É mentira, Terta?

Ainda bem que nem só das bandalheiras agora oficializadas vive o automobilismo, especialmente a Formula 1. Afinal, a confusão da equipe de Maranello não foi o único tema da pauta do Conselho Mundial da Fia. Mas antes de tratar do que foi dito e decidido na Praça da Concórdia, falemos da nossa querida terra brasilis.

O site Grande Prêmio publicou hoje uma matéria com o croqui do que seria o novo autódromo do Rio de Janeiro. Na verdade, imagem de um estudo conceitual do complexo que substituirá o destruído Jacarepaguá.

O desenho mostra um circuito misto de 4.715 metros, com 19 curvas, e um circuito oval (sem indicação de comprimento da pista, uma área onde haveria um complexo poliesportivo e um kartódromo de 1.344 metros. Sua localização: Deodoro.

Como disse um amigo, infelizmente pelas experiências anteriores, só vou acreditar que é real quando eu estiver sentado na arquibancada para assistir à primeira corrida, não importa de que categoria.

Levando-se em conta que é apenas uma apresentação conceitual de todo o projeto, não vou – agora – analisar o circuito ridículo que foi apresentado. Mas quero falar de Deodoro.

De acordo com o desenho, o complexo ficaria – na verdade – no bairro de Ricardo de Albuquerque, cerca de 40km do centro, com acesso apenas pela terrível Av. Brasil (que separa os dois bairros) ou por trem. Não há metrô, não há aeroportos nas proximidades (o Campo dos Afonsos é de uso militar), não há estrutura para hospedagem para as centenas (ou até milhares) de pessoas que formam os circos de qualquer grande categoria, rodeado por favelas perigosas dominadas pelo tráfico de drogas ou milícias, sem qualquer atrativo turístico. Ou seja, a pergunta que não quer calar é: alguém acredita na viabilidade desse projeto?

Pois é, eu insisto: só acredito vendo da arquibancada e vestindo meu colete à prova de balas.

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Voltando aos anúncios de ontem em Paris, a Fia publicou o calendário da próxima temporada, com as 20 provas sonhadas por Bernie Ecclestone.

Como vocês viram aí em cima, a novidade da hora é que a Índia (mais um cantão desse mundo de meu Deus que não tem qualquer história ou tradição automobilística) receberá uma etapa do mundial e o Brasil volta a receber a última corrida. Mas, sobre o calendário, é preciso lembrar que em 2012 voltaremos a ter o GP dos EUA. Qual circuito será abandonado? A ver.

Outra decisão apresentada ontem foi a não inscrição de uma nova equipe para ocupar a 13ª vaga disponível no grid da F1. Segundo a Fia, nenhuma das postulantes atingiu os requisitos necessários. O que, depois dos casos de Hispania e Virgin, soa ridículo que a espanhola Epsilon Euskadi não possa entrar. De qualquer maneira, ainda há rumores de ela possa fazer um acordo ou até comprar a Hispania. Outro postulante, a parceria Jacques Villeneuve e Durango também já dizem estar pensando em um plano B, como a compra de alguma outra equipe. Como há várias escuderias com problemas financeiros, não estranhem se tivermos novas equipes ocupando os boxes no ano que vem.

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Mas a Fia não cuida apenas da F1 e ontem também divulgou o calendário do WTCC, o campeonato mundial de turismo. Curitiba voltará a sediar uma prova, abertura do campeonato. E há rumores de que Cacá Bueno (que já correu uma etapa como convidado neste ano) faça parte de um projeto da Honda, em parceria com um piloto argentino. Por enquanto, tudo é boato. Mas será que é por acaso que a segunda prova do ano será, justamente, na Argentina? Outra coincidência: quando correu no TC2000, principal certame de nossos hermanos, Cacá foi piloto da equipe Honda-Petrobras, uma patrocinadora brasileira. Como a falta de grana também atingiu o campeonato, inclusive com a retirada de algumas equipes, como a oficial da Seat, será que os organizadores estariam tentando agradar alguém que quer investir? Hummm… Tudo isso é elocubração sobre alguns boatos. Mas com muitas coincidências envolvidas.

