A fumaça e a mesa

Virada_BrasileiraoFinalmente deu vontade de escrever de novo. E, melhor, sobre futebol. Mas desta vez, nem é sobre o Flamengo, vejam só. Muito menos a seleção. Mas sobre o Brasileirão e os burburinhos que andam salpicando aqui e ali.

Primeiro é preciso lembrar que, já há alguns anos e sempre quando o campeonato entra nas suas fases finais, a partir do início do segundo turno, surgem a história de mudar a fórmula, voltar ao mata-mata. As desculpas são as mais variadas, desde a falta de emoção até a queda de público nos estádios. No fim das contas, o que pesa mesmo é a queda da audiência enquanto a TV paga cada vez mais para os clubes (no ano que vem será ainda mais…).

Ao mesmo tempo, vemos o Vasco na situação em que se encontra enquanto o Eurico Miranda fica bravateando por aí, com a maior cara de tranqüilão (sinto muito, ainda não abro mão dos tremas), de que tudo está bem. Naturalmente, alguém se deu conta de que algo estava errado na cena e começaram a investigar. E aí surgiu a fumaça.

De cara, essa imagem aí do feicibuque do Kajuru. Também tem esse post no blog do Rímoli, no R7.

Não vou discutir as informações e as fontes deles. E partindo do princípio de que onde há fumaça, há fogo, começo a levar a virada de mesa razoavelmente a sério. Assim, partindo do princípio de que a decisão já está tomada ou em vias de (a despeito da legislação que proíbe mudanças de regulamentos de um ano para o outro), resolvi propor uma fórmula para o Novo Brasileirão.

A primeira coisa seria a transformação das 4 divisões atuais em duas. Assim, séries A e B formariam a Nova Série A, com 40 clubes. Enquanto isso, C e D formariam a Nova Série B com 60 clubes.

E a disputa se daria da seguinte forma. Na A, quatro grupos de 10, jogando em dois turnos. Os quatro primeiros se classificam para oitavas, quartas, semi e finais. O último de cada grupo seria rebaixado.

Os grupos seriam formados por sorteio com os clubes divididos em quatro potes, segundo ranking de aproveitamento com base na média de aproveitamento dos últimos 5 anos para os 16 clubes de série A mais os 4 que subiriam da B. Assim teríamos 5 clubes A em cada grupo. Faz-se o mesmo com os 4 que cairiam mais os 12 da B mais os 4 que subiriam da C para a B. Ranqueados e divididos em 4 potes do mesmo jeito. E cada grupo também teria cinco clubes B.

Na segunda fase, cruzamento olímpico por índice técnico (% de aproveitamento) entre os 16 classificados com o melhor sempre decidindo em casa.

O Novo Brasileirão teria 26 datas. Assim, o campeonato pode parar quando a seleção joga e o calendário fica mais leve.

Esse formato permitiria que os grandes clubes visitassem “centros menores”, garantindo rendas e audiências.

Para a Nova Série B, a fórmula seria repetida com 15 clubes em cada grupo. Sobem os quatro semifinalistas. Como não existe descenso, minha proposta é garantir as vagas dos 9 primeiros de cada grupo (como na Série A). Assim, as 24 vagas restantes seriam preenchidas segundo os critérios que existem hoje para a disputa da série D. E seriam 36 datas.

Além de mais leve, o calendário do Brasileirão mais enxuto permite a volta das copas regionais paralelas aos estaduais, com os grandes clubes entrando nos estaduais nas fases finais, tipo quartas onde tem quatro grandes ou semi onde tem dois (não gostam de mata-mata?).

O que acham? Será que nossos brilhantes cartolas gostariam da ideia? Não seria uma virada de mesa classuda?

Entre brigadeiros e celulares

Vida de pai é um negócio sensacional. Mas às vezes dá um trabalho danado pra organizar a agenda e conciliar os interesses da prole com o nosso desejo filosófico-esportivo-carnavalesco. Ontem, por exemplo, foi um dia daqueles.

Nico Rosberg / Foto: Getty ImagesA manhã até que foi tranqüila e consegui assistir o GP de Mônaco inteiro: a previsível vitória de Rosberg e sua Mercedes, a nova panca de Massa (quase um replay do que houve no treino de sábado), um mexicano deixar escancarado a guerra de bastidores na McLaren e Sutil fazer duas ultrapassagens magníficas na Lowes e Vettel, que terminou em segundo, sair do principado ainda mais líder do que quando chegou. No fim, uma corrida bem decente, dentro dos padrões Mônaco.

