Começou mal a temporada 2011 da Fórmula 1 para os brasileiros. Muito mal, na verdade. A semana começou com uma entrevista de Stefano Domenicali, chefe de equipe da Ferrari ao Corriere della Sera, avaliando o campeonato que mal terminou e já analisando o próximo ano. Vejam só o que ele disse sobre Felipe Massa.
Ogni pilota sa che se non porta risultati è il primo a pagarne le conseguenze. Felipe deve affrontare la prossima stagione sapendo che è fondamentale per lui, come pilota e come uomo Ferrari. (Todo piloto sabe que se ele não traz resultados é o primeiro a sofrer as consequências. Felipe tem que enfrentar a próxima temporada, sabendo que é fundamental para ele como piloto e como homem da Ferrari).
Além disso, ainda há trechos em que se refere a uma espécie de reconquista dos membros da equipe e inclui um recado sobre parar de reclamar do aquecimento dos pneus ao fim de treinos e corridas. Se para bom entendedor um ponto é frase, o que se pode dizer de declarações assim, parágrafos inteiros?
A outra novidade foi o anúncio, agora há pouco, da lista de equipes, pilotos e seus números para o próximo ano.
Como podem ver, Senna e Di Grassi não aparecem na lista. Sobre o primeiro sobrinho, há uma série de circunstâncias que envolvem a sua não apresentação como piloto da Lotus no ano que vem. Em tese, estava tudo certo: acordo firmado, a Lotus vem de motor Renault e seria preta e dourada, remetendo à primeira vitória de Ayrton na F1, em Estoril 85, e aos vários anos em que o time foi patrocinado pela John Player Special. Mas…
A Lotus que vimos neste ano é, na verdade, 1Malaysia com a cessão de uso do nome Lotus que é de propriedade da Proton. O problema é que a proprietária resolveu entrar na brincadeira, negociando com a Renault, e quer proibir a equipe atual de continuar com o nome. A briga já está na justiça, mas parece que o time atual já está entregando os pontos. Na GP2, por exemplo, a Proton vai estrear como Lotus em 2011 enquanto o time de Tony Fernandes será o Air Asia. E como o acordo com o primeiro sobrinho não foi adiante…
O que pode acontecer com ele, então? Muita coisa e nada. Pode continuar na Hispania (se é que ela estará mesmo no grid), o que contiuaria não o levando a lugar nenhum ou pode tentar uma vaga em uma das equipes que ainda não definiram pilotos ou pode ir embora da F1 ou pode até dar um passo atrás para, quem sabe no futuro, dar dois à frente, assinando como piloto de testes de algum grande time (é o que acho menos provável).
Depois dos fiascos de Cristian e Nelson Angelo, Bruno parece ser a confirmação de que nenhum dos nossos três sacros sobrenomes terão descendentes à altura.
Outro brasileiro que ainda não sabe o que fará em 2011 é Lucas di Grassi. Sua equipe (ou arremedo) foi vendida para uma fábrica de carros esportivos russos e, em 2011, será a Marussia Virgin Racing. Ainda não se sabe se os donos do dinheiro vão querer um russo imediatamente (e Deus sabe no lugar de quem) ou se investirão na equipe com os pilotos atuais – Glock e di Grassi – até que a equipe se desenvolva de verdade para, então, apostar em um piloto da casa sem queimá-lo (seja lá quem for) em carros ruins.
No final das contas, o brasileiro em melhor situação – mesmo sem qualquer chances de disputar o título – é o quase ancião Rubens Barrichelo. Na Williams, conseguiu desenvolver um carro muito limitado em um time com orçamento muito limitado e salvar um ano que começou muito mal, conseguindo resultados frequentes na zona de pontos, com atuações convincentes e até passagens épicas, como a ultrapassagem sobre Schumacher na Hungria.
O que é estranho é a não confirmação de Pastor Maldonado ao lado do brasileiro. Será que o dinheiro da PDVSA não chegou? E o que faria o time que já agradeceu a Hülkenberg pelos serviços prestados?
Entre todos os outros pilotos e equipes, poucas novidades. Como era esperado, os quatro times principais mantém sua dupla de motoristas. Na Renault, Petrov está quase confirmado ao lado de Kubica para sua segunda temporada, independente da confusão Lotus X Lotus. A Toro Rosso é outra que terá novidades. Apesar de oficialmente ainda não estar lá, vai continuar com a dupla Buemi e Alguersuari. Por fim, o único time que realmente está indefinido é a Force India, sobre a qual não me arrisco a fazer comentários, pois há boatos de que – mesmo contra a vontade da equipe – Liuzzi faria valer uma cláusula de seu contrato para continuar.
Vale lembrar que essa é só a primeira lista. Será que muita coisa muda até o início da pré-temporada?
2ª edição
Pastor Maldonado foi confirmado hoje como piloto da Williams para, em 2011, correr ao lado de Barrichelo. O acordo é de dois anos e, de acordo com Victor Martins, a PDVSA vai desembolsar aproximadamente R$ 60 milhões pelas duas temporadas. Resta saber se o carro continuará azul e branco ou se vai assumir tons de vinho e quanto tem vai demorar para que Hugo Chavez resolva construir um autódromo e pleitear a presença da Fórmula 1 na Venezuela.