FlaFlu

Boa brincadeira do GloboEsporte.com, mais uma das ações em torno do centenário do FlaFlu. O problema é que faltaram opções em algumas posições, especialmente goleiro e volante (Andrade é o único disponível na lista).

Então, aí está a imagem do “meu Flamengo de todos os tempos” possível. Se pudesse, trocaria Raul por Garcia e Andrade por Dequinha. E ainda colocaria o Carlinhos como uma das oções de volante.

É claro que se fôssemos pensar com carinho, a lista oferecida dobraria com facilidade. Mesmo sem voltar muito no tempo, basta dizer que só nas laterais faltaram Jorginho e Leonardo. Então, o melhor mesmo é parar por aqui.

Não me dei ao trabalho de falar sobre o Flamengo neste ano, com o que temos aí não dá vontade mesmo. Mas o FlaFlu é, sem dúvida, o jogo da minha vida. Principalmente por ter um pai tricolor e ter passado infância e adolescência na década de 80, não poderia mesmo ser diferente (quem não sabe do que estou falando, pesquise um pouco sobre os times e os jogos da época).

No confronto, há uma pequena curiosidade. Apesar da larga freguesia, o Flu venceu alguns jogos simbólicos: o primeiro jogo, o primeiro jogo no Maracanã e a primeira final entre os dois, entre outros. Mas sou capaz de apostar que, neste domingo, em que pese a história e o time mais que mequetrefe do Flamengo, vamos vencer. E dou um gol de vantagem.

Desde 1959

De pé: Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gylmar e Mauro. Agachados: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.

De pé: Lima, Zito, Dalmo, Calvet, Gylmar e Mauro. Agachados: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.

E o Robertão e a Taça Brasil, agora, são Campeonatos Brasileiros. Não, não vou ficar de picuinha porque – com essa decisão – o Rio-São Paulo ganhou valor de Brasileiro. Sejamos razoáveis, naquele tempo só existia futebol de verdade nas duas pontas da Dutra.

Mas essa decisão traz algumas curiosidades. Primeiro é preciso entender que a decisão da CBF foi pela equiparação e não pelo reconhecimento. Afinal, os títulos dos dois torneios sempre foram reconhecidos, a eles sempre foi dada a importância devida. O que muda é que, a partir de hoje, Taça Brasil e Robertão valem como Brasileirão.

Com isso, além de passarmos a ter um pentacampeão brasileiro legítimo (Santos de 61 a 65), temos dois octacampeões brasileiros: Palmeiras e o próprio Santos.

Aliás, para a torcida arco-íris que não se conformava pelo fato do Flamengo ter conquistado dois cariocas no mesmo ano (1979), vai fazer o quê? Arrancar as calças pela cabeça? Pois o Palmeiras, com essa decisão, passou a ser bicampeão brasileiro no mesmo ano (1967). E 1968, que passou a ter dois campeões brasileiros: Botafogo (Taça Brasil) e Santos (Robertão)?

Botafogo, que agora é bi e tem Mané e companhia limitada reconhecidos, assim como o Cruzeiro e o time histórico de Tostão e Dirceu Lopes.

O Atlético Mineiro perdeu o posto de primeiro campeão brasileiro (1971) para o Bahia (1959), que agora é bi. Andrade e Zinho deixam de ostentar o orgulho de conquistar o título mais vezes como jogadores (cinco), honra que passa a ser de Pelé, Melgálvio e Coutinho (1961-65 e 1968), sempre pelo Santos.

E agora, a torcida pode gritar a plenos pulmões e com razão, ao contrário de alguns dias atrás, que o Fluminense é tricampeão brasileiro. Parabéns.

Agora, a CBF podia aproveitar o embalo e resolver a cagalhopança que seu presidente e vice, Octávio Pinto Guimarães e Nabi Abi Chedid, fizeram ao lado de Eurico Miranda em 1987.