O meu calendário

Virou notícia entre hoje e ontem a apresentação do traçado do novo autódromo de Austin, que receberá a F1 a partir de 2012. Mais uma obra de Herman Tilke, o sujeito que desenhou todos os últimos circuitos homologados pela FIA para as principais categorias do mundo nos últimos anos. E como quem acompanha sabe, um monte de pistas sem personalidade, sem gosto.

Dessa vez, no entanto, ele saiu do padrão reta-cotovelo-retinha-muitas curvas de baixa-reta. Pelo contrário, ao invés de tentar desenhar algo novo, fez bom uso do relevo do terreno e ainda usou referências de outras pistas que deram certo, como Silverstone, Hockenheim e Istambul. De quebra, uma reta de 1,2km. Resumindo, cheiro bom. Tomara que se confirme.

Inspirado pelo novo desenho e pela passagem da F1 por Spa, resolvi olhar os autódromos que estão por aí, levando em conta a máxima de que “pista boa, corrida boa”.

Ao longo dos anos, especialmente nos últimos 20 anos, algumas circunstâncias provocaram mudanças significativas no calendário, excluindo corridas clássicas e incluindo novos circuitos em locais nada afeitos ao automobilismo. Entre eles, a segurança, especialmente após a morte de Senna. Mas o dado mais importante, a grana.

Graças a isso e mais alguma coisa, um campeonato que era praticamente todo disputado na Europa, com viagens a América do Norte (Canadá, EUA e México), América do Sul (Brasil e Argentina), Japão, Austrália e África do Sul (apesar do apartheid), hoje passa pelo Oriente Médio (Bahrain e Abu Dhabi) e passeia pela Ásia (China, Malásia, Cingapura e Coréia do Sul, além do Japão), em locais em que é comum ver arquibancadas vazias. Afinal, países que não tem qualquer tradição automobilística. E a Índia ainda vem aí.

Enquanto isso, pistas como Hockenheim foram mutiladas e países tradicionais como França e Portugal não recebem mais a Fórmula 1.

Tentei, então, separar que pistas ainda valem realmente a pena, no calendário deste ano, e cheguei a cinco circuitos que, quase sempre, nos dão boas corridas de presente: Interlagos (Brasil), Montreal (Canadá), Spa (Bélgica) e Suzuka (Japão). Mas aí, como um campeonato não seria bom se disputado em looping em apenas quatro lugares, separei mais cinco que – pela tradição, por boas provas mesmo num circuito bobo ou por uma boa idéia, como sua famosa curva 8 – poderiam fazer parte do calendário: Istambul (Turquia), Melbourne (Austrália), Mônaco (Monte Carlo), Monza (Itália) e Silverstone (Inglaterra).

Como em 2011 o campeonato promete ter 20 provas (a Índia vem aí…), fui procurar mais 11 circuitos que, ao meu gosto, poderiam nos divertir ao longo do ano. Sem saudosismos inúteis, tentei separar entre os autódromos que poderiam ser usados imediatamente, com poucas adaptações, afinal a ordem é gastar pouco.

Meu campeonato, então, ficaria assim: Kyalami (África do Sul), Buenos Aires (Argentina), Interlagos (Brasil), Hermanos Rodrigues (México), Watkins Glen (EUA), Montreal (Canadá), Silverstone (Inglaterra), Estoril (Portugal), Jerez (Espanha), Mônaco (Monte Carlo), Ímola (San Marino), Nurburgring (Europa), Melbourne (Austrália), Suzuka (Japão), Paul Ricard (França), Zandvoort (Holanda), Istambul (Turquia), Spa (Bélgica), Hockenheim, o antigo (Alemanha) e Monza (Itália).

E aí, alguém tem alguma outra idéia?

A vida além da Jabulani

É meus amigos, estamos a dois dias de começar a Copa, mas ainda há vida fora da África do Sul.

Pelo mundo, a novidade mais do que esperada veio da reunião do conselho de segurança da ONU, que impingiu novas sanções ao Irã. Com os devidos votos contrários de Brasil e Turquia, claro. Parece besteira, mas o recado foi mais do que claro: vocês não são ninguém, não mandam porra nenhuma, aquele acordo mequetrefe que vocês assinaram com o maluco não valeu de nada e sua estada no conselho de segurança é só pra inglês ver. Simples assim.

