha primeira lembrança de uma grande comoção nacional por um ídolo do esporte. Triste lembrança.

Dentro do possível, se recuperou e deu seus pulos em outras áreas. Se formou em Educação Física e se meteu com política, deputado estadual em São Paulo duas ou três vezes, não lembro.

Liberou geral

Vocês lembram que, em 2007, o Rio foi sede dos Jogos Panamericanos? E vocês lembram a farra, o rombo provocado pelas obras e organização? Não há relatório de tribunal de contas, por mais incisivo e objetivo que seja, que consiga provocar as devidas ações na justiça contra os responsáveis pela farra, pelo prejuízo. Esse sim, o grande legado para a cidade, estado e país.

Pois há trocentos anos o Brasil foi anunciado como a sede da Copa 2014 e Olimpíadas 2016. E apesar de todo o prazo e de todo o discurso – vazio como sempre – de que quase não haveria dinheiro público envolvido, que a iniciativa privada isso, que a iniciativa privada aquilo etc., as parcerias não existem e as devidas instâncias de governo, avalistas dos dois eventos, vão ter que colocar a mão no bolso. Nosso bolso, claro.

Pois ontem foi aprovada, na câmara dos deputados o projeto de lei que estabelece o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), basicamente a flexibilização da lei de licitações (8.666/93). Oficialmente, o objetivo é agilizar as obras de preparação para os dois grandes eventos, principalmente no que diz respeito aos aeroportos (o texto aprovado cria a Secretaria de Aviação Civil, mais uma com status de ministério).

Como estamos cansados de saber, apesar de toda a burocracia e modelos de controle, tudo o que envolve licitação por essas bandas é feito sob suspeita de corrupção. Afinal, o hábito faz o monge. Imaginem agora, que não haverá teto para alteração dos contratos, que o governo só informarão os órgãos de controle quando achar conveniente, e que nada poderá ser divulgado.

Ainda há destaques da oposição que podem mudar o texto (serão apreciados no dia 28), mas com o resultado de 272 X 76 não dá pra ficar muito esperançoso. O Ministério Público também não ficou satisfeito, mas também sabemos como é ágil o nosso judiciário.

Então, só pra completar o clima de liberou geral, uma informação – no mínimo – curiosa. O relator do projeto foi José Nobre Guimarães (PT/CE), irmão de José Genoíno e para quem trabalhava o tal assessor que foi pego tentando embarcar para Fortaleza, em 2005, com U$ 100 mil na cueca (além de uma bolsa ou pasta, sei lá, com R$ 200 mil).

Tirem suas próprias conclusões.

O canal do esporte

Domingo é dia de esporte? Então vamos começar a semana por aqui falando sobre o tema.

Não, não vou gastar tempo falando do Flamengo e da vitória sobre o América pela segunda rodada do carioca. Aliás, como já disse, só vou me dedicar ao inchado campeonato quando começarem os clássicos e a coisa ficar séria. Por hora, só merece destaque a sensacional campanha do Vasco até agora: duas derrotas para os gigantes Resende e Nova Iguaçu. Crise na Colina?

Sobre o rubro-negro, o que vale destacar é que estamos na final da Copinha, algo que não acontecia há tanto tempo que nem lembro nem tive paciência de procurar. Independente de título, acredito que há alguns meninos com muito futuro. E nenhum deles é o Negueba.

Mudando completamente de assunto, vamos às pistas. E sabem como está a Fórmula 1? Pois é, não está.

Vou te dizer… A F1 está se especializando em produzir chatice. Dá para acreditar que a menos de dois meses da abertura do Mundial o único assunto para discutir é quem vai usar o nome Lotus? Nenhuma grande contratação, nenhuma dança de cadeiras relevante, nenhuma perspectiva de revolução técnica, nada.

O regulamento vai mudar, OK. Asas móveis, que podem trazer alguma polêmica, a volta do KERS, a saída da Bridgestone e a chegada da Pirelli. Mas não teremos equipes novas, nenhuma das nanicas fechou as portas, receio que o campeonato comece mais ou menos do jeito que terminou no ano passado.

Este aí é um trechinho da coluna Warm Up, de Flávio Gomes. E nada mais teria a declarar se não tivesse encontrado o vídeo abaixo no blog Ultrapassagem, já devidamente adicionado à lista Na pista – Blogs, na barra lateral.

Como postado aqui, o cheiro é bom mas depois de ver a animação fiquei um tanto preocupado com a aparente falta de pontos de ultrapassagem. De qualquer maneira, o relevo é realmente bem aproveitado e a pista promete ser bem técnica.

Mudando de novo, um pouco de tênis. E política. Vocês lembram desse vídeo?