Há que se ter…

Ando tentando não falar e, de certa forma, até não pensar em Flamengo. É que tenho uma tendência a ser meio que profeta do apocalipse e a situação do time não é nada boa. Aliás, depois de tantos jogos sem vencer, ter em Kleberson o herói de um empate que quase foi vitória… Tá feio mesmo.

O que é estranho. Porque se olharmos para o time, jogador a jogador, dá pra ver que apesar do Val Baiano, não era pra estar como está. O time não é pior que a média dos outros times do campeonato. Mas alguma coisa não está encaixando.

Que a preparação física é um problema sério, é óbvio. O time anda em campo, já no primeiro tempo. E com uma média de idade alta mais um monte de gente que chegou muito fora de forma, não pode mesmo dar certo. Mas não é só isso.

Antes era o Rogério. Com sua completa inaptidão para ser técnico de futebol, foi – aos poucos – destruindo o pouco que sobrou do time deixado pelo Andrade. Que se na mão do tromba já andava rateando, com o ex-zagueiro foi pro saco.

Aí chegou o Silas, precisando lidar com um monte de reforços (?) fora de forma e mal ambientados.

Bom, ainda acho que o Flamengo é incaível, se é que a palavra existe. Como disse, o time não é tão ruim assim. Mas há que se mudar o espírito, o clima, a sorte etc etc etc. Há, resumindo, que se honrar o manto que se veste. E como diria um amigo muito delicado, para isso “há que se ter colhões”

Andrade

Não sei se todo mundo viu a entrevista dele ao Esporte Espetacular de domingo. Eu vi e fiquei chocado. Tirando a parte em que chega levantar o tema do racismo, todo o resto só serviu para se diminuir, se rebaixar mesmo. Não entendi como é que ele foi se prestar ao papel. De quebra, uma vergonha descobrir que o Flamengo ainda deve dinheiro pra ele, entre algum salário e prêmios do Brasileirão.

A gente sabe, correm as notícias de que a gestão de Patrícia Amorim e, de quebra, Zico tem enfrentado muitos problemas e bombardeios internos, mas há coisas que não se pode deixar acontecer. Porque se não bastasse toda a história do Andrade no clube como jogador, ele foi o técnico que levou o time a sair da fila de 17 anos do título nacional. Pombas, há que se ter vergonha na cara!!!

Mas apesar de não ter gostado nada da entrevista, do modo e do clima com que foi feita, parece que ajudou a melhorar alguma coisa. Notícia de hoje, o tromba está negociando com o Ipatinga (MG), com a ajuda de Nei Franco, o fundador da república do pão de queijo da Gávea, de quem foi assistente. Tomara que dê certo. O time um pouquinho pior que horroroso é lanterna da série B e não tem grandes expectativas. Seria uma boa maneira de começar uma carreira independente de qualquer vínculo com o Flamengo. Se salvar do rebaixamento, ótimo. Se não, tudo bem. Terá voltado para o mercado, batendo cabeça como qualquer técnico em início de carreira. Boa sorte ao nosso eterno camisa 6.

Vida que segue

Na verdade, aconteceu o que era previsto. Depois de entregar a rapadura dentro de casa, depender de um jogo especial, de uma noite inspirada, não é algo em que se possa confiar. E o que me deixa puto nem é a eliminação, ganhar e perder faz parte do jogo. O que me deixa puto é saber que se os caras tivessem jogado no Maracanã com a metade da vontade de ontem, estaríamos classificados sem sofrimento algum.

O time do Flamengo não é ruim. Pelo contrário, o elenco rubro-negro está entre os melhores do país. Mas há tanta coisa errada no clube que, se pensarmos bem, as coisas não poderiam dar certo mesmo. Desde uma autosuficiência irritante, quase um salto alto, até todas as confusões do Adriano, passando pela falta de pulso do Andrade, a permissividade do Marcos Braz, a demissão de toda a cúpula do futebol, a manutenção de Isaías Tinoco (que não serve pra nada) e a falta de um vice de futebol (já faz um mês que o cargo está vazio) capaz de organizar a bagunça.