Por aqui, apesar da bagunça pelos jogos da seleção canarinho na terra de Mandela, é bom não esquecer que estamos em ano de eleição. Aliás, a campanha começa oficialmente no dia 6 de julho, cinco dias antes da final. E se até lá, não tem ninguém muito aí pra qualquer coisa, tem um detalhe que está passando e ninguém está se dando conta. Fizeram um barulho danado pelo tal projeto Ficha Limpa (que eu também assinei), ele passou na câmara e no senado, mas ainda aguarda sanção do apedeuta. E ta todo mundo tão preocupado com a forma física de Kaká, a dor lombar do Julio César e a falta de criatividade no meio de campo da seleção, que não tem ninguém cobrando o chamegão do presidente. É isso mesmo, foi tudo em vão?

Voltando a falar de bola, essa história de parada de campeonato por causa da copa é f*#%$a. Faz falta ver o Flamengo jogar, mas o problema maior é quantidade de boatos que rondam a Gávea e uma tal Selemengo que já teve 800 versões, mas que até agora não saiu da imaginação. Falam num monte de gente, grandes craques etc., mas papel assinado que é bom, nada. Depois, não resolvem nada e desperdiçam o tempo parado que deveria ter sido utilizado para arrumar o time. Ô presidenta, vambora trabalhar…

Pra terminar, Fórmula 1. Neguinho conseguiu marcar três corridas no período da copa, uma no dia da final. To imaginando os sorrisos estampados nos rostos dos patrocinadores se dando conta de que ninguém vai olhar direito para os supercarrinhos enquanto a farra sulafricana não acabar. Pombas, os gênios do marketing da categoria não se deram conta que uma Copa do Mundo chama muito mais atenção que qualquer outro evento esportivo da terra, incluídos aí os jogos olímpicos? Custava fazer uma parada de um mês no campeonato?

Para o bem ou para o mal, domingo agora tem GP do Canadá? Grande pista, possibilidade de chuva, probabilidade de uma baita corrida no seco ou no molhado. E quase ninguém prestando atenção. Enquanto FIA e FOM dão seu tiro no pé, Webber renovou com a Red Bull, Massa fica na Ferrari até 2012 e a Academia de Maranello contratou um canadense de 11 anos para garantir o futuro do cavalinho rampante.

Por hora é isso. E a partir de amanhã, começo a publicar meus palpites para cada um dos jogos, uma espécie de bolão. Será que vou acertar muito? Provável que não, mas você, um da meia dúzia de oito ou nove amigos/leitores que passam por aqui, pode se preparar para brincar também.

Só acredito vendo

Coincidência ou não, depois de publicar o post anterior, fui dar uma volta pelos blogs de automobilismo para saber como estão as coisas em Mônaco (tem corrida no domingo). E olhem o texto que encontrei no A mil por hora, do Rodrigo Mattar.

Rio de Janeiro, 12 de maio de 2010 – O Ministério do Esporte, por meio da Secretaria de Alto Rendimento, a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) se reuniram ontem,  terça-feira, 11 de maio, em Brasília, para tratar da construção do novo autódromo internacional do Rio na região de Deodoro, zona norte da cidade.

Em razão da construção do Parque Olímpico dos Jogos Rio 2016, a ser erguido na área onde está o atual Autódromo de Jacarepaguá, o governo federal propôs à CBA e à Federação de Automobilismo do Rio que o novo circuito fosse construído em um espaço próximo do Complexo Esportivo de Deodoro, construído para os Jogos Pan-americanos Rio 2007.

Na reunião, as partes decidiram dar início ao processo de providências para a construção. Será formado um grupo técnico com representantes das três partes para estudar o projeto da nova pista. O grupo terá prazo de dois meses para ouvir todas as partes interessadas, em especial o setor de automobilismo, e apresentar suas conclusões.

Os dois governos assumem o compromisso de compatibilizar o cronograma das obras do novo circuito em Deodoro com as obras do parque olímpico no autódromo de Jacarepaguá, de modo a não inviabilizar o calendário do automobilismo nacional.

De sua parte, a CBA se incumbe de ouvir as entidades do automobilismo para preparar o projeto técnico, de forma que o novo autódromo atenda a todos os requisitos do esporte. A Confederação vai oferecer aos governos todo o suporte técnico para o projeto de construção e buscar a homologação das entidades do setor.