Pois ele andou bombado lá pelo meio de 2010. Não sei se vocês repararam no belíssimo aforisma produzido pelo nosso ex-guia: “tênis é esporte da burguesia”. Ainda bem que há muita gente que não acredita ou tenta mudar esse cenário.

Ao todo, são 32 as quadras de tênis da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo concentradas na periferia da capital. A maioria é de cimento cru, algumas têm a marcação pintada com tinta emborrachada, oito são de saibro, várias fazem as vezes de quadras poliesportivas e 18 delas, ou seja, mais da metade, estão com as atividades temporariamente interrompidas por motivos diversos.

Ainda assim, o conjunto de espaços públicos do programa Clube Escola, criado pela prefeitura em 2007, aglutina mais de 3 mil jovens da rede pública loucos para rebater uma bolinha. Nesse universo, a Teoria do Tênis como Agente da Burguesia construída por Lula de improviso foi bola fora.

Este é um trecho da matéria de Dorrit Harazim publicada na edição 48 da revista Piauí e republicada na coluna do Augusto Nunes. Vale ler inteira.

E pra terminar, vem por aí o que promete ser uma briga boa entre as confederações de muitas modalidades e o velho COB, que apesar de viver acossado pelo TCU continua fazendo das suas. Tudo porque modalidades que não deveriam receber tanto dinheiro – como o vôlei – porque são autossustentáveis, continuam abraçando as maiores partes do bolo. E já há muita gente se movimentando para resolver a pendência da marra, levando o caso à justiça. Pelo jeito, para quem gosta dos esportes olímpicos, vem aí uma boa novela. E não se espantem se o final dela for uma participação ridícula do Brasil nos jogos de 2016, no Rio.

Chantagem

A essa altura do campeonato, todo mundo já está cansado de saber que a votação na câmara dos deputados, sobre a divisão dos royalties do petróleo, arrebentou com os estados do Rio e Espírito Santo. Não sei como anda a briga em terras capixabas, mas no Rio a grita é geral.

O autor da proposta que mudou a regra foi o deputado gaúcho, nascido em São Borja, Ibsen Pinheiro. O grande argumento de Ibsen é de que as riquezas localizadas no mar não podem ser consideradas como deste ou daquele município, mas de todos os brasileiros, do Oiapoque ao Chuí.

Mas antes de falar do caso, e principalmente para quem não lembra do gajo, é necessário fazer as apresentações de praxe.

Ibsen Pinheiro é jornalista, advogado, dirigente esportivo e procurador de Justiça aposentado. Foi vereador em Porto Alegre de 1976 a 1978 e deputado estadual de 1979 a 1982, quando elegeu-se deputado federal. Em Brasília, foi presidente da Câmara dos Deputados – função da qual deu início ao processo de Impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello – e chegou a ocupar interinamente a Presidência da República.

Fonte: www.ibsenpinheiro.com.br

De acordo com o relatório da CPI, Ibsen recebeu depósitos não justificados no valor equivalente a US$ 34 mil do ex-deputado Genebaldo Corrêa (PMDB-BA), considerado um dos líderes do esquema de cobrança de propina e desvio de recursos do Orçamento e acusado de demitir um funcionário da Comissão do Orçamento, a pedido do deputado João Alves (PFL-BA), o chefe dos anões, porque descobrira a cobrança de propinas para aprovar emendas.

Fonte: Paraná Online

Não vou entrar na discussão de quem tem direito à riqueza descoberta em terra ou mar brasileiro, mas na questão da compensação. Quando há trocentas plataformas de petróleo na Bacia de Campos, não é a São Borja de Ibsen, Rio Branco do Acre ou Quixeramobim que – de uma hora pra outra – têm sua população multiplicada várias vezes, acarretando na necessidade de investimentos em infra-estrutura, transporte, saúde etc etc etc. Também não é o meio ambiente daquelas cidades que é afetado por operações de extração extremamente arriscadas.

Então, apesar do choro ridículo de Sergio Cabral e da vontade mais do que explícita de um sem número de servidores da nação estarem de olho nas moedas, principalmente em ano eleitoral, acredito que – mesmo que a coisa seja confirmada no Senado – o apedeuta tenha o mínimo de honra e confirme o acordo com os governadores dos estados produtores.

Mas – levando-se em conta que como crítico político sou um ótimo torcedor do Flamengo – o que me levou a falar do tema foi a tentativa de chantagem que o presidente do COB tenta fazer com os mandatários da nação, dizendo que os jogos de 2016 podem não acontecer se a regra dos royalties mudarem. Claro que, para fazer efeito, coisas assim devem fazer muito barulho, pois não funcionam sem a participação (mesmo que como zumbis) da opinião pública.