Se o Flamengo estivesse jogando, desde o início do ano, com metade da vontade que mostrou ontem, teríamos conquistado o carioquinha, nadado de braçadas na primeira fase da Libertadores e, claro, tudo seria diferente. Poderíamos ser eliminados da mesma maneira, mas não teríamos a sensação de bancamos os bobos.

Apesar de tudo isso, eu realmente acreditava que voltaríamos do Chile classificados. Por todas as questões emocionais que envolveram o time nos últimos dez dias, desde a não convocação óbvia de Adriano até a provocação desnecessária do técnico adversário. E se olharmos apenas para o jogo de ontem, 2 a 1 foi muito pouco. Mas o ‘quase’ de ontem foi apenas a cereja do bolo, apenas o enfeite que faltava para encerrar o semestre perdido.

No final das contas, temos uma geração (Leo Moura, Bruno, Juan, Angelim, Toró e outros menos cotados) que estão entrando para a história do clube por algumas conquistas e pelas oportunidades perdidas e inúmeros vexames dentro de casa. Libertadores foram três, além de uma Copa do Brasil e outras competições menos votadas. Mesmo assim, ainda terão uma nova chance depois da Copa do Mundo. O Flamengo está na Sulamericana que, a partir deste ano, dá ao campeão a vaga na Libertadores do ano seguinte. E, claro, há o Brasileiro

Outra história que marcará esse time é a queda do Império do Amor, mais um ataque de grife que passou pela Gávea e não conquistou nada. Injustiça com Vagner Love, que sempre entrou em campo para honrar a camisa, correndo como louco e se entregando sempre, mesmo quando jogava mal. Sobre Adriano… Não adianta, nunca gostei dele e acho que ele não faz bem a clube nenhum. Mas hoje ele é jogador do meu time e isso me incomoda.

O que se espera é que Patrícia Amorim tome as devidas providências para que o ano inteiro não vá por água abaixo.

E o que acontece daqui pra frente? Seremos zoados por alguns dias por toda a torcida arco-íris, teremos cinco jogos pelo Brasileiro antes da parada para a Copa. Se tudo acontecer dentro do normal, vamos perder os próximos dois ou três, com o time abalado pela eliminação. Perderemos alguns jogadores para o segundo semestre, outros serão contratados e vida que segue.

O manto, será sempre sagrado. Eu, sempre (e cada vez mais) rubro-negro. E a turma da torcida arco-íris seguirá sendo mais feliz pelos pequenos tropeços do Flamengo do que por suas efêmeras conquistas.

Uma besta bestial

Detesto essa história de que, pra ser bom, tem que ser sofrido. Mas parece que o Flamengo é a encarnação, a prova cabal da assertiva.

A leitura do jogo de ontem era simples, básica. Precisando ganhar por dois gols, o Corinthians sufocaria o Flamengo e, assim, nos daria espaço para o contra-ataque. Ou seja, o Flamengo precisaria entrar em campo preparado para uma blitz alvi-negra, ,com um meio campo capaz de manter a posse de bola e tocá-la com qualidade suficiente para aproveitar as poucas chances que poderiam surgir.

E o que fez o a até ontem técnico interino e agora efetivo Rogério Gonçalves? Entrou em campo com três volantes e Vinícius Pacheco como único armador. Sabendo-se que o rapaz corre muito, mas só acerta dois passes por ano, estava sob a responsabilidade dos nossos laterais a criação do time.

Resumindo: quase entregou o jogo.

Além da escalação errada, jogadores – no primeiro tempo – pareciam estar atuando em uma pelada de final de ano, regada a chopes e acepipes. Estático, lento, desconcentrado, nem aí para o mundo…

Com dois a zero ao fim dos primeiros 45 minutos, o Flamengo só precisava de um gol. E vocês não tem noção de como eu xinguei o Rogério quando ele tirou Vinícius para colocar Kleberson. Porra, precisando fazer gol ele resolve jogar com quatro volantes?

