Entre o Tejo e a Guanabara

Criei uma espécie de cisma com o fado. Provavelmente porque minha mãe, quando eu ainda era pouco mais que uma criança com meus 12 ou 14 anos, cismava em ouvir Amália Rodrigues em bom volume sempre que eu queria ver alguma coisa na TV ou ouvir outra coisa qualquer mais afeita à minha idade. E sujeito turrão e ranzinza que me tornei, se peguei cisma…

Até que bem pouco tempo atrás, por culpa da Mari, comecei a ouvir algumas coisas. E nada como o tempo. Conheci António dos Santos, voltei a ouvir Amália, descobri Kátia Guerreiro e Pedro Moutinho. Cheguei ao ponto de comprar CD do gênero.

E tudo isso começou porque um dia, no carro, não lembro se ainda namorados ou já casados, Mari me apresentou Carlos do Carmo.

Canoas do Tejo

Canoa de vela erguida,
Que vens do Cais da Ribeira,
Gaivota, que andas perdida,
Sem encontrar companheira
O vento sopra nas fragas,
O Sol parece um morango,
E o Tejo baila com as vagas
A ensaiar um fandango

Canoa,
Conheces bem
Quando há norte pela proa,
Quantas docas tem Lisboa,
E as muralhas que ela tem
Canoa,
Por onde vais?
Se algum barco te abalroa,
Nunca mais voltas ao cais,
Nunca, nunca, nunca mais

Canoa de vela panda,
Que vens da boca da barra,
E trazes na aragem branda
Gemidos de uma guitarra
Teu arrais prendeu a vela,
E se adormeceu, deixa-lo
Agora muita cautela,
Não vá o mar acordá-lo

Frederico de Brito

Quem quiser ouvir a canção, basta clicar aqui.

E esse post serve para tentar amenizar a saudade que ando do Picareta e para mandar um abraço apertado ao José Carlos, um bom patrício a quem devo uma visita.