Antes de mais nada é preciso dizer que o Sr. Carlos Arthur Nuzman tem o mesmo direito que eu de opinar sobre qualquer coisa. Mas seria de bom tom que, como presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, guardião do olimpismo em terras tupiniquins, não usasse de subterfúgios rasos em discussões tão profundas como essa. Aliás, seria ótimo se não abrisse a boca. Porque, com qualquer regra que seja estipulada, os jogos vão acontecer no Rio. Afinal, como o próprio dirigente disse, o compromisso com o COI é da cidade, do estado e do país.

O problema é que – talvez – a nova regra impeça um derrame de dinheiro sem controle e os amigos do rei que pretendem melhorar de vida às custas de acontecimento tão nobre tenham mais dificuldade. Mas isso é só um talvez, duvido que personagem  tão especial pense tão pequeno.

Resolvido, por enquanto

Na última sexta-feira, a professora Kátia Rubio foi comunicada pelo COB que não lhe seria exigido a retirada de seu livro Esporte, Educação e Valores Olímpicos do mercado. Apesar da maioria dos grande jornais e TVs brasileiros não terem divulgado o problema, nada como uma repercussão internacional, logo após vencer a disputa para ser olímpica, para consertar algo que sequer devia ter acontecido. Vejam abaixo a nota que foi divulgada.

Em carta enviada nesta sexta-feira (5) à professora Katia Rubio, o COB informa que não adotará qualquer medida judicial ou extrajudicial em referência à citação da designação “olímpicos” e do símbolo olímpico no conteúdo do livro intitulado “Esporte, Educação e Valores Olímpicos”.

Não obstante gozar o símbolo olímpico de proteção internacional por meio do Tratado de Nairóbi sobre Proteção do Símbolo Olímpico de 1981, do qual o Brasil é signatário, e as designações “olímpico” e olimpíada” de proteção via artigo 15, parágrafo segundo, da Lei 9.615, de 1988 (Lei Pelé), sua citação no conteúdo da obra destina-se, apenas, a informar sobre o movimento olímpico e suas atividades, disseminando o valioso este conhecimento sobre o Olimpismo.

Embora o COB tenha se baseado tão somente no aspecto comercial do produto em questão (livro identificado por marca de titularidade do Comitê Olímpico Internacional) para lançar mão de expediente rotineiro que visa apenas resguardar os interesses do próprio Movimento Olímpico, o COB entende tratar-se de produção intelectual e, portanto, que seu conteúdo não fere os direitos do Comitê Olímpico Internacional, cuja proteção no território nacional cabe ao COB.

Diante do exposto, o COB autoriza a publicação e a circulação do livro “Esporte, Educação e Valores Olímpicos”, tal como se encontra nas livrarias à disposição do público.

Comitê Olímpico Brasileiro

Passemos, então, ao problema que continuaremos a ter no futuro. Não vou discutir, por exemplo, a questão dos aros olímpicos formarem uma marca registrada e de propriedade do Comitê Olímpico Internacional. Para mim, é algo que deveria ser de domínio público, uma vez que – representando a união entre todos os povos de todos os continentes – seu objetivo é comunicar o Olimpismo. Mas vá lá que, em um mundo em que tudo é mercado e dinheiro…

Gostaria de chamar a atenção para a Lei Pelé e o mal aprovado parágrafo segundo do artigo 15.

Art. 15. Ao Comitê Olímpico Brasileiro-COB, entidade jurídica de direito privado, compete representar o País nos eventos olímpicos, pan-americanos e outros de igual natureza, no Comitê Olímpico Internacional e nos movimentos olímpicos internacionais, e fomentar o movimento olímpico no território nacional, em conformidade com as disposições da Constituição Federal, bem como com as disposições estatutárias e regulamentares do Comitê Olímpico Internacional e da Carta Olímpica.

§ 2o É privativo do Comitê Olímpico Brasileiro – COB e do Comitê Paraolímpico Brasileiro – CPOB o uso das bandeiras, lemas, hinos e símbolos olímpicos e paraolímpicos, assim como das denominações “jogos olímpicos”, “olimpíadas”, “jogos paraolímpicos” e “paraolimpíadas”, permitida a utilização destas últimas quando se tratar de eventos vinculados ao desporto educacional e de participação. (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

Está lá, na lei, aprovado pelo congresso nacional e sancionado pelo presidente do Brasil de então (e nada mudou no governo atual!!!). Algumas palavras da língua portuguesa têm dono. Isso significa que o problema que aconteceu com a professora Kátia Rúbio pode voltar a acontecer.

É esse o Olimpismo que o COB quer fomentar? É esse tipo de legislação que o Brasil precisa?