Viva Tony

Meus problemas começaram à tarde, com as 500 milhas e a estréia no brasileirão. Sobre a corrida de Indianápolis, enquanto arruma bolsa, dá mamadeira, veste uma, calça a outra, serve a ração pras mocinhas e tudo o mais que envolve sair de casa com duas crianças e deixando duas cachorras, ia acompanhando. Mas era domingo de festinha, das 15 às 19h30. Ou seja, justamente na hora da decisão, quando faltavam umas 30 voltas para terminar, hora de ir.

Tony Kanaan vence a Indy 500Soube depois que Kanaan venceu. Sinceramente, achei sensacional. Gosto do sujeito, já foi campeão e bateu na trave algumas vezes. Então, agora pode dizer que sua (longa) passagem pela categoria está, finalmente, completa. Castroneves chegou a liderar, mas no passa e repassa do grupo da frente, terminou em sexto. Pra esse, que já venceu três vezes no templo e já foi campeão da dança dos famosos no país do Tio Sam, falta o título da categoria.

Começou

E, enfim, chegamos ao mais importante evento esportivo do final de semana. A estréia do Flamengo no campeonato brasileiro. Como já disse, estava na festinha, acompanhado de outros pais rubro-negros que tentavam acompanhar o embate do planalto pelo celular. E o 0 a 0 nos deixou bem desanimados e desconfiados. Mas assisti o VT quando cheguei em casa e até que fiquei surpreso.

O Flamengo nem jogou mal, a defesa bem postada, o time organizado, todos sabendo o que fazer com a bola. No meio, a inoperância de Renato foi compensada por Elias, em tarde inspirada. Dominamos o jogo e tivemos muitas chances de vencer, pelo menos quatro reais. E Felipe, que nem foi incomodado, teve a chance de posar para a foto de despedida do Neymar ao defender (sem rebote para a marca do pênalti!!!) um falta cobrada pelo moleque.

Rafinha perde gol / Foto: Agencia O GloboAgora, a indigência de nosso ataque foi assustadora. Hernane, o artilheiro do carioca, mostrou que suas caneladas – salvadoras contra quissamãs e caxias – não serão suficientes no certame nacional. E Rafinha, que contra os bambalas e arimatéias chegou a ser melhor que o Neymar, se encolheu. Mas esse tem potencial e tende a melhorar quando se acostumar com os jogos grandes em grandes estádios. Moreno entrou bem e, com ritmo, será o dono do ataque. E Carlos Eduardo… Sei lá o que dizer sobre ele. Mas, no geral, o que importa é que não desgostei não. Mas o sentimento de que perdemos dois pontos jogando fora de casa amargou a boca.

O próximo jogo será “em casa”, contra a Ponte. A obrigação é vencer, claro, mas não será fácil. O campo acanhado e o gramado pererecante de Juiz de Fora estão a favor da macaca. Ou seja, preparem as unhas e calmantes.

Brasileiraço

Picareta no Campeonato Estadual de 2011 / Foto: Fred HoffmanSe o brasileirão começou ontem, no próximo fim de semana acontece o Brasileiraço, com letra maiúscula mesmo. Entre quinta e domingo, no Saco de São Francisco, ali em Niterói, serão realizadas as oito regatas do 6º Campeonato Brasileiro da Classe Velamar 22 com largadas previstas, sempre, a partir das 13h. Não sei quantos barcos estarão na água, isso não importa. O que importa é que a tripulação do Picareta – na qual me incluo – está na ponta dos cascos. A turma do foquetinho azul do Boteco 1 promete garra, dedicação, empenho eeeeee tentar corresponder em campo eeeeeeeee tentar realizar o que o professor determinou eeeeeeee agradar a torcida eeeeeeeee fazer de tudo pra levar o caneco pra casa.

Vale ressaltar que o campeonato – SEM NENHUM INCENTIVO FISCAL – é patrocinado pela Focus Brindes, Noi, a cerveja concebida sem pecado, Yen Motors, Olimpic Sails e Känga Box. Então, obrigado e parabéns às cinco empresas.

Adeus ao Olímpico

Gosto muito do Olímpico. Na verdade, gosto muito de muitos estádios (mesmo os que não conheço). Principalmente aqueles que, mais do que se confundir, carregam a história de algum clube. Especialmente os grandes.

