Crônica de sexta-feira (19)

Carnaval

FantasiasVocês conseguem pensar em um momento mais brasileiro que o carnaval? Calor de verão, alegria, feriados (por tradição e religião), eventos ao ar livre (em sua grande maioria), sambas, fantasias e, principalmente, a ‘coisa’ mais brasileira que existe: gente das mais diversas raças, cores, culturas, classes sociais, idades, sexos e suas variáveis, todas com o objetivo de se divertir. Infelizmente uns poucos estão preparados para outras coisas, mas não vamos, pelo menos hoje, destacar pontos negativos do período momesco que tanto aprendemos a gostar.

Penso realmente que o carnaval é uma das mais fiéis definições da brasilidade e fico muito feliz quando vejo, leio ou ouço que os blocos de rua estão se organizando, os sons automotivos estão sendo proibidos em muitas cidades no interior, o festival de marchinhas no Rio de Janeiro é um sucesso, os desfiles de escolas de samba continuam como grandes destaques turísticos e culturais, e a sociedade ainda fica cada vez mais alerta aos abusos.

Deve e tem que ser assim. Esse período de descanso e isolamento para alguns, e muita agitação para outros, não pode ser caracterizado por coisas desagradáveis. E cabe a cada um de nós fazer a sua parte, esperando que as outras partes também cumpram as suas obrigações, ainda que isso possa parecer pura fantasia.

E por falar em fantasia, eu – que adoro vestir uma e sair por aí – dou minha contribuição aos leitores que talvez ainda estejam em dúvida sobre o que vestir neste carnaval. Seguem dicas para algumas fantasias inéditas e espetaculares, podem acreditar:

Engov (ou Engove, como queiram)
Vista um lençol meio amarelado/prateado, com umas pinceladas de azul, e carregue uma placa de papelão, onde se leia: Já tomou? Não? Então tome!

Homem bomba
Deixe a barba crescer, vista uma túnica, calce chinelos franciscanos, enrole tubos de papelão imitando dinamites e cole-os num grande cinto ao redor do seu corpo. Mas não se esqueça de identificar cada uma das bombas, de um modo que todos possam ler seus nomes: paz; amor; lixo na lixeira; chocolate; se beber, só de táxi; mulher do outro… É do outro (o mesmo para as moças, por favor); endereço e telefone (nessa você coloca uma cópia da identidade e comprovante de endereço, só por segurança). Diga que vai explodir as bombas durante todo o ano de 2014.

Rede social
Enrole-se numa rede de dormir pequena, fácil de carregar, nada daquelas pernambucanas, enormes. Escreva ‘social’ numa faixa e a coloque na cabeça. E você estará pronto para milhares de contatos. Pode ter também uma folhinha de papel pregada no peito: ‘é só clicar aqui’.

Apagão
Vista uma roupa inteiramente negra, até a cueca ou calcinha. Pinte o seu rosto de preto, transforme-se num verdadeiro breu ambulante. Carregue uma lanterna com o recurso de luz intermitente, só pra chamar um pouco mais de atenção.

Por último, nosso gran finale, a fantasia que fará o maior sucesso. No seu carnaval e no dos outros:

Ingresso da Copa do Mundo no Brasil
Vista uma roupa que você usaria pra ver um jogo de futebol e carregue uma bola que possa parecer a oficial do torneio. Armazene comida e bebida para todo o período, tranque a porta e feche as cortinas de todas as janelas de sua casa e… Pronto!!! Não saia nem ouse aparecer nas janelas até as 12h de quarta-feira de cinzas. Não atenda o telefone, não use a internet, não responda se alguém te procurar. Você não existe, é peça de ficção científica, é só uma imaginação de alguns torcedores.

E um bom carnaval a todos.

Rodrigo Faria

E a trilha sonora? Clique aqui. Um clássico e tantinho de liberdade poética sobre o Brasil de hoje e de amanhã.