Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Eu não gostaria de votar no PT. Não votei no PT no primeiro turno. Não voto no PT desde 2004. Por tudo o que sabemos. Mas essa eleição não é mais sobre o PT. Nem sobre o PSDB, PDT, PSOL, MDB, DEM, PROS, REDE, PV ou qualquer um dos mais de 30 partidos (mais de 30 partidos!!!). Essa eleição não é mais sobre ideologias. Essa eleição se transformou num plebiscito sobre em que ambiente se quer viver. Sobre se vamos viver em um ambiente de diálogos ou de força. Sobre se vamos viver em um ambiente democrático (com todos os benefícios e malefícios possíveis) ou não. Se vamos viver em um ambiente humanista e diverso ou não.
Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Não vou listar aqui todas as suas declarações, desde sempre, em vídeos, áudios ou textos. Todo mundo já conhece.
Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Porque acredito no direito de todos, cada um, dizer o que pensa e viver da forma como desejar. E arcar com as consequências de suas decisões, estejam elas – as consequências – nas leis ou nas regras construídas em cada grupo social onde se integra.
Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Porque, apesar de ter no meu pai o melhor companheiro que poderia imaginar, cresci rodeado de mulheres e me tornei o homem que sou hoje graças a elas. E é nelas que confio para melhorar tudo o que ainda falta em mim.
Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Porque tenho filhas e enteada. E o futuro que eu desejo para elas – e para todas, por óbvio – é um futuro seguro, livre e igualitário. Um futuro em que elas tenham sobre si o poder real de decidirem o que querem fazer da vida, nos seus relacionamentos pessoais e profissionais. Em que elas possam dizer sim ou não, sem sofrer nenhum tipo de ameaça. Em que elas sejam reconhecidas por suas competências e pelo amor que têm a distribuir. Em que elas não sejam julgadas e subjugadas por serem mulheres.
Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Porque sou bisneto da Vovó Mulatinha, neto da D. Helósia, filho do Paulo e pai da Isabel. Todos nós, negros. Mesmo que um ou outro tenhamos a pele clara. Porque Helena, minha mais velha, é amiga da Julia que é negra. Porque minha enteada loura dos olhos claros é aluna da Carol, que é negra. Porque o vovô Pedro das minhas filhas é negro e nordestino. Porque um dos melhores amigos do meu pai é o Carlos Alberto, o Negão, que desde quando eu era criança no seu colo me fazia gargalhar só por abrir seu lindo sorriso. E porque todas essas misturas não deveriam ter peso em qualquer julgamento ou classificação. Porque, simples assim, somos todos gente.
Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Porque não sou gay. Mas tenho um primo gay, tenho amigos e amigas gays, tenho colegas de trabalho gays. Também tenho amigos e amigas bi. E provavelmente alguns pansexuais. E tenho amigos que têm filhos e filhas gay. E já tenho amigos que têm netos gays. E sabem o que isso importa na minha ou na sua vida? Nada. Mas todos eles, amigos, amigas, colegas, pais e avôs, sofrem muito. Não pela sua orientação, mas pelo medo que sentem diuturnamente da violência e do preconceito que pairam sobre eles.
Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Porque vivi mais de 20 anos na igreja católica, em movimentos da pastoral da juventude. E nesses anos todos, conheci um sujeito chamado Jesus, que morreu por um julgamento preconceituoso. Que morreu depois de ser torturado. Que defendeu e valorizou as mulheres sempre. Que passou a vida falando de amor e lutando contra qualquer tipo de preconceito e injustiça. Porque nesses anos todos, houve momentos duros como quando virei as costas a uma paróquia depois de uma discussão com um padre sobre liberdade. Porque nesses anos todos, em outra paróquia, com um padre (que por acaso era negro), tive as melhores e mais profundas conversas sobre a mensagem de amor daquele tal Jesus.
Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Porque, já há quase 20 anos, sou da Umbanda. E isso, tudo o que isso significa, já é autoexplicativo.
Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Porque o estado deve ser laico. Porque aborto, laqueaduras, vasectomias e consumo de drogas são temas de saúde pública e de direitos individuais, nunca de polícia, violência, bala ou tutela do estado.
Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Porque me formei jornalista, já fui ator (muito) amador, porque faço e amo música, porque escrevo. Porque gosto de arte e a arte precisa ser livre. E porque sem a liberdade para se expressar e criar e romper padrões e quebrar paradigmas e expor tabus, não se pode dizer que se leva uma vida livre e em paz.
Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Porque ele está cagando para o meio ambiente e isso é um problema do tamanho do nosso futuro. Porque sustentabilidade não é uma palavrinha descolada em um power point bem construído. É algo muito sério e sobre o quê ele fala com escárnio e desprezo.
Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Porque eu estudei Moral e Cívica na escola, mas aprendi o que é moral, civismo e civilidade dentro da minha casa. Porque meu avô foi da Marinha e meu pai foi do Exército. E nenhum dos dois jamais compactuará ou compactuaria com o que esse sujeito prega e representa.
Jamais votarei em Jair Messias Bolsonaro.
Porque é uma questão de princípios e valores.