O Olímpico, claro, é um deles, estádio do Grêmio. Como bem disse o Rica Perrone, jogar com o Grêmio no Olímpico sempre tem uma carga que vai muito além da qualidade do time deles. Tem a ver com alma.

É mais ou menos como jogar contra o Flamengo no Maracanã. Nosso time pode estar cheio de wellingtons ou bujicas. É o Flamengo no Maracanã.

No próximo domingo acontece o último jogo do estádio Olímpico, o Grenal da última rodada desse brasileirão. Um jogo que não vale nada para a tabela, mas que vale demais para os dois clubes. Os donos da casa se despedindo sem querer deixar a história manchada; o eterno rival querendo carimbar a despedida. O jogo vale a honra, o caráter, a alma.

Para a torcida, que no ano que vem terá um novo estádio, uma dessas arenas modernosas, será o adeus ao seu grande templo.

Mas o que é que eu tenho com isso, deve ter alguém (se é que veio alguém aqui) se perguntando. Tenho que pelo Olímpico, entre todos os grandes estádios do país, sinto um carinho especial e – na hora da despedida – até uma certa melancolia.

Afinal de contas, foi no Olímpico que o Flamengo ganhou o único dos seus seis títulos brasileiros fora do Maracanã. Abaixo, então, minha singela homenagem.

Outro vídeo, esse produzido pela Zeppelin. Bela homenagem, diga-se. Mas faltou o Renato.

A confusão está só começando

Então, você gosta de futebol. Gosta de assisti-lo na TV, mesmo que os jogos transmitidos não sejam do seu time. E/Ou você se preocupa com seu clube, com o dinheiro que ele ganha e gasta, em como paga os salários de seus craques e como saneia as contas, paga as dívidas.

Então, mesmo que não tão de perto, está acompanhando o imbróglio em que se transformou a disputa pelos direitos de transmissão do campeonato brasileiro no triênio 2012-2014.

Pois o Grêmio é o primeiro dissidente do Clube dos 13 a fechar contrato com a Rede Globo. E é claro que vai dar confusão. Ou aumentar, melhor dizendo. Porque a partir do acordo fechado, algumas perguntas precisarão ser respondidas:

– Quanto o clube receberia pela licitação do C13, vencida pela Rede TV, e quanto vai receber da Globo?

– O CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) disse que fiscalizaria as negociações independentes. Vai fazer? Como? Há propostas por escrito de todas as TVs, sendo possível provar que a da Globo é a melhor?

– Qual será a reação de sócios e torcedores caso não seja comprovado que o clube ganhará mais com a negociação independente do que se estivesse com o C13?

Além de todas as discussões políticas e econômicas, essa história dos direitos de transmissão ainda vai se transformar numa guerra jurídica. Então, é bom não dar como certo qualquer acordo que seja anunciado nos próximos dias.

Alô você

E a história da licitação dos direitos de TV do campeonato brasileiro entre os anos de 2012 e 2014, que deveria terminar hoje com final feliz para todos os clubes, não está nem perto de acabar.

Globo já havia se retirado da concorrência. Hoje a Record também deu linha na pipa. Como Bandeirantes e SBT nem deram as caras, a Rede TV foi a dona da única proposta e – em tese – voltaremos a aturar o Fernando Vanucci apresentando os gols da rodada. Será?

De qualquer maneira, a cerimônia de hoje foi apenas mais um capítulo de uma novela que ainda vai se arrastar na justiça ao longo do ano. Reproduzo abaixo o post que o Juca Kfouri publicou em seu blog. Os grifos, claro, são dele.

O rato rugiu

Nem Globo, pelo menos por enquanto, nem Record, que jamais quis o futebol para valer, só quer ver a Globo se arder, mas RedeTV!

Que rugiu e levou, como no filme, “O rato que ruge”, quando um minúsculo ducado falido declara guerra aos Estados Unidos para ser absorvido e salvo, mas, por peripécias, obtém a rendição da nação mais poderosa do mundo.

E agora? O que fazer?

Por ironia, a RedeTV!, chamada nos acréscimos do segundo tempo, tem como seu comentarista de Política Urbana  o autor do Estatuto do Torcedor, José Luís Portella.

E o Bradesco e uma empresa estrangeira, que tem relações com a NBA, para respaldá-la.

Bradesco que vê aí a chance de disputar espaço com o Itaú, patrocinador do futebol global, da CBF e da Copa do Mundo no Brasil.