Mas entrou aí o ‘fator Chicabon’ (“O sujeito, quando não tem sorte, é atropelado na calçada chupando um chicabon”- Nelson Rodrigues). É claro que o filho de Kleber é melhor que Pacheco, mas alguém esperava que na sua primeira jogada ele colocasse Vagner Love na cara do gol?

Da besta ao bestial em quatro minutos.

Com o gol e alguém em campo capaz de segurar ritmo do jogo, o time mudou. E como o Corinthians precisava de mais um gol, mas já não tinha o mesmo gás (jogou e correu muito no primeiro tempo), os espaços estavam abertos voltaram a aparecer e o Flamengo começou a perder gols, vários na cara do gol.

Mas tinha que ser sofrido (Por quê, por quê???).

Não fizemos e quase levamos. Aos 46, o Bruno tirou a bola praticamente de dentro do gol, em linda cobrança de falta de Chicão. E estamos nas quartas.

A melhor parte dessa vitória, pelo menos até aqui, é ver que a imprensa está fazendo seu carnaval tradicional, mas time e torcida continuam no clima de Andrade: no sapatinho. Como diria Zagalo, ainda faltam seis jogos. E todo mundo sabe que, pra chegar lá, vamos ter muita carne de pescoço pela frente.

P.S.: Enquanto vou mordendo a língua por ter sido contra a contratação de Love, ele segue jogando demais desde que estreiou. Mesmo quando não está em um bom dia, se entrega completamente, correndo sem parar e lutando até fim. Em compensação, Adriano continua como um poste e sem poder de decisão em jogos como o de ontem.

Boladas

Tenho tentado não pensar em futebol nos últimos dias, claro, graças ao papel pífio que o Flamengo tem feito nos últimos tempos. Mas o fato é que, mesmo sem merecer, começamos a disputar amanhã a segunda fase da Libertadores, em um embate que a emissora oficial está tratando como o encontro das nações, ou algo assim. Então aproveito o clássico como pretexto para fazer algumas observações sobre o violento esporte bretão.

Fla

– Depois de toda a confusão que culminou nas demissões de Andrade e Marcos Braz, o clube está momentaneamente sem vice de futebol, ainda somos obrigados a aturar o Isaías Tinoco e, interinamente, Rogério Lourenço será o técnico do time. Bom zagueiro criado no clube, conquistou – entre outras coisas – o Brasileirão de 92. Trabalhou nas divisões de base do Flamengo e, nos últimos tempos, era um dos assistentes do Tromba. Não acho que seja técnico para o Flamengo, mas se tiver sorte e passar pelo Corínthians, pode ser efetivado. Se acontecer, é bom colocarmos as barbas de molho, porque Rogério conseguiu ser vice-campeão mundial de juniores com o melhor time da competição.

– Como diz o Octavio, não está na hora de Zico parar de falar e começar a ajudar de verdade não? Assume o negócio Galo, é só dizer que quer, a presidente já abriu as portas.

Fla X Corinthians

– É um clássico e, como tal, independente de momentos e campanhas anteriores, não há favorito.

– Em tese, além do bom momento, paulistas saem na frente. Têm um padrão bem definido e sabe fazer o jogo correr, toca bem a bola. Diferente do clube carioca que tem prescindido de uma armação bem feita (e o Pet está no banco…) e acaba vivendo de contra-ataques ou fazendo ligações diretas.

– Em tese, apesar das turbulências, cariocas saem na frente. Têm um elenco melhor, que pode até mudar o time completamente durante o jogo, de acordo com as circunstâncias. O problema é que começou mal, com a escalação de três volantes. O responsável pela armação será o Michael. E ele vai ter que fazer mágica…

– Rogério ressuscitou Rômulo e o colocou ao lado de Williams e Maldonado. Em boa forma, o garoto é muito melhor que Toró (segundo o Jefferson, eu não lembro do moleque). Para mim, isso não é vantagem, qualquer um é melhor que Toró. Minha preocupação, além da presença de um cabeça de área sem ritmo, é a ausência de gente criativa no meio campo. Jogando em casa e precisando fazer resultado para administrar na segunda partida, não consigo compreender a escalação.