Independente do que eu acho, é bom dar uma lida no texto De quem são as Olimpíadas, no blog do Erich Beting. Mesmo sem concordar com algumas coisas, entende-se a lógica de todo o problema.

Verbetes e expressões (11)

Olímpico

olímpico
[Do lat. olympicu.]

Adjetivo.

1. Pertencente ou relativo ao Olimpo.
2. Pertencente ou relativo aos deuses do Olimpo. [Sin., nessas acepç.: olimpiano.]
3. Olímpio (1).
4. Referente às olimpíadas.
5. Fig. Grandioso, majestoso, divino, nobre, sublime. ~ V. ginástica —a, gol —, jogos —s e piscina —a.

•••

Entre os significados e explicações dadas pelo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, acima, guardem especialmente o número cinco: grandioso, majestoso, divino, nobre, sublime.

Isso é importante porque vou falar sobre o COB, o Comitê Olímpico Brasileiro, entidade que deveria – entre outras muitas coisas – dar exemplos baseados no espírito olímpico. Mas não é o que acontece. Duvidam?

Você sabe o que é Olimpismo?
O documento que orienta tudo o que diz respeito à organização do COI, dos comitês olímpicos nacionais, organização dos jogos, além de posturas e atitudes que devem nortear tudo isso é a Carta Olímpica (original, em inglês). Dela constam os seis princípios fundamentais do Olimpismo, dos quais eu destaco os dois primeiros:

1. O Olimpismo é uma filosofia de vida que exalta e combina, de uma forma equilibrada, um conjunto de qualidades do corpo, da vontade e do espírito. Aliando o desporto à cultura e à educação, o olimpismo visa criar um estilo de vida fundado sob a alegria do esforço, o valor educativo do bom exemplo e o respeito por princípios éticos universais.

2. O propósito do Olimpismo é o de colocar o desporto ao serviço do desenvolvimento harmonioso do homem, para promover uma sociedade pacífica e empenhada na preservação da dignidade humana.

Censura
A professora Kátia Rubio, que há 15 anos se dedica a projetos de educação ligados à questão olímpica, publicou (e enviou uma cópia para o COB) o livro Esporte, Educação e Valores Olímpicos, para ser usado como livro didático.

Pois o COB notificou a professora, em documento assinado pelo vice-presidente André Richer, de que o livro deveria ser recolhido, pois “o uso dos termos ‘olímpico’, ‘olímpica’, ‘olimpíada’, ‘Jogos Olímpicos’ e suas variações… são de uso privativo do Comitê Olímpico Brasileiro no território brasileiro.”

Como assim? O COB se apropriou de palavras da língua portuguesa? Pior, o COI e todas entidades nacionais se apropriaram de uma família de palavras em todas as línguas? Isso significa que posso ser processado por usar essas palavras aqui no blog, assim como o Globo ou a ESPN Brasil, cada vez que utilizarem essas palavras? Meu Deus, vão processar e mandar recolher nossos dicionários!!!!

Sediamos um Panamericano em 2007 e vamos receber os Jogos de 2016. Justamente no momento em que o comitê olímpico deveria estar fomentando estudos, pesquisas e quaisquer outras atividades que apontassem para o desenvolvimento do esporte e ao seu papel social, a entidade máxima do esporte brasileiro (presidida por um ex-atleta olímpico, é bom que se diga), manda recolher um livro que trata do tema. Não é fantástico? Não é uma atitude grandiosa, majestosa, divina, nobre, sublime? Enfim, qualquer semelhança ou inspiração em um regime ditatorial é mera coincidência.

Pois é, a professora Kátia Rubio é só uma das pessoas que estudam e escrevem sobre o tema no Brasil. No caso dela, há 15 anos e com 15 livros publicados, além de mais um que já está no prelo.

Há solução
Na verdade, o que está acontecendo é que o próprio Comitê Olímpico Brasileiro vai contra a Carta Olímpica e os princípios básicos do olimpismo. Nada mais sintomático da empáfia e soberba de seu presidente e, pelo jeito, de sua claque.

Mas essa atitude do COB não é exclusividade tupiniquim. Segue abaixo o texto (publicado no CEV) de Gustavo Pires, professor da Universidade Técnica de Lisboa, sobre o assunto. A diferença é que na terra de Cabral, a justiça resolveu. Como será que nosso poder judiciário se posicionará a respeito?

A família olímpica

Há pessoas que no âmbito do Movimento Olímpico se julgam no direito de decidir quem pode e quem não pode dedicar-se ao estudo e à investigação das questões do Olimpismo. Na sua profunda ignorância e pesporrência estão convencidos que são proprietários de algo que os transcende. Quer eles queiram quer não, o Olimpismo é propriedade da Humanidade e não de uma qualquer casta que numa atitude profundamente xenófoba se gosta de chamar a si própria de “família olímpica”.