Se os bispos da Record mostraram mais uma vez que neles não se pode confiar, à Globo talvez caiba negociar com a RedeTV!.

Porque o Clube dos 13 promete não parar por aí.

Alega não só que cumpriu tintim por tintim o acordo que fez, junto com a Globo, no Cade, e que a emissora agora corre o risco de ser acusada de abuso do poder econômico caso procure fazer propostas melhores a cada clube dissidente, como se estivesse usando do direito de preferência do qual abdicou.

Mais: o Clube dos 13 vai procurar os clubes da Série B, para tentar melhorar o contrato com a TV de apenas R$ 30 milhões por ano até 2015.

E reforçar a ideia de formar a Liga, também com eles.

Até porque o Clube dos 13 é avalista e fiel depositário dos clubes que fizeram empréstimos já contando com o adiantamento do dinheiro da TV de 2012, com o que deram aos bancos cartas em que delegavam “poderes irrevogáveis” à entidade, argumento não utilizado até agora, mas que será utilizado a partir de agora.

Os dissidentes, por seu lado, argumentam que a Constituição lhe garanta autonomia e que nada os prende ao Clube dos 13, assim como a Globo estranha a diferença entre o discurso e o semblante do presidente do Clube dos 13 ao anunciar o vencedor da concorrência, além da falta da fiança bancária que era exigência inicial para a licitação.

Mas uma pegunta importante é a seguinte: o que farão nossos endividados clubes, dissidentes ou não, quando souberem que já há  mais R$ 300 milhões à disposição deles, os tais 20% de adiantamento do contrato de três anos que renderá R$ 1,548 bilhão só na TV aberta?

 

Novela da bola

Tudo é pressão. O C13 ameaçou os clubes dissidentes de publicar o ganharam até hoje com TV e quanto passariam a ganhar a partir da licitação que foi colocada na rua. O objetivo é constranger dirigentes frente a sócios e torcedores dos clubes, afinal é um negócio com muito, muito dinheiro. Tudo isso sem falar na dívida de todos com o Clube.

De quebra, o único que realmente anunciou sua desfiliação, não pode simplesmente bater a porta e dar o fora porque há uma carência de dois meses após o anúncio. De quebra, no caso do Corinthians, a desfiliação ainda precisa ser aprovada pelo conselho do clube.

Mas a concorrência está na rua e foram convidadas a Globo, Record, Bandeirantes, Rede TV e SBT. Pelos valores anunciados, só entrariam de verdade as duas primeiras. Mas a Rede Globo anunciou nessa sexta que está fora, que não apresentará proposta.

Assim, pressiona os dissidentes a continuar dissidentes e esvazia a tal concorrência. Porque seria necessário apenas o valor mínimo de R$ 500 milhões (algumas avaliações apontavam que o valor final poderia alcançar cifras entre R$ 800 milhões e R$ 1 bi). E com a saída dos dois clubes de maior torcida, acompanhados de outros de bastante relevância para audiência, será que o campeonato realmente interessaria à Record (ou qualquer outra)?

Enquanto isso, Ricardo Teixeira dá gargalhadas por ter desestabilizado a única entidade minimamente organizada que poderia lhe fazer frente.

Agora, e se os clubes se entenderem e a Record (ou outra) comprar os direitos? Porque após a recusa, entendo que a Globo não poderia voltar atrás. Como ficariam Ricardo Teixeira e a vênus platinada?

Estou realmente curioso pra saber como vai terminar essa novela, porque tenho a certeza absoluta que, no final, são os próprios clubes (todos) que sairão perdendo. Dos cartolas (todos), é impossível dizer o mesmo. Ou alguém duvida que eles nunca jogam pra perder?

Feliz 2011

Assim que o segundo gol saiu, o do título, na cobrança de pênalti, fiz a piada com os amigos que estavam por perto: “sempre disse que Negueba é craque”. Ironias do destino à parte, continuo achando que ele é muito bom jogador para o Mazembe. Sei que é menino, que pode evoluir muito, mas não acredito. Tomara que daqui a alguns anos ele esteja arrebentando nos profissionais e eu, feliz, dando o braço a torcer.

Foram 21 anos desde que Júnior Baiano, com passe de Djalminha, marcou o gol da vitória contra o Juventus, o moleque travesso da Mooca, na final da copinha de 1990. Pois o mais importante da conquista de hoje é o fato de que há muitos e muitos anos não tínhamos time de base com tantos bons jogadores. César é um goleiraço e, infelizmente, é o único que não é do Flamengo, seus direitos pertencem ao Sendas. Espero que Patrícia Amorim resolva logo isso.