– Sempre que se enfrentam em um grande jogo, surgem novas pesquisas sobre o número de torcedores de cada clube. A última, do Datafolha, mostrou uma diferença de apenas 3% entre Fla e Corinthians, configurando um empate técnico A melhor resposta para isso está aqui.

– Outro amigo, o baiano Elmo, fez a seguinte declaração: “é na hora do sufoco, quando menos se espera, que os grandes times como Bahia e Flamengo nos surpreendem”. Não sei se rolo de rir ou se ajoelho a rezar para que esteja certo.

– É pouco provável, mas não estranharei se o time do Flamengo entrar em campo comendo a bola e acabar ganhando bem para dedicar a vitória ao Andrade. E com o Maracanã lotado, tudo é possível.

Flu

– Muricy arrumou confusão no Palmeiras porque a Traffic queria e conseguia escalar o time. E veio para o Fluminense, que tem uma relação ainda mais íntima com a Unimed. Tudo bem que ele quer experimentar o mercado carioca, variar um pouco, mas alguém acha que isso vai dar certo de verdade?

Dunga e Seleção

– Ainda falta uma meia dúzia de 15 ou 20 dias para a convocação final da seleção. E está todo mundo fazendo pressão para se convocar esse ou aquele. Especialmente Ganso e Neymar. Dificilmente acontecerá e, no fundo, todo mundo sabe disso. Torço, sinceramente, para que o Ganso seja levado, é bola demais e uma baita opção para o meio campo da seleção.

– Neymar também é bola, não sou louco, mas ainda é muito presepeiro. Diferente do meio campo, ainda há opções para o ataque

– Mesmo que tenhamos alguma novidade, não será nada radical. Vamos à copa com um time em que vários jogadores são reservas em seus clubes, mas que fazem parte da ‘Família Dunga’, modelo herdado de Felipão e inflado pelo fracasso de 2006. Ou seja, vamos ter que aturar os josués, julios batista, elanos e felipes melo da vida. Além disso, como o Rica Perrone lembrou muito bem, Dunga está nos dando exatamente o que pedimos depois da última copa.

– Concordo com Zico, Roberto Carlos ainda é o melhor lateral esquerdo do país. E apesar da cena do meião, não foi o culpado (pelo menos não foi o único) do fiasco alemão (ainda acho estranho ser o quinto melhor do mundo e dizer que isso é um fiasco).

Para salvar o ano

Como já contei aí embaixo, não vi o jogo. Apaguei e acordei aos 43 do segundo tempo. Ainda vi duas ou três chances de empate do Flamengo. A essa altura, claro que já vi os gols e pênalti perdido por Adriano.

É claro que nem posso tentar analisar o jogo, mas seria bom fazer algumas observações sobre o que está acontecendo com o time. E não é de hoje.

Sobre o resultado, parabéns ao Botafogo. Título vencido, título a ser muito comemorado. Afinal, já virou tradição que o clube da estrela solitária só ganha jogo decisivo do Flamengo de 21 em 21 anos. Mas é bom tomar cuidado, pois quem nunca vê melado, quando come se lambuza. E isso pode fazer mal.

Já tinha dito aqui que o Flamengo corria o sério risco de um vexame na Libertadores. Pois bem, estamos a caminho. E se o Botafogo, mesmo sendo um time mequetrefe, é muito melhor que as universidades chilenas, a derrota de ontem era previsível.

Outra questão que já havia levantado era a capacidade de Adriano decidir as coisas. Como assim, a estrela do time, o cara, o imperador, perder pênalti em final de campeonato porque bateu fraco, um sujeito que é reconhecido mundialmente por sua bomba de canhota?