Em Portugal, os dirigentes do Comité Olímpico de Portugal (COP) também se julgavam no direito de decidir quem podia ou não utilizar as palavras olímpico, Olimpismo ou, entre outras, Jogos Olímpicos, convencidos de que eram proprietários não só dos conceitos em si, como das próprias palavras que pertencem, como qualquer pessoa de bom senso sabe, à língua portuguesa e aos seus falantes.

Em conformidade, pretenderam acabar com uma organização de seu nome Fórum Olímpico de Portugal.

Para o efeito, contrataram um dos maiores escritórios de advogados do país mas o tiro saiu-lhes pela culatra.

Os Tribunais portugueses decidiram que a lei não lhes concedia o monopólio do uso das palavras pelo que o Fórum Olímpico de Portugal continua de boa saúde a produzir conhecimento na área do Olimpismo.

Entretanto, tomamos conhecimento que o Comité Olímpico Brasileiro (COB) quer obrigar uma investigadora da Universidade de São Paulo de seu nome Kátia Rúbio que investiga e publica há vários anos sobre a problemática do Olimpismo, a recolher o seu último livro intitulado “Esporte, Educação e Valores Olímpicos”! Tal como cá, os caras lá do Brasil também se julgam proprietários das palavras olímpico, olímpica, olimpíada, Jogos Olímpicos e suas variações…!!!

Há uns anos, tivemos a oportunidade de assistir no Rio de Janeiro a uma conferência sobre Olimpismo proferida precisamente pelo presidente do COB.

O que a generalidade das pessoas no fim da conferência comentou foi que o cara falou de dinheiro, de muito dinheiro, de marketing, de investimentos e de todos os termos possíveis e imaginários na área económica e financeira, contudo, ninguém o ouviu falar de Olimpismo, de valores do desporto, de educação ou de desenvolvimento humano.

O problema é que, como a generalidade dos dirigentes do Movimento Olímpico não fala sobre o Olimpismo e os seus valores, quer obrigar os outros a fazer o mesmo.

Não poderá Lula da Silva meter o sujeitinho na ordem.

Em Portugal foram os Tribunais através dos doutos acórdãos dos juízes que o fizeram.

O processo pode ser consultado em: www.forumolimpico.org.

Gustavo Pires

Traços e um bom pretexto (3)

Já disse aqui que adoro cartazes. Então, ainda aproveitando a euforia pela escolha do Rio de Janeiro como sede olímpica, fui atrás dos cartazes dos jogos que já aconteceram. Na imagem abaixo, as 26 edições que já aconteceram. Londres 2012 ainda não divulgou o seu (espero por algo tão ruim quanto sua logo). Nem o Rio, claro.

Vale dizer que, no início, os jogos olímpicos não eram tão estruturados como hoje. Era comum que houvesse competições durante vários meses, não necessariamente interligadas, mas por acontecer na mesma cidade ficavam sob o guarda-chuva olímpico. Isso fez com que algumas edições tivessem mais de um cartaz. Abaixo, os mais conhecidos. Outro detalhe diz respeito aos jogos de 1908, em Londres, em que não se acha (eu procurei às pampas) o cartaz, mas a capa do programa de competições do estádio olímpico.

Também é bom lembrar que em 1916, 1940 e 44 não houve jogos, graças às duas grandes guerras (o mesmo aconteceu com a Copa do Mundo em 1942 e 1946).

Meus preferidos são Munique, Sydney e Atenas (2004). Se alguém quiser dizer qual ou quais são os seus, seria legal. E como teremos pelo menos sete anos para falar de Rio 2016 (passando por Londres, no meio do caminho), ainda devem aparecer por aqui a coleção de mascotes e logos. Pretexto não falta.

CartazOlimpiada

Verbetes e Expressões (7)

mussumLegado

s.m. Disposição feita por testamento em benefício de alguém. Herança.

•••

Na sexta-feira, quando foi confirmado que o Rio será a sede das olimpíadas de 2016, eu estava no consultório do obstetra da moça da minha vida, em uma consulta de rotina. Afinal, entramos na 38ª semana e, a partir de agora, Helena pode chegar a qualquer momento.

Enfim, o consultório fica no Leme e, da janela, ouvimos o buzinaço. Na hora, aquilo me incomodou muito. Por tudo o que conhecemos de nossos líderes em geral e, particularmente, das principais cabeças que comandaram a candidatura carioca, não dava pra ficar muito otimista com o famoso legado que ficará para a cidade. Vimos o Pan e tudo o que aconteceu (ou não aconteceu com o Rio).