E por falar em Patrícia, vejam sua declaração publicada na coluna do Renato Mauricio Prado de hoje:

Toda essa garotada é nossa. Para nos ajudar a trazer e a pagar o Ronaldinho, a contrapartida da Traffic foi o direito de vender a publicidade na camisa e ser parceira em alguns outros projetos, como o sócio-torcedor. Não houve, nem haverá nada com as divisões de base.

Isso significa que se o clube for bem gerido nos próximos anos, teremos um belo time e enormes possibilidades de retorno a médio prazo. Não, não vejo craques entre os garotos. Mas vejo muitos e muitos bons ou excelentes jogadores.

No mais, muito bom – depois de uma temporada inteira sem boas notícias – ver 2011 começando tão bem, com a mobilização pela chegada do dentuço e o título dos meninos. Só espero que jogadores profissionais e da base, diretoria, comissões técnicas e torcida continuem vivendo no sapatinho. Porque temos o Carioca, Copa do Brasil, Sulamericana e o Brasileirão. E, quem sabe, um 2011 inteiro tão feliz como tem sido janeiro.

Desde 1959

De pé: Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gylmar e Mauro. Agachados: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.

De pé: Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gylmar e Mauro. Agachados: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.

E o Robertão e a Taça Brasil, agora, são Campeonatos Brasileiros. Não, não vou ficar de picuinha porque – com essa decisão – o Rio-São Paulo ganhou valor de Brasileiro. Sejamos razoáveis, naquele tempo só existia futebol de verdade nas duas pontas da Dutra.

Mas essa decisão traz algumas curiosidades. Primeiro é preciso entender que a decisão da CBF foi pela equiparação e não pelo reconhecimento. Afinal, os títulos dos dois torneios sempre foram reconhecidos, a eles sempre foi dada a importância devida. O que muda é que, a partir de hoje, Taça Brasil e Robertão valem como Brasileirão.

Com isso, além de passarmos a ter um pentacampeão brasileiro legítimo (Santos de 61 a 65), temos dois octacampeões brasileiros: Palmeiras e o próprio Santos.

Aliás, para a torcida arco-íris que não se conformava pelo fato do Flamengo ter conquistado dois cariocas no mesmo ano (1979), vai fazer o quê? Arrancar as calças pela cabeça? Pois o Palmeiras, com essa decisão, passou a ser bicampeão brasileiro no mesmo ano (1967). E 1968, que passou a ter dois campeões brasileiros: Botafogo (Taça Brasil) e Santos (Robertão)?

Botafogo, que agora é bi e tem Mané e companhia limitada reconhecidos, assim como o Cruzeiro e o time histórico de Tostão e Dirceu Lopes.

O Atlético Mineiro perdeu o posto de primeiro campeão brasileiro (1971) para o Bahia (1959), que agora é bi. Andrade e Zinho deixam de ostentar o orgulho de conquistar o título mais vezes como jogadores (cinco), honra que passa a ser de Pelé, Melgálvio e Coutinho (1961-65 e 1968), sempre pelo Santos.

E agora, a torcida pode gritar a plenos pulmões e com razão, ao contrário de alguns dias atrás, que o Fluminense é tricampeão brasileiro. Parabéns.

Agora, a CBF podia aproveitar o embalo e resolver a cagalhopança que seu presidente e vice, Octávio Pinto Guimarães e Nabi Abi Chedid, fizeram ao lado de Eurico Miranda em 1987.

Crise na Gávea

A foto de Cezar Loureiro (O Globo) é um bom resumo do que foi o jogo entre Flamengo e Vasco ontem à noite. Pelada de dar gosto… Não vi o jogo ao vivo por compromissos familiares, mas o silêncio que ouvia a três quateirões do Maraca era sintomático. Até que, já próximo das 20h30, ouvi um certo estrondo no maior e mais belo estádio do mundo, acompanhado de alguns gritos e até buzinas nas janelas ao redor da varanda em que eu estava. No meio daquele barulho, consegui perceber que a palavra Vasco (desculpem) foi dita por duas ou três pessoas.

Pensei: foi pro saco, perdemos o jogo.