Em resumo: desde o início do ano Andrade está acometido por uma diarréia mental e não consegue escalar bem o time; os jogadores estão nitidamente enfastiados, salvo raras exceções; brigas entre jogadores; qualquer problema interno vaza para a imprensa. Poderia continuar elencando problemas aqui, mas o tempo é curto para a quantidade. E presidente, vice de futebol, gerentes e supervisores não tomam qualquer providência sobre as cagadas feitas no departamento de futebol.

Verdade seja dita, Vagner Love – entre muito poucos – tem feito o que dele se espera. Gols, muitos, e se dedicado ao time. Eu que já reclamei muito dele, retiro o que disse.

O Flamengo está a um passo de jogar o primeiro semestre fora. Então, faltando três semanas para a estréia no Brasileirão, faço uma sugestão para tentar salvar o ano. Independente do resultado de quarta-feira (Flamengo X Caracas), classificando-se ou não para a próxima fase do torneio continental, o time deveria ser internado em um centro de futebol qualquer bem longe do Rio, para fazer uma espécie de nova pré-temporada, com espaço e tempo para se preparar devidamente no campo e na academia, além de convivência  suficiente para resolver problemas internos.

E é bom descobrir logo quem é o alcagüete safado que fala o que não deve por aí. Há que se expurgar sujeitos assim.

Clichês

Bola de um lado, goleiro do outro. Love marca de pênalti o gol que decidiu o jogo. / Foto: Pedro Kirilos - Lance!

Virou clichê há muito tempo. Tanto que não consegui descobrir o autor da frase. Mas vira e mexe ela é usada e, em regra, cai bem na maioria das vezes. “O futebol é apenas a coisa mais importante entre as coisas desimportantes dessa vida”. Digo isso porque não se pode esquecer o que aconteceu no Rio na última semana, da quantidade de mortes e de mais uma prova cabal do descaso geral que os caras que foram escolhidos para cuidar de nós, pessoas e cidades, têm por tudo o que é importante.

Mas é também é impossível deixar passar em branco um Flamengo e Vasco. Porque o Flamengo é o que há de mais importante na coisa mais importante entre as coisas desimportantes dessa vida.

Mais um jogo decisivo entre os maiores rivais da cidade e mais um clichê: vitória rubro-negra. Há trocentos anos e milhares de jogos que o time da colina não sabe o que é sair por cima em uma decisão contra o Flamengo. E não podemos esquecer que a cada vitória conquistada, mais perto estamos de uma derrota. Afinal, não há time imbatível e tabu que não se quebre. E é por isso que cada vitória deve ser muito comemorada.

Mas o fato de ter vencido de novo não pode esconder mais uma atuação ruim e mais uma escalação enganada do Andrade. E nesse ritmo, o Flamengo corre o risco de pagar um belíssimo vexame na Libertadores. Então é muito bom que o Tromba abra seu olho.

Os vascaínos vão chorar até o ano que vem, afinal houve um erro de arbitragem muito sério. Mas no pênalti não marcado no final do jogo, a transmissão mostrou que o juizinho estava encoberto e não tinha como ver a mão na bola de Williams. O problema é que havia um árbitro auxiliar atrás do gol, de frente para o lance. Se ele não pode interferir, avisando o juiz, o que estava fazendo ali?

Outro lance duvidoso, na verdade, só é duvidoso para os adversários. O pênalti em Leo Moura foi claríssimo. De mais a mais, problemas de arbitragem a parte, o Vasco só teve duas chances claras de gol, uma convertida e outra na trave. Então, me desculpem, vão chorar para suas negas.

Domingo que vem decidimos o turno contra o Botafogo. Se ganharmos, disputamos o inédito tetra. Se não, os mulambos de camisa listrada serão campeões direto, pois levaram a Guanabara. E aí serei obrigado a perguntar para os mais velhos se, discussões sobre justiça à parte, já tivemos no Rio um campeão estadual com um time tão ruim quanto o atual da estrela solitária.