Agora não adianta mais ser a favor ou contra, já é fato. Nos resta rezar para que todas as promessas sejam cumpridas. E na tentativa de pensar em algo para escrever sem cair no óbvio “temos que fiscalizar” etc., encontrei o texto abaixo. Brilhante.

O segundo convite, mas este é com RSVP

Já habito a Terra há algum tempo. E, na maior parte deste tempo, no Brasil. E confesso que nunca havia visto um sentimento de orgulho pelo Brasil e pelo Rio tão disseminado e com poucas divergências como foi a escolha da cidade como sede das Olimpíadas de 2016.

Na minha opinião, pouco estudada, mesmo deixando passar 48 horas da escolha para tentar entender um pouquinho do emocional da coisa e lendo algumas publicações que já abordaram o assunto, concluí que há um simbolismo por trás desta escolha. Há um convite. Um convite para o Brasil mostrar para o mundo os pré-requisitos para ingressar no que antigamente era chamado Primeiro Mundo. Para o Brasil mostrar sua alegria, receptividade, o bom clima do Rio de Janeiro, as paisagens espetaculares, enfim, coisas que sabemos. Mas, para além disso, mostrar seriedade, mostrar uma sociedade mais justa, tentar encontrar soluções para os cinturões de pobreza e o caótico transporte público. E, principalmente, passar por cima das brigas politico-partidárias, já que até 2016 haverão duas eleições gerais e duas municipais.

A estabilidade política do Brasil foi necessária para sustentar a candidatura. Sua evolução também o será. A tentação de transformar Olimpíada e Copa do Mundo em ítens de campanha é enorme. Até aí, vá lá. Mas se o viés começar a dar impressão de “Jogos Bolivarianos”, ou os “Jogos dos Trabalhadores”, ou os “Jogos dos Excluídos”, ou como uma versão única do já muito chato e pouco importante “Forum Social” que é paralelo ao Forum de Davos…hmmm…sei não.  Hitler usou as Olimpíadas como propaganda. Os acochambrados Jogos de 1948, em Londres, foram, na prática, a celebração da vitória na guerra. Os Jogos de Moscou e Los Angeles, em 1980 e 1984, viram seu brilho embaçado por boicotes causados pela “guerra fria”. Foram edições que ficaram claramente empanadas pelo conteúdo político que circunstanciou um evento que deveria ser só esportivo.

Mostrar ao mundo que o Brasil é capaz de iniciar a trilha de um crescimento sustentado, com distribuição de renda mais justa, com redução da violência nos grandes centros e, principalmente, a um nível de custos que não seja pornográfico, e, durante os Jogos deixar correr no tradicional clima praieiro-festivo do carioca, sem politizações, seria o salto triplo olímpico ideal.

Para mim, o recado foi claro. Vocês querem e acham que podem fazer Copa do Mundo e Olimpíada em dois anos ? Pois bem, concordamos, mas estaremos de olho se podem mesmo. E, se bem sucedidos, bem-vindos ao grupo de liderança mundial.

Frio assim ? Frio assim !

Porque lembro do início da década de 70. A geopolítica era outra, o governo era uma ditadura militar apoiada pela Otan. Havia um incipiente e pouco preocupante movimento guerrilheiro. Apesar da ditadura, o clima era de tranquilidade geral. Os indicadores eram de país pobre, agrário, sub-desenvolvido. Mas o Brasil exibia índices de crescimento exorbitantes. A classe média crescia, o brasileiro já não achava Paris um local para embaixadores e meia dúzia visitarem e depois contarem, orgulhosos, como foi a noitada no Moulin Rouge. Em 1972, o Brasil foi apontado como uma das forças econômicas da década seguinte. Naquela época, imaginar Rússia e China adeptas do livre mercado era coisa para doido mesmo. O Brasil seria um dos “grandes” do mundo capitalista, apesar de uma economia estatizante.
O historiador Eric Hobsbawn várias vezes insinuou não entender bem porque a América Latina não conseguia traçar a trajetória de modernidade da Austrália. Além da cultura européia, a América Latina teve uma rara miscigenação de raças, tem recursos naturais, teve centros de estudo entre os melhores do mundo. O que estava diferente ? Buscou no modelo oligárquico dos colonizadores ibéricos uma explicação. Como este flagelo perdura até hoje no Brasil, botar a conta neste problema é o caminho mais fácil. Mas ter um povo de índole ovina complementa a vocação da pobreza e do atraso, e isso é mais complicado analisar.