Além do autódromo, novo circuito deverá ter um kartódromo, espaços multiuso e áreas esportivas como quadras e ginásio. Prevê-se ainda a implantação de projetos sociais e escolinhas voltadas para o automobilismo.

Para o presidente da CBA, Cleyton Pinteiro, a solução “atende ao anseio dos automobilistas de que o Rio de Janeiro tenha novamente um autódromo de padrão internacional. A partir da construção da nova pista, os grandes eventos automobilísticos mundiais poderão retornar ao Rio”.

Já o secretário Ruy Cezar Miranda Reis, da Prefeitura do Rio, disse que os governos vão viabilizar a construção do novo circuito, e a CBA cuidará da parte esportiva, “de modo que o Rio volte a ter um autódromo capaz de receber provas internacionais de grande porte”.

O secretário de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, lembra que o governo federal sempre se colocou à disposição para ajudar a resolver a situação do autódromo internacional do Rio de Janeiro, que, em razão da escolha da cidade como sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, precisa ser remanejado para outra localização. Para ele, “a decisão de transferi-lo para Deodoro é benéfica ao automobilismo porque vai oferecer uma estrutura completamente moderna, ampla, multifuncional, em uma região da cidade que se encaminha para se consolidar como um polo esportivo do Rio de Janeiro”.

Em área próxima de onde ficará o novo autódromo se localiza o Complexo Esportivo de Deodoro, construído pelo governo federal para os Jogos Pan-americanos, que abriga centros de hipismo, tiro esportivo, pentatlo moderno, hóquei sobre grama e judô. Futuramente ali será construída uma pista de atletismo no padrão da IAAF. Para os Jogos Rio 2016, em espaço contíguo ao atual complexo, será construído o Parque Radical dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, que vai comportar as modalidades de canoagem slalom, ciclismo BMX e mountain bike, além de quadras poliesportivas, campo de futebol, pistas de skate, parede de escalada indoor e acomodações para atividades físicas. A região de Deodoro é a que possui maior índice de população jovem no município do Rio.

O presidente da Federação de Automobilismo do Estado do Rio de Janeiro, Djalma Neves, também participou da reunião.

Wagner Gonzalez
Assessoria de Imprensa
Confederação Brasileira de Automobilismo
(11) 8326 6630

Sueli Scutti
Ministério do Esporte – Secretaria de Alto Rendimento
Coordenação da Assessoria de Imprensa do Comitê de Gestão das Ações Governamentais Federais para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016
Telefones (61) 9162.6499 e (21) 3808.4484

Não me preocupei em esconder os telefones porque o texto está publicado deste jeito no site da CBA. Curiosamente, a reunião que pretensamente iniciou a recuperação do Rio de Janeiro como praça de referência no automobilismo brasileiro e mundial (sonhar não custa nada) aconteceu justamente no dia do 70º aniversário de Interlagos.

O problema é que essa novela do autódromo carioca já está mais do que velha. E aí, só resta ser como São Tomé.

Setentinha

Ontem foi aniversário de Interlagos. Setenta anos de história, muitas fases distintas desde a inauguração em 1940 até a reforma que – apesar de ter destruído uma das melhores pistas do mundo – salvou o autódromo. Pouca gente sabe, mas Interlagos escapou por pouco de se transformar em conjunto habitacional.

Fui a Interlagos três ou quatro vezes, no máximo, e a história de minha última visita está aqui. O traçado antigo, só vi pela televisão, na época que a Bandeirantes transmitia as corridas da Stock Car. Uma época em que Paulo Gomes e Ingo Hoffman contornavam a Ferradura a bordo de seus Opalas.

E, ao comemorar o aniversário do autódromo paulista, é impossível para um carioca apaixonado por corridas de automóveis não entrar em depressão pelo que o ex-prefeito e o presidente do COB fizeram com Jacarepaguá.

Em São Paulo, Um, Dois, Retão, Três, Quatro, Ferradura, Lago, Oposta, Sol, Sargento, Laranja, S, Pinheirinho, Bico do Pato, Mergulho, Junção, Café, Boxes. Renovado, S do Senna, um trecho na contramão do original, 70 com corpinho de 20. No Rio, Molykote, Pace, Nonato, Norte, Retão, Sul, Girão, Morette, Lagoa, Box, Vitória. Mutilado, um moribundo abandonado…

O primeiro legado, o primeiro engodo

Uma das tragédias do Pan 2007 e, por conseqüência, dos jogos Rio 2016 é o entendimento que para realizar um evento e construir novas instalações esportivas o princípio de tudo é a destruição de uma outra praça esportiva. Apesar de não fazer o menor sentido, foi isso que aconteceu.