2ª edição (14h30)

Terminei o post falando sobre a possibilidade do Botafogo ser campeão porque sinto cheiro de merda no ar. E descobri que não sou o único. Conversando na hora do almoço com alguns amigos, chegamos à conclusão de que – a continuar no ritmo que está -, o Flamengo corre a passos largos para jogar fora o primeiro semestre deste ano. Com seu Joel inspirado, a chance do time de General Severiano levar o caneco é enorme. Como é gigante a chance de sair da Libertadores na primeira fase.

Figas, pés de coelho, trevos e ferraduras por todos os bolsos e muitas velas acesas. Só não sei se serão suficientes.

A reconquista da América

O Flamengo recomeça hoje, contra o Universidad Católica do Chile, no Maracanã, a luta pelo título continental. É claro que vou torcer como louco e acho que temos time para conseguir o campeonato. Mas ando encafifado com um detalhe: o ataque rubro-negro.

Na lista de 25 jogadores inscritos para o torneio, Andrade escalou apenas três atacantes: Adriano, Wagner Love e Bruno Mezenga. O Tromba explicou que, caso seja necessário, Vinícius Pacheco pode ser improvisado na posição. Mas não vejo nisso um grande problema, inclusive porque os outros atacantes do clube, Denis ‘Luluzinha’ Marques e Gil (quem????) não acrescentariam nada. Também não estou ligando muito para a fase ruim da defesa, isso se arruma fácil. Minha preocupação é justamente sobre os astros da companhia.

Estou com essa pulga atrás da orelha desde o final do ano passado. Adriano foi artilheiro do Brasileirão e, isso é indiscutível, fez diferença na conquista do Hexa. Mas alguém se deu conta de que, nos jogos decisivos, na reta final, ele não viu a cor da bola? Alguém vai lembrar da bolha do calcanhar e aí eu vou lembrar que essa história foi muito mal contada. Tanto que, quando se apresentou para a pré-temporada 2010, a queimadura ainda estava aberta.

Aí, começa o carioca, e brilha o Império do Amor. Love e o Imperador. E alguém reparou que no jogo mais importante, a semi-final, os dois foram absolutamente inoperantes, inclusive perdendo gols incríveis?

Pois é, meu medo nessa Libertadores não é o time, o grupo ou o risco de não se classificar para a segunda fase. Estou com os dois pés atrás justamente sobre a fase mata-mata, a partir das quartas de final. Será que nossos ‘craques’ conseguirão resolver os jogos? Ou, pelo menos, chamar a responsabilidade?

Espero que sim. Pois saímos da fila de 17 anos no Brasil, mas ainda falta compensar os 29 anos sem o título continental. Eu era criança e lembro de muito pouca coisa além de alguns lances da final.

Reminiscências

Tive infância e adolescência das mais agradáveis, vividas entre o final dos anos 70 e o início dos 90. Joguei bola na rua, bolinha de gude, soltei pipa e papagaio, futebol de botão, andava de bicicleta em volta do quarteirão, joguei Atari e Odissey, Detetive e War. Freqüentei os cines América, Carioca e Art Tijuca, comprando ingresso antes das 3 da tarde para pagar apenas 10 dinheiros da época (sinceramente, não lembro se era Cruzeiro ou Cruzado, novo ou velho), contra os 20 do horário normal. A economia era gasta no Bob’s.

Rádio Fluminense (a maldita), Paralamas do Sucesso, Mamute, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Robin Hood, Os Titãs do Iê-iê-iê (assim que escreve?), Rock n’ Rio, Blitz, Alternativa Nativa, Barão Vermelho (com e sem Cazuza), Hollywood Rock etc etc etc.

O urso Misha chorando em Moscou, Carl Lewis e Joaquim Cruz, Bernard e sua jornada nas estrelas no Maracanazinho, Piquet tricampeão, tragédia do Sarriá, Magic Johnson e Larry Bird.

E o Maracanã.