Mas, enfim, até 1973 o Brasil viveu um convite para a elite ocidental. E, então veio o primeiro choque do petróleo, recessão nos Estados Unidos, crise de liquidez e o “plano Marshall” silencioso para a América do Sul minguou. Na abertura da Copa do Mundo de 1974, o Brasil teve papel especial. Bem, era o campeão do mundo de futebol, mas o tratamento foi VIP, inclusive com a eleição improvável de um brasileiro para a Presidência da FIFA. Mas o governo ditatorial não soube reagir às mudanças na economia, fingindo que tudo ia bem, como convem aos regimes de força, e aos poucos, submergiu, encontrando seu fundo de poço no governo de João Figueiredo. Foram anos de vergonhas nacionais, cujo maior símbolo talvez tenha sido o roubo da Jules Rimet, derretida. Perdemos este convite.

Depois, o modelo econômico e político brasileiro foi para o brejo. Inflação alta, protecionismo exagerado, meios de controle de imprensa. Lembro com vergonha de ter que viajar pelo mundo com um maço de dólares ou francos suíços e os “travellers checks”. Nada de cartão de crédito internacional. E ainda teve um período em que, se você quisesse viajar havia um depósito compulsório alto, restituído sabe-se lá quando. O Brasil se isolou.

Nossa redemocratização foi no mínimo engraçada. Primeiro numa eleição indireta, cujo eleito morreu e assumiu o vice que era o presidente civil do partido dos militares ! O sujeito, com seu vasto bigode, bem que tentou, mas mergulhou o Brasil num regime inflacionário que era motivo de piada no mundo todo…depois, a campanha baixa de 1989, que resultou num presidente que foi apeado do Poder dois anos depois. Ou seja, nossa estabilidade é recente, e como um adolescente, ainda carregada de hormônios novos, defesas ideológicas apaixonadas e tentações imediatistas.

Mas, sem entrar no mérito de quem fez ou quem não fez, o fato é que o Brasil de 2009 está se jogando na área, para, no caso de um pênalti, converter-se em liderança mundial. As coisas conspiram a favor. O Presidente tem carisma e apoio popular. A crise de 2008 foi uma cacetada nas economias do eixo central ( EUA, Japão, Europa, tigres, onças e assemelhados, e os “novos capitalistas” do Leste Europeu). A China vai bem, obrigado, e dos que aumentam sua importância no cenário mundial, o Brasil saiu  fortalecido. Indicadores da economia vão, com cuidado, melhorando. O Brasil vem com relativo sucesso sediando eventos internacionais, tanto esportivos como políticos. Por aqui, a violência é urbana e mesquinho-capitalista, não tem nada de ideologia política, o que minimiza o problema do terrorismo. Enfim, as condições estão aí.

E, na última sexta-feira, 2 de outubro de 2009, o Brasil caiu na área e foi dado o pênalti. Para ser gol, precisa ser bem cobrado. Não há espaço para discursos de desculpas. Se o pênalti for perdido, a torcida não vibra. Ninguém gosta.
Sendo assim, além do que precisa ser feito diretamente para sediar uma Olimpíada, os brasileiros precisam entender o que significa ter um IDH ruim. Precisam saber quantos analfabetos ainda temos. Qual o montante de dinheiro lavado em coisas escusas que permeiam o noticiário. Porque não há nas grandes cidades ( com a provável exceção de Curitiba) um planejamento urbano mínimo, com transportes de massa decentes. Porque a Baía da Guanabara continua poluída.

Enfim, cabe aos governantes atuais e que vierem até 2016 trocar a retórica do “tudo vai bem” pela da realidade constatada, e o ataque claro aos problemas de raiz e não aos sintomas.

Porque a Olimpíada traz essa responsabilidade ? Pois, na minha visão, é um convite para entrar no Country Club. Desta vez, sem a motivação da política bipolarizada capitalismo-comunismo da década de 70. Desta vez, a opinião de todos os habitantes da Terra, com exceção dos brasileiros, dependerá dos sinais que o Brasil der.

Afinal, de que vai adiantar sediar tantos eventos de Primeira Divisão se continuarmos jogando como país de Segunda ?
O convite para o Brasil na década de 70 ficou sem resposta e quem convidou também não se importou. Agora é diferente, fomos convidados e temos que confirmar que podemos ir à festa.

E, deixando claro, não se trata de copiar modelos ideológicos, políticos, econômicos. Ou se engajar num receituário de um clube fechado. Trata-se de colocar a ética em tudo na pauta do desenvolvimento. Ética, etiqueta, como responder a um convite com RSVP, e claro, comparecer.

Luis Octávio Bernardes
With a little help from my friends

Que legado?

brazil_Rio-de+-janeiro_travel_+2Existem coisas que não descem na minha garganta. Uma delas é a candidatura eterna do Rio a sede das Olimpíadas. A grana que rola só para ser candidata é absurda. Um dinheiro que some e que ninguém nunca sabe onde vai parar (ou pelo menos não consegue provar…). De quebra, todo mundo se lembra do que aconteceu no Pan em 2007. Legado inexistente para a cidade e elefantes brancos como o Engenhão e o Parque Aquático Maria Lenk.

