O sonho de Ratzinger
O papa Ratzinger teve um sonho: entrava em seu papamóvel que na verdade era um Mustang GT 68 e percorria a Europa dirigindo a toda velocidade. Cruzava o Atlântico em um cargueiro – com o Mustang no porão do navio, claro – e continuaria sua jornada pela América do Norte cruzando os EUA de costa a costa. Comendo hambúrgueres gordurosos, tomando cerveja local e ouvindo rock. Quando acordou estava sentado na Capela Sistina olhando as obras de Michelangelo.
– Que saco! – pensou ele.
Então Ratzinger convocou uma reunião com a alta cúpula vaticana e explicou que estava de saco cheio. Queria sair e fazer o que tinha sonhado.
– Não dá!
– Impossível!
– Inimaginável!
– Sem chances!
– Du caralho! – disse alguém escondido nas sombras e que – prudentemente – não se apresentou.Ratzinger, então, retornou a seus aposentos e trancou a porta e lá ficou por horas, dias, semanas, meses… Quando saiu reuniu a cúpula novamente e mandou na lata.
– Estou saindo, vou abdicar do papado. Estou renunciando.
– Mas, Sua Santidade não pode!
– Quem disse?
– Bem, não tem nenhuma citação nos livros, mas…
– Mas, nada. Eu estou de saída. Fui.E foi. Não se sabe para onde.
A discussão teve lugar por dias, uns alegavam que a vacância de poder tinha de ser breve. Outros que deveriam tentar convencer o alemão a voltar. E havia aqueles que já pensavam no próprio nome para o lugar do demissionário.
– O que diremos aos fiéis? – perguntou o representante dos uns.
– Sei lá… Temos que pensar. –falou um dos outros.
– Algo precisa ser feito. E rápido. – ponderou um daqueles.
– No momento só me ocorre mudar a senha do twiter papal. – ninguém viu quem disse isto.
– Como? – perguntaram todos.
– Claro, vai que o alemão fica no microblog cornetando tudo que o próximo papa fizer?E todos concordam balançando afirmativamente a cabeça.
O silêncio pesava na Capela Sistina quando Ratzinger volta com uma expressão cansada;
– Diga que voltou atrás em sua decisão. Voltou?
– Não, continuo com minha renuncia.
– Mas por que voltou?
– Não consegui o Mustang… Disseram que estou velho demais para pegar um carro veloz e sair dirigindo… E o que decidiram?
– Vamos dizer aos fiéis que está cansado e com problemas de saúde. Se opõe?
– Não… Fique a vontade.
– Poderá morar em um dos apartamentos da Santa Sé.
– Tudo bem…
– E vamos trocar a senha do twiter.
– Aí não…
Já existem várias teorias sobre o porquê da renúncia do papa. E essa aí em cima só não é tão verossímel quanto as outras porque nenhum alemão – conhecidos que são pelo seu nacionalismo exacerbado – optaria por um Mustang em detrimento de Mercedes, BMW ou Audi.
Uma das boas possibilidades foi apontada por Bruno Gouveia, o vocalista do Biquíni Cavadão, em um texto no Facebook. Ana Claudia Guimarães publicou o trecho que interessa no Blog da Coluna, do Ancelmo Gois.
Chegaram pro Bento e disseram: “seu ibope tá dando traço. Só tem dois jeitos da gente substituir você, ô sangue Bento. Uma opção é a renuncia. A outra é quando o papa morre…”
A escolha, claro, teria sido simples.
Outra teoria seria absolutamente política. Com problemas de saúde mesmo, o velho alemão teria decidido renunciar e, assim, poder articular firmemente a sua sucessão, garantindo a escolha de um papa conservador, mais jovem e com mais carisma, que pudesse continuar o trabalho iniciado por João Paulo II.
Mais uma, essa a escolhida de minha digníssima consorte, agradaria mais aos tablóides ingleses. A cúpula do Vaticano, tutte buona gente, chegou ao ouvido do Bento e avisou que há um monte de novos escândalos prontos para estourar. A chance de preservar a Santa Madre Igreja seria sua renúncia.
Por fim, um artigo do argentino radicado na França, Eduardo Febbro, e publicado em Carta Maior meio que junta as duas últimas idéias. Vale a leitura.
No fim das contas, nunca saberemos realmente o que motivou Ratzinger a largar o osso.
Por hora, papa novo ou velho à parte, estou mesmo curioso pra saber onde é que vão enviar os dois milhões de pessoas (ou mais) previstos para a Jornada Mundial da Juventude em Guaratiba. É zona rural, como podem ver abaixo, sem estrutura mesmo. Se todo mundo conseguir chegar lá (porque transporte é só um dos problemas), Woodstock é pinto perto do que vai acontecer.