Fui apresentado ao maior do mundo pelo meu pai. Tricolor. Não lembro quantos anos eu tinha exatamente, seis ou sete, quando fui ao estádio pela primeira vez. O Flamengo ainda não era campeão brasileiro e, num tempo em que quase todos os grandes clubes tinham grandes times, não eram raros os jogos com mais de cem mil pessoas. E meu pai se preocupou em começar a me levar em jogos ‘menores’, com pouco apelo de público, para que eu me acostumasse com o negócio. Na minha primeira visita, América 3, Inter 0.

Aos poucos, foi me levando aos jogos maiores. E como um bom pai, tentou me fazer torcer pelo seu time. E se é verdade que há fotos em que estou vestido com camisa do Fluminense ao lado da minha Monareta (quem não lembra, descubra no Google), não lembro de grandes reclamações quando cheguei em casa e disse que meu time, a partir de então, era o Flamengo.

Pelo contrário. Não foram poucas as vezes que me levou ao Maracanã para ver os jogos do Mengão. Como não foram poucas as vezes que lhe acompanhei aos jogos do Fluminense. E, assim, aprendi que ir ao Maracanã era bom, mesmo que não fosse para torcer pelo meu time.

E entre tantas e tantas lembranças, duas são guardadas com carinho especial: numa quarta à noite, um jogo que não valia muita coisa, em um início de campeonato, fomos parar na arquibancada para ver o Flamengo ganhar do Vasco por 2 a 0, seguindo sua lógica de que devia me acostumar com os grandes jogos aos poucos. Foi um dos primeiros clássicos que assisti.

Em 1984, Flamengo e Fluminense estavam nas quartas de final do Brasileirão e poderiam se enfrentar na semifinal. Bastava que um e outro passassem por Corinthians e Coritiba, respectivamente. Sistema mata-mata, o primeiro jogo do Fla foi no Maracanã e, da arquibancada à esquerda das cabines de rádio, vimos a vitória por 2 a 0. Em Curitiba, o Flu empatou em 2 a 2. Tudo bem encaminhado.

No domingo, início de maio, retribuí a companhia e voltamos para o Maracanã. Enquanto víamos o Fluminense construir sua goleada de cinco a zero, acompanhávamos o jogo do Morumbi pelo placar eletrônico. Quando o Corinthians fez 2 a 0, “calma que ainda falta muito, só precisa de um gol”. Que saiu e “não falei que ia dar tudo certo?”. Enfim, o jogo em São Paulo terminou 4 a 1 e, ao perder a chance de ver o Flamengo campeão brasileiro da arquibancada pela primeira vez, lembro da sua mão na minha cabeça e um “não chora, ano que vem tem outro campeonato” ou algo parecido.

No último domingo, fui ao Maracanã e lembrei do meu pai. Que, como eu, não tem mais paciência graças às filas, violência e ao futebol chinfrim que se assiste com uma freqüência enervante. Lembrei do meu pai ao ver a enorme quantidade de pais e filhos que foram ao “maior e mais bonito estádio do mundo”, em um dia que o futebol foi uma festa, dia de arquibancada cheia mas sem confusão, como quando íamos juntos. Dia de homenagem ao Washington, metade do Casal 20 que deu ao Flu aquele brasileiro de 84. Dia de Zico, Junior, Andrade, Adílio, Nunes e Tita, que formaram no maior time de todos os tempos e me fizeram apaixonar pela camisa vermelha e preta.

Lembrei do meu pai que, sem eu me dar conta, usou o Maracanã para minha primeira aula sobre democracia e uma das muitas sobre respeito, ao comemorar um gol abraçado a quem está ao seu lado não importando quem é, ao bater palmas para um lindo lance não importando a camisa que se veste.

Lembrei do meu pai, porque foi um dia como aqueles em que íamos ao Maracanã mesmo que nossos times não estivessem jogando, porque valia a pena estar juntos para ver futebol. Porque futebol bem jogado é bom de ver, não importando a idade de quem assiste ou, como no domingo, de quem joga.