Presidente(a)

O programa foi gravado ontem e transmitido hoje pela manhã. Nossa presidenta Dilma Rousseff visitou Ana Maria Braga e me dei ao trabalho de assistir alguns trechos. Dilma, inclusive, anda num momento TV. Também foi entrevistada, em pleno Palácio da Alvorada por Hebe Camargo, para o programa de estréia da ‘graxinha’ pela Rede TV, no dia 15 de março.

Mas ao que interessa. Não é por acaso que essas entrevistas exclusivas foram dadas às duas apresentadoras de maior alcance popular no Brasil, especialmente entre as mulheres. Entre as pérolas de hoje, por exemplo, ela continua batendo na tecla de que é a primeira mulher eleita para o mais alto cargo do país e que isso é extremamente importante etc etc etc.

Neste caso, o que me incomoda é o simbolismo para o qual ela chega a apelar, por exemplo, quando explica que exige ser chamada de presidenta (as duas formas estão corretas, é bom que se diga) para mostra que a mulher finalmente chegou lá, que a mulher pode isso, que a mulher pode aquilo. Matutando sobre o tema, justamente para mostrar que o preconceito não deve existir, que o que vale é a competência, que não pode fazer diferença se é homem ou mulher, que o sucesso da mulher precisa ser encarado de forma natural, ela não deveria parar de explorar o tema? Pois me parece que, da forma como trata o assunto, ela acaba fortalecendo os problemas ou até criando uma espécie de preconceito ao contrário.

Por exemplo, não consigo entender por que é necessária uma delegacia especializada no atendimento à mulher ou uma lei que trate especificamente da agressão à mulher. Pombas, agressão é crime. Não importa contra quem. Porque quanto mais tratamento diferenciado, seja lá a quem for, mais preconceito e violência se cria. Sem contar que, segundo me consta, se somos todos iguais perante as leis (está na Constituição!!!), todos esses arranjos seriam inconstitucionais. Não entendo nada de direito, antes que os advogados me crucifiquem, mas é que enquanto não conseguirmos tratar todos como os iguais que somos, não estaremos cumprindo a nossa bendita (e vilipendiada) Carta Magna.

Outra resposta de Dilma que me chamou atenção, foi à pergunta feita por Maitê Proença, algo como ‘qual é o lado ruim de ser presidente?’ Para nossa nova presidente é não poder andar nas ruas como antes, não estar em contato com o povo ou imagem semelhante que tentou passar.

Pois, do fundo do meu coração, da minha santa ingenuidade, achava que o lado ruim de ser presidente era ter a consciência, a frustração por saber que nunca vai conseguir resolver todos os problemas do mesmo povo que ela gostava de encontrar nas ruas (como se antes de ocupar o Planalto ela fosse simpática a ponto de passear por aí, nas grandes cidades ou no interior, conversando com a ‘gente simples desse nosso grande país’).

Mas é melhor deixar pra lá, tudo isso deve ser só implicância minha, devo ter acordado de mau humor.