Ainda bem que nem só das bandalheiras agora oficializadas vive o automobilismo, especialmente a Formula 1. Afinal, a confusão da equipe de Maranello não foi o único tema da pauta do Conselho Mundial da Fia. Mas antes de tratar do que foi dito e decidido na Praça da Concórdia, falemos da nossa querida terra brasilis.
O site Grande Prêmio publicou hoje uma matéria com o croqui do que seria o novo autódromo do Rio de Janeiro. Na verdade, imagem de um estudo conceitual do complexo que substituirá o destruído Jacarepaguá.
O desenho mostra um circuito misto de 4.715 metros, com 19 curvas, e um circuito oval (sem indicação de comprimento da pista, uma área onde haveria um complexo poliesportivo e um kartódromo de 1.344 metros. Sua localização: Deodoro.
Como disse um amigo, infelizmente pelas experiências anteriores, só vou acreditar que é real quando eu estiver sentado na arquibancada para assistir à primeira corrida, não importa de que categoria.
Levando-se em conta que é apenas uma apresentação conceitual de todo o projeto, não vou – agora – analisar o circuito ridículo que foi apresentado. Mas quero falar de Deodoro.
De acordo com o desenho, o complexo ficaria – na verdade – no bairro de Ricardo de Albuquerque, cerca de 40km do centro, com acesso apenas pela terrível Av. Brasil (que separa os dois bairros) ou por trem. Não há metrô, não há aeroportos nas proximidades (o Campo dos Afonsos é de uso militar), não há estrutura para hospedagem para as centenas (ou até milhares) de pessoas que formam os circos de qualquer grande categoria, rodeado por favelas perigosas dominadas pelo tráfico de drogas ou milícias, sem qualquer atrativo turístico. Ou seja, a pergunta que não quer calar é: alguém acredita na viabilidade desse projeto?
Pois é, eu insisto: só acredito vendo da arquibancada e vestindo meu colete à prova de balas.
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Voltando aos anúncios de ontem em Paris, a Fia publicou o calendário da próxima temporada, com as 20 provas sonhadas por Bernie Ecclestone.
Como vocês viram aí em cima, a novidade da hora é que a Índia (mais um cantão desse mundo de meu Deus que não tem qualquer história ou tradição automobilística) receberá uma etapa do mundial e o Brasil volta a receber a última corrida. Mas, sobre o calendário, é preciso lembrar que em 2012 voltaremos a ter o GP dos EUA. Qual circuito será abandonado? A ver.
Outra decisão apresentada ontem foi a não inscrição de uma nova equipe para ocupar a 13ª vaga disponível no grid da F1. Segundo a Fia, nenhuma das postulantes atingiu os requisitos necessários. O que, depois dos casos de Hispania e Virgin, soa ridículo que a espanhola Epsilon Euskadi não possa entrar. De qualquer maneira, ainda há rumores de ela possa fazer um acordo ou até comprar a Hispania. Outro postulante, a parceria Jacques Villeneuve e Durango também já dizem estar pensando em um plano B, como a compra de alguma outra equipe. Como há várias escuderias com problemas financeiros, não estranhem se tivermos novas equipes ocupando os boxes no ano que vem.
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Mas a Fia não cuida apenas da F1 e ontem também divulgou o calendário do WTCC, o campeonato mundial de turismo. Curitiba voltará a sediar uma prova, abertura do campeonato. E há rumores de que Cacá Bueno (que já correu uma etapa como convidado neste ano) faça parte de um projeto da Honda, em parceria com um piloto argentino. Por enquanto, tudo é boato. Mas será que é por acaso que a segunda prova do ano será, justamente, na Argentina? Outra coincidência: quando correu no TC2000, principal certame de nossos hermanos, Cacá foi piloto da equipe Honda-Petrobras, uma patrocinadora brasileira. Como a falta de grana também atingiu o campeonato, inclusive com a retirada de algumas equipes, como a oficial da Seat, será que os organizadores estariam tentando agradar alguém que quer investir? Hummm… Tudo isso é elocubração sobre alguns boatos. Mas com muitas coincidências envolvidas.