Para construir uma arena, um parque aquático e um velódromo, mutilaram um espaço de classe mundial, o Autódromo Nélson Piquet. Com a definição do Rio como sede olímpica, o pouco que sobrou da pista será destruída definitivamente.

Autódromo de Jacarepaguá em 1964. Nessa pista foram realizadas algumas edições dos 1.000 km da Guanabara.

Autódromo de Jacarepaguá em 1964. Nessa pista foram realizadas algumas edições dos 1.000 km da Guanabara.

Então, agradeçamos a Nuzman, César Maia, Eduardo Paes, Sergio Cabral, Lula etc etc etc (além da luxuosa colaboração da Confederação Brasileira de Automobilismo e sua completa falta de interesse e atuação).

É bom lembrar que Jacarepaguá viu provas de Fórmula 1, com vitórias de Nélson Piquet, o reinado de Alain Prost e um histórico segundo lugar de Emerson a bordo do Copersucar. A pista também recebeu a Moto GP e os cariocas se curvaram a Valentino Rossi. André Ribeiro foi outro brasileiro a brilhar no complexo, vencendo uma das poucas corridas da Indy que o Rio sediou. Além de boa parte da história do automobilismo nacional, é claro.

Ou seja, essa turma conseguiu destruir mais de 30 anos de história (claro que só estou me referindo ao autódromo moderno), um circuito misto apontado como dos melhores e mais seguros do mundo, um oval médio e original com duas freadas fortes e um kartódromo.

E aí, nosso fabuloso ex-prefeito (aquele que começou a destruição), em seu ex-blog, resolve fazer farofa e grita aos quatro ventos que é preciso construir um novo autódromo, que a justiça já decidiu por isso, que a CBA tem que fazer valer seus direitos etc etc etc.

Cacete, se acredita nisso tudo, porque cargas d’água deixou destruírem o autódromo? Ah tá, precisava aparecer de alguma maneira, está fora da mídia há muito tempo…

Bom, reza a lenda que um novo complexo será construído, de acordo com todas as exigências da FIA, e que permitirá ao Rio receber, novamente, a fórmula 1. E já dizem até que a pista será em Deodoro. E aqui há dois detalhes.

O primeiro é a distância do Centro e da zona sul, pontos de concentração de turistas. Vale lembrar que, no mundo inteiro, os autódromos não ficam em locais centrais, por várias razões, entre elas o barulho e o trânsito do público. E, pensando em Jacarepaguá, quando surgiu a primeira pista (na época das fotos em preto e branco) e mesmo quando foi construído o autódromo que recebeu a F1, aquele cantão não era (até hoje não é) muito habitado. Ou seja, por esse aspecto, Deodoro não seria um problema.

Mas aí, resolvi abrir o Google Maps e… Onde ficará o tal autódromo? Vão destruir a Vila Militar? Ou colocarão abaixo o Campo dos Afonsos? Vão desfazer o bairro e transferir sei lá quantas mil famílias para sei lá onde? Porque não há espaço!!! Dêem uma olhada na imagem abaixo. Estão tentando enganar quem?

Deodoro

Enfim, para todos aqueles que gostam de automobilismo, fica o recado: nunca mais teremos um autódromo no Rio, eis o primeiro legado combinado do Pan com as Olimpíadas. Gostaria muito de estar errado, torço mesmo para isso. Mas até que os primeiros carros partam para o primeiro treino de classificação da primeira corrida, o novo autódromo carioca não passa de ficção.