Mas qual não foi minha surpresa quando, ao acessar o computador disponível mais próximo, descobri que os caras estavam comemorando o fato de não levar um gol. Como assim? Desde quando torcida de time grande comemora 0 a 0 de meio de campeonato?

E aí caiu a ficha. Crise na Gávea!

Pombas, empatamos com os caras que já entram em campo derrotados, com os caras que há trocentos anos não conseguem ganhar nada, nenhum jogo importante da gente. Imaginem se quebrariam a sina justamente no jogo de despedida do Mário Filho? Claro que não.

Ou seja, apesar do mau momento, do time fraco e do técnico ruim, algumas coisas na relação entre o Flamengo e a turma da colina são mais fortes que fanfarras momentâneas como estréias de ‘craques’ que nosso clube recusou. A incapacidade deles de vencer é uma delas. E os caras estão até agora soltando fogos por conta da boa atuação de seu goleiro.

P.S.: e eu caí na asneira de assistir ao VT do jogo.

Vida que segue

Na verdade, aconteceu o que era previsto. Depois de entregar a rapadura dentro de casa, depender de um jogo especial, de uma noite inspirada, não é algo em que se possa confiar. E o que me deixa puto nem é a eliminação, ganhar e perder faz parte do jogo. O que me deixa puto é saber que se os caras tivessem jogado no Maracanã com a metade da vontade de ontem, estaríamos classificados sem sofrimento algum.

O time do Flamengo não é ruim. Pelo contrário, o elenco rubro-negro está entre os melhores do país. Mas há tanta coisa errada no clube que, se pensarmos bem, as coisas não poderiam dar certo mesmo. Desde uma autosuficiência irritante, quase um salto alto, até todas as confusões do Adriano, passando pela falta de pulso do Andrade, a permissividade do Marcos Braz, a demissão de toda a cúpula do futebol, a manutenção de Isaías Tinoco (que não serve pra nada) e a falta de um vice de futebol (já faz um mês que o cargo está vazio) capaz de organizar a bagunça.

Se o Flamengo estivesse jogando, desde o início do ano, com metade da vontade que mostrou ontem, teríamos conquistado o carioquinha, nadado de braçadas na primeira fase da Libertadores e, claro, tudo seria diferente. Poderíamos ser eliminados da mesma maneira, mas não teríamos a sensação de bancamos os bobos.

Apesar de tudo isso, eu realmente acreditava que voltaríamos do Chile classificados. Por todas as questões emocionais que envolveram o time nos últimos dez dias, desde a não convocação óbvia de Adriano até a provocação desnecessária do técnico adversário. E se olharmos apenas para o jogo de ontem, 2 a 1 foi muito pouco. Mas o ‘quase’ de ontem foi apenas a cereja do bolo, apenas o enfeite que faltava para encerrar o semestre perdido.

No final das contas, temos uma geração (Leo Moura, Bruno, Juan, Angelim, Toró e outros menos cotados) que estão entrando para a história do clube por algumas conquistas e pelas oportunidades perdidas e inúmeros vexames dentro de casa. Libertadores foram três, além de uma Copa do Brasil e outras competições menos votadas. Mesmo assim, ainda terão uma nova chance depois da Copa do Mundo. O Flamengo está na Sulamericana que, a partir deste ano, dá ao campeão a vaga na Libertadores do ano seguinte. E, claro, há o Brasileiro

Outra história que marcará esse time é a queda do Império do Amor, mais um ataque de grife que passou pela Gávea e não conquistou nada. Injustiça com Vagner Love, que sempre entrou em campo para honrar a camisa, correndo como louco e se entregando sempre, mesmo quando jogava mal. Sobre Adriano… Não adianta, nunca gostei dele e acho que ele não faz bem a clube nenhum. Mas hoje ele é jogador do meu time e isso me incomoda.

O que se espera é que Patrícia Amorim tome as devidas providências para que o ano inteiro não vá por água abaixo.

E o que acontece daqui pra frente? Seremos zoados por alguns dias por toda a torcida arco-íris, teremos cinco jogos pelo Brasileiro antes da parada para a Copa. Se tudo acontecer dentro do normal, vamos perder os próximos dois ou três, com o time abalado pela eliminação. Perderemos alguns jogadores para o segundo semestre, outros serão contratados e vida que segue.

O manto, será sempre sagrado. Eu, sempre (e cada vez mais) rubro-negro. E a turma da torcida arco-íris seguirá sendo mais feliz pelos pequenos tropeços do Flamengo do que por suas efêmeras conquistas.