Pois agora há pouco aconteceu a apresentação das cidades finalistas para Comitê Olímpico Internacional. Além do Rio, Chicago, Tóquio e Madri.

Só de olhar a lista de candidatas dá pra dizer que o Rio não poderia concorrer, certo? Pois começo a ficar preocupado pois efetivamente há chance da coisa acontecer.

Um dos grandes motivadores para a escolha da sede (pelo menos oficialmente) é o famoso legado. No caso do Rio, um sistema de transporte público decente, segurança etc. De quebra, pesam a favor a realização do Pan sem maiores incidentes (apesar da roubalheira que o TCU finalmente começa a apontar)  e a Copa 2014 (não gosto nem de imaginar como vai ser a construção e reforma de estádios Brasil afora). Afinal, boa parte de toda a estrutura necessária já existiriam em função dos dois eventos.

Pois então, gostaria que de ter respostas para algumas perguntas: alguém acredita que finalmente teremos um metrô eficiente? Alguém acha que o Rio estará de fato mais seguro para sua população e não apenas durante o evento? Alguém acredita que teremos instalações decentes que poderão ser realmente utilizadas pela população? Tem algum louco que realmente acredita que a estrutura viária carioca, totalmente estrangulada dará conta de um evento como as Olimpíadas? Com milícias, tráfico, distribuição de lotes e construção de muros, é possível imaginar que teremos favelas realmente urbanizadas e uma cidade mais segura (sem que o exército ou qualquer outra força vá para as ruas com seus fuzis apontados para todos, como na época da Rio 92)? É possível imaginar que a Marina da Glória será, finalmente, uma marina de primeiro mundo ou que as obras para terminar o Maria Lenk (é, ele está até hoje inacabado, pois o projeto original previa um parque aquático coberto) não serão superfaturadas, entre outras? Alguém lembra que fim levou a Vila Panamericana?

Apenas para pensarmos a respeito, vejam só que interessante: para os jogos de Pequim 2008 foram construídas quatro ou cinco linhas (eu disse linhas e não, estações) de metrô (o nosso é o único do mundo que para em sinal de trânsito); para o Pan 2007, foram recapeados vários quilômetros de ruas e avenidas cariocas mas só por onde passariam as delegações (o resto da cidade que se dane); a Vila foi construída sobre um pântano; destruíram o autódromo, reconhecido como um dos melhores do mundo, e até hoje não temos nem o local e muito menos o projeto de um novo.

E eu poderia ficar fazendo perguntas e buscar informações sobre os desmandos que vivemos para sempre, mas não sou capaz de imaginar muitas respostas positivas. Alguém consegue me convencer do contrário?

Como eu disse, a apresentação das cidades finalistas foi hoje à tarde e o Rio foi o mais aplaudido e comemorado pelos integrantes do COI. De quebra, há argumentos fortes, como nunca ter havido jogos na América do Sul e a possibilidade de realizar todas as provas dentro da própria cidade, algo que não acontece há várias edições (se é que já aconteceu nos jogos modernos, não sei mesmo).

Sou absolutamente apaixonado pela minha cidade. Mas com a turma que toca esses projetos, não dá pra esperar boa coisa de uma possível vitória carioca. Sinceramente, eu que não acreditava nessa possibilidade, começo a ficar em pânico. Porque, no final das contas, quem paga a conta somos nós, mas os benefícios nunca são distribuídos para todos.

Só nos resta torcer e rezar. Que o Redentor olhai por nós.

Apenas como referência, para pensar no assunto, vejam as declarações de nosso governador e nosso prefeito durante a sabatina de hoje. E depois me digam se dá pra levar a sério.

Estamos construindo um moderno sistema de transporte para os Jogos e para toda a cidade, que inclui a expansão do metrô e corredores expressos de ônibus. Em segurança, mudanças também estão acontecendo. Desde 2007, como parte do programa desenvolvido para o Panamericano, em que não houve qualquer incidente, um novo modelo aproximando a polícia das comunidades vem sendo implementado com sucesso. (Sérgio Cabral Filho)

O nosso projeto olímpico foi concebido de acordo com um plano estratégico de longo prazo para o Rio. As mudanças já começaram em transporte, na revitalização de algumas áreas, como o Porto, e também em meio ambiente. Um compromisso, por exemplo, é o plantio de mais de 24 milhões de árvores até 2016. Melhorias que não acabarão no último dia das Olimpíadas. (Eduardo Paes)