Vruuuuuuummmmmmm

Eu adoro corridas de automóveis! E o termo ‘automóveis’ cabe bem, pois hoje vou falar de carros especiais, bem nascidos, com DNA. Vocês já conhecem a GT3 Brasil?

slide1Pois a categoria nasceu no ano passado e trouxe carros de verdade para correr por aqui. Se há algo trágico nessa história é imaginar que só temos um autódromo de nível (Interlagos), um ‘bem mais ou menos’ (Curitiba) e um monte de “super kartódromos”.

slide2Infelizmente e apesar de boa tradição, do jeito que estão hoje não posso considerar pistas como Tarumã, Londrina, Campo Grande e Brasília como autódromos de verdade. Pra completar, o nosso alcaide destruiu um dos melhores autódromos do mundo para fazer o Pan do Nuzman.

slide3Carros

Já há algum tempo que o automobilismo brasileiro vive à míngua, com a extinção dos campeonatos de fórmula e sobrevivendo apenas da Stock e da Truck. Até que…

slide4

Vipers, Ferraris, Lamborghinis e Porsches apareceram por aqui. O campeonato do ano passado começou em agosto e teve onze carros e cinco rodadas duplas. Um bom esquenta que deu muito certo. Tanto que em 2008 teremos 23 carros de 19 equipes (por enquanto). De quebra, já temos a confirmação de dois novos modelos: Ford GT e Aston Martin.

slide5Regulamento

Além de carros novos, calendário novo. Em 2008, o campeonato começa em abril e termina em novembro, com nove rodadas duplas: Curitiba (3), Interlagos (2), Tarumã, Santa Cruz do Sul, Argentina e Uruguai. Cada evento terá duas corridas de uma hora de duração com parada obrigatória nos boxes para troca de pilotos (cada carro tem dois pilotos), sempre entre os minutos 23 e 37.

slide6A saída do Brasil no final da temporada prevê a tentativa de transformar a categoria em sul-americana. A idéia é boa e o regulamento técnico permite o intercâmbio internacional.

slide7As máquinas

Treze modelos são homologados pela FIA para os campeonatos de GT3. Isso significa que qualquer carro GT3, de qualquer lugar do mundo, tem condições técnicas de correr qualquer campeonato. Sem contar a possibilidade de participar de grandes eventos, como Le Mans.

slide8O bom é que, ao contrário dos chassis tubulares e bolhas de fibra da Stock – vendida como a ‘melhor categoria do Brasil e entre as melhores do mundo’ -, na GT3 os carros são de verdade.

slide9Os carros são os seguintes (no Brasil, correrão os grifados): Aston Martin DBR S9, Audi R8, Corvette Z06, Dodge Viper, Ferrari 430, Ford GT, Jaguar XKR, Lamborghini Gallardo, Maserati Gran Sport, Morgan, Ford Mustang, Porsche 997 e BMW Alpina B6 S Coupé (a partir de 2008). As fotos de todos (versão urbana e corrida, exceto BMW) estão espalhadas ao longo do post, em ordem alfabética.

slide10Pilotos

Outra atração do campeonato serão (alguns) pilotos: Alceu Feldman, Thiago Marques, Valdeno Brito, Xandy Negrão, Andreas Mattheis, Daniel Serra, Walter Derani e Giuliano Losacco (atuais ou ex-Stock Car); os potugueses José Nelson Graça e Mario Silva; Ricardo Rosset, Roberto Pupo Moreno e Nélson Piquet (ex-F1).

grandepiquetsportsÉ isso mesmo. Depois de encaminhar a carreira do filho Nelson Ângelo, hoje na Fórmula 1, o tricampeão resolveu voltar a competir e, naturalmente, se divertir. Vai correr ao lado do piloto de muitas categorias e velejador Eduardo Souza Ramos em um Ford GT. Quer dizer, mesmo que tudo não fosse tão promissor, valeria a pena acompanhar as corridas só pra ver O cara em ação.

slide11O que precisa

Na verdade, a GT3 não é exatamente a primeira categoria de carros de verdade no Brasil. Antes dela, e ainda funcionando, já existiam a Copa Porsche e o Troféu Maserati. Os problemas das duas categorias (e agora da GT3) são os seguintes: quantidade + qualidade de pilotos (a GT3 até que está bem, mas na Porsche o Otávio Mesquita anda na frente…) e a falta de público.

slide12Os dois podem ser resolvidos com comunicação bem feita. É inadimissível que as corridas aconteçam com arquibancadas vazias e as transmissões sejam, na verdade, VTs em horários estranhos. Há que se investir e muito. Com mais comunicação, mais público e mais e melhores pilotos serão atraídos naturalmente. De quebra, poderiam pensar em um calendário único. Imaginem poder ir ao autódromo para um dia de programação completa das três categorias, com quatro ou cinco provas…

slide